As decepções do Campeonato Brasileiro 2016
Ex-campeões, ex-artilheiros, ex-jogadores de seleção… A lista de decepções foi grande nesse Brasileirão, mas escolhemos aqui aqueles que realmente ficaram devendo
Dagoberto, atacante, Vitória
Cinco vezes campeão brasileiro (2001, 2007, 2008, 2013 e 2014), Dagoberto começou o Brasileirão como titular do Vitória. Aos 33 anos e sem mostrar a mesma velocidade e o repertório de dribles, o atacante pouco fez pelo clube nos 17 jogos que disputou. E pela primeira vez passou em branco, sem marcar gol. Acabou dispensado pelo clube na virada do segundo turno.
Denílson, volante, Cruzeiro
Contratado por empréstimo do Al-Wahda, dos Emirados Árabes, o volante Denílson, ex-São Paulo e Arsenal, de 28 anos, chegou ao Cruzeiro no mês de julho. Demorou para entrar em forma e só fez três partidas pelo clube antes de ser dispensado. Jogou 5 minutos na partida contra o Santa Cruz, mais 10 minutos no clássico contra o Galo (1 x 1) e foi titular contra o Vitória.
Elano, meia, Santos
Em sua quarta passagem pelo Santos, o meia Elano, que fez 35 anos em junho, pouco rendeu. No Brasileirão, disputou apenas seis partidas e ainda foi expulso infantilmente na derrota para o Sport (1 x 0), na Ilha do Retiro, depois de entrar no segundo tempo e ficar apenas 18 minutos em campo. Antes da penúltima rodada, o jogador anunciou sua aposentadoria.
Nico López, atacante, Internacional
Um dos destaques da última Libertadores, quando atuou pelo Nacional-URU e foi carrasco de Palmeiras e Corinthians, o rápido e goleador atacante uruguaio Nico López foi disputado por alguns clubes, como o São Paulo, mas acabou acertando com o Inter até 2020. No Brasileirão, porém, pouco fez. Foram 11 jogos (sete como titular) e nenhum gol.
Lugano, zagueiro, São Paulo
Em dezembro do ano passado, na despedida de Rogério Ceni, o zagueiro Lugano foi ovacionado pela torcida, que pediu sua volta ao clube. O uruguaio, então com 35 anos, atendeu ao chamado e chegou como velho ídolo. Mas, em campo, não conseguiu entrar num ritmo competitivo e virou banco. No Brasileirão, disputou 13 jogos (o time perdeu sete) e levou seis cartões amarelos e um vermelho.
Gustavo, atacante, Corinthians
Com problemas em seu ataque, o Corinthians tentou buscar na Série B a solução para a falta de gols na equipe. Assim, tirou do Criciúma o centroavante Gustavo, então artilheiro da Segundona com 11 gols, pagando 4 milhões de reais por 45% do seu passe. Pelo Corinthians, “Gustagol”, de 22 anos, participou de apenas nove jogos, não fez gol nenhum e virou reserva.
Emerson, atacante, Flamengo
Campeão brasileiro por quatro vezes nos pontos corridos (2009, 2010, 2011 e 2015), Sheik, aos 38 anos, nem de longe lembrou o jogador brigador, eficiente e capaz de desequilibrar em algumas partidas. Lento, foi reserva durante quase todo o Brasileirão, disputou somente dez partidas, sendo apenas duas como titular, e não fez um golzinho sequer.
Carlos Eduardo, meia, Atlético-MG
Aos 28 anos, o ex-jogador do Grêmio, Flamengo e Rubin Kazan, da Rússia, foi contratado pelo Galo no início do Brasileirão por um período de dois anos. O meia, que chegou disposto a reerguer seu futebol, jogou apenas dez partidas em todo o Brasileiro – quatro como titular – e não marcou gol, desagradando os técnicos Diego Aguirre e Marcelo Oliveira e a torcida do Galo.
Bernardo, atacante, Coritiba
Revelado pelo Cruzeiro, em 2009, o meia Bernardo já rodou por Goiás, Vasco, Santos, Palmeiras, Ceará e Ulsan Hyundai-COR até chegar ao Coritiba, no início do Brasileiro. Com apenas 26 anos, era tido como uma das esperanças do time para o campeonato. Mas ele não vingou. Fez apenas cinco jogos e nem mesmo com o cabelo loiro mostrou algo bom para a torcida.
Danilinho, atacante, Fluminense
Ex-Atlético Mineiro e futebol mexicano, o meia Danilinho chegou como uma boa opção para o técnico Levir Culpi no meio do ano. Aos 29 anos, o jogador demorou para adquirir ritmo de jogo, entrando em apenas alguns jogos no segundo tempo (seis). Foi titular somente em três partidas e certamente passou despercebido por muitos torcedores do tricolor carioca.
A torcida colorada experimentou algo que jamais pensou viver: o rebaixamento. O desafio, agora, será reerguer o Gigante da Beira-Rio – por Álvaro Almeida
O ano de 2016 terminou da pior maneira, mas felizmente terminou. Nós, colorados, vivemos uma lenta e miserável agonia, especialmente, no segundo semestre. Apesar de todos os sinais que repetidamente recebemos, jamais acreditamos que pudéssemos realmente cair para a Segunda Divisão. Afinal, um clube grande precisa trabalhar muito (e pessimamente) para que isso aconteça. É preciso vencer apenas 11 partidas em 38 rodadas – e apenas duas fora de casa. É necessário perder 17 jogos, quase um turno inteiro! Em tempo: sou de uma época em que o Inter perdia seis ou sete partidas em um ano inteiro.
Como conseguir essa proeza? Não é simples. Deve-se contratar quatro técnicos em um único ano, um pior que o outro. Primeiro, começamos o ano com Argel, um técnico que ao final de cada partida comentava um jogo que só ele havia visto. Maquiavélico, nosso rival nos entregou um título gaúcho praticamente ganho para que levássemos o mundo imaginário de Argel para o início do Brasileiro. Quando o encanto do treinador se quebrou, o pensamento mágico da direção colorada criou o técnico Paulo Roberto Falcão. Foram necessárias apenas cinco partidas para que ficasse claro que ninguém seria iludido pela presença de Falcão à beira do gramado. Foi então que pensaram num truque mais ousado: contratar Celso Roth. Sim, o mesmo que havia rebaixado o Vasco no ano anterior e responsável pelo, até então, maior vexame da história do Inter, a eliminação para o africano Mazembe, no Mundial de 2010.
Roth teve 16 jogos para afastar o fantasma do rebaixamento e entregou o Inter em situação dramática para o louco Lisca tentar um milagre nas três últimas rodadas. Não tinha mesmo como dar certo. Não tinha como conseguir sem um presidente inspirador, o que não é o caso do patético Vitório Pífero. Não tinha como dar certo sem um ídolo carismático em campo, como foram Fernandão e D’Alessandro nos últimos anos gloriosos. Não tinha como dar certo com jogadores de segunda linha como Paulão, Alan Costa, Gefferson, Arthur, Fabinho, Fernando Bob, Anselmo, Eduardo Henrique, Gustavo Ferrareis, Andrigo, Aylon, Ariel, entre outros. Não tinha como dar certo com jogadores mais experientes e sem força moral ou física, como Ceará, Alex e Anderson.
A torcida já deu sua primeira demonstração de indignação no sábado, véspera do jogo decisivo contra o Fluminense, ao eleger a oposição por acachapantes 94,7% dos votos. O que nos resta agora é usar a passagem pela Segunda Divisão para reconstruir o Inter
Um clube que recupere o respeito dentro e fora do campo. Que faça jus a todos os craques que já vi com nossa camisa vermelha: Manga, Benítez, Taffarel, Clemer, Alisson, Danilo Fernandes, Cláudio, Figueroa, Marinho Peres, Mauro Galvão, Pinga, Aloísio, Gamarra, Lúcio, Vacaria, Jorge Wagner, Kléber, Caçapava, Carpegiani, Falcão, Batista, Dunga, Tinga, Guiñazú, Aránguiz, Rubén Paz, Fernandão, D’Alessandro, Oscar, Fred, Lucas Lima, Valdomiro, Jair, Maurício, Fabiano, Taison, Flávio, Dario, Escurinho, Nílson, Christian, Nilmar, Pato, Luís Adriano, Iarley, Sóbis, Damião, Lula e Mario Sergio.
Queremos o velho Inter de novo. O Inter que amamos combina talento e raça – não se entrega como no confronto derradeiro contra o Fluminense. Joga, e sempre jogou, em um Beira-Rio de gramado impecável, onde a bola rola sem solavancos à disposição do talento e do bom futebol. O Inter que amamos prefere atacar no segundo tempo para o lado da curva sul do estádio, na mesma direção do gol iluminado de Figueroa, da tabelinha de cabeça de Falcão e Escurinho, do gol de Tinga na ajeitada de Fernandão. É ali que, com o braço direito erguido e em movimento ritmado para a frente, entoamos nossa música amuleto, que sacamos nos momentos-chave de cada partida, numa tácita sinalização da torcida para os jogadores: “Inter, estaremos contigo / Tu és minha paixão / Não importa o que digam / Sempre estarei contigo…”.
Álvaro Almeidaé jornalista e torcedor colorado