As 11 razões para o título Alviverde no Brasileiro
Muito além da sorte, o Palmeiras apresentou um futebol consistente, fruto de um bom trabalho dentro e fora das quatro linhas
1 – ELENCO FORTE
Não é exagero afirmar que o Palmeiras tinha, no banco de reservas, uma boa opção de jogador para cada posição. Ao olhar a foto de Dudu, ao lado, comemorando com os suplentes do time, podemos imaginar que eles seriam titulares na maioria dos clubes que disputaram o Brasileirão 2016. Se, no começo, parte dos torcedores e da imprensa chamavam o elenco do Palmeiras de inchado, com os resultados, a denominação passou a ser “elenco forte”.
Com um campeonato disputado, além das demais competições, como a Copa do Brasil, somado ao risco de contusões, suspensões e convocações (casos de Gabriel Jesus e Mina), trabalhar com um elenco enxuto, ou focado demais nos titulares, parece tornar impossível a manutenção de regularidade.
Outro importante ponto foi que um elenco de qualidade deu condições ao técnico Cuca de transformar o modo de jogar durante várias partidas. Se o primeiro tempo acabava com o time sem criatividade, com dificuldades em passar a bola da defesa ao ataque, a solução era fácil: colocar Cleiton Xavier. Fazendo isso, tornava-se o meio-campo mais criativo. Outro bom exemplo eram as laterais. Pela esquerda, se o veteraníssimo Zé Roberto saía, entrava o experiente Egídio, bicampeão brasileiro pelo Cruzeiro (2013 e 2014). Pela direita, se Jean fosse um problema ou ausência, além da possibilidade de deslocar Tchê Tchê para a posição, entrava Fabiano. Aliás, foi dele o gol que garantiu o título alviverde contra a Chapecoense.
Na zaga, a estabilidade foi garantida pelas boas atuações do reservas Thiago Martins e Edu Dracena, que atuaram em jogos importantes e mantiveram a firmeza do setor. Sem contar Jailson, a opção para a ausência de Prass, que se contundiu enquanto servia a seleção olímpica. Com as falhas do reserva imediato, Vagner, bateu um certo desespero na torcida. Afinal, quem era o reserva do reserva? Era Jailson, um dos heróis o título palmeirense.
2 – CRAQUE ACIMA DA MÉDIA
Dá para imaginar um time campeão sem ao menos um craque? Dá, claro, a história apresenta vários exemplos. Mas é muito mais legal ir ao estádio ver um craque jogar. É ou não é? A torcida palmeirense, a primeira a acreditar em Gabriel Jesus e pedir sua titularidade desde os tempos do técnico Gareca, teve esse privilégio. Se bem que foi por pouco tempo. As belíssimas atuações, seu futebol vertical, de habilidade e uma leveza desconcertante, o levaram à seleção brasileira e aos olhos do mundo. Gabriel Jesus foi contratado pelo rico Manchester City, da Inglaterra, comandado por Pep Guardiola, um fã confesso do futebol arte brasileiro. Futebol que agora, palmeirenses ou não, veremos somente pela televisão.
Cuca mostrou uma autoconfiança impressionante, afirmando, antes de o campeonato começar, que o Palmeiras seria campeão. Ex-jogador do clube, em 1992, não era um craque, mas era muito dedicado. Como técnico, mostrou ser um trabalhador. Sua equipe tinha padrão de jogo, era compacta, com muitos recursos de ataque e contra-ataque e jogadas ensaiadas. A força do jogo aéreo ajudou a apelidar seu estilo de “Cucabol” — mas do que ele gosta mesmo é de ser chamado de “campeão”.
Se há um acerto na história recente do Palmeiras, ele se chama Allianz Parque. A moderna casa alviverde virou uma armadilha difícil de escapar para os adversários. Neste ano, a média de público em sua casa foi de 32.862 pagantes, com 75% de ocupação. No jogo entre Palmeiras e Chapecoense, que sacramentou o título do Brasileirão, por exemplo, foram 40.986 pagantes, recorde do ano.
Os jogos no Allianz Parque ainda renderam R$ 42.411.618. O ingresso não era barato, mas a torcida apoiava de graça. Com força e amor, fez o enorme estádio virar um alçapão inescapável.
5 – FORÇA VISITANTE
Um dos segredos para um bom desempenho nos pontos corridos é vencer em casa e perder o menor número possível de pontos fora. O Palmeiras entendeu a lógica e faturou nove vitórias, com três empates. Se o começo não foi tão animador, com derrotas para Ponte Preta e São Paulo como visitante, logo virou o jogo e venceu Flamengo (jogando em Brasília), Sport e Internacional.
Na reta final, três vitórias seguidas fora de casa, contra Santa Cruz, América-MG e Figueirense, selaram o caminho do título nacional.
6 – EXPERIÊNCIA
Mesclar jogadores experientes com jovens impetuosos. Foi assim que o Palmeiras compôs seu elenco. No gol havia Prass, que depois foi substituído pelo igualmente experiente Jailson. No meio-campo, a opção de Cleiton Xavier.
Nas laterais, o mais experiente, Zé Roberto, 42 anos, jogava pela esquerda, e na direita havia Jean, com 30 anos. O banco ainda tinha jogadores com experiência suficiente para mudar, segurar ou acalmar um jogo mais difícil.
7 – GESTÃO EFICIENTE
Dentro de campo tudo ia bem, e fora dele, melhor ainda. É quase impossível um time ter tranquilidade para jogar, se nos bastidores houver uma guerra política ou problemas financeiros. Se houve um mérito em Paulo Nobre, foi o de manter as finanças em dia e fazer uma transição política em paz, elegendo como sucessor Maurício Galiotte, na condição de candidato único à presidência do Palmeiras. O bom trabalho foi completado pelo diretor de futebol Alexandre Mattos. Questionado no início do seu esforço pela formação do elenco palmeirense, seu método se comprovou eficiente, como já havia sido no Cruzeiro.
8 – NÃO DESMANCHOU
O ano de 2015 já havia sido bom para o Palmeiras, com a conquista da Copa do Brasil e o direito de disputar a Libertadores, em 2016. Em time que está ganhando não se mexe, ou se mexe pouco, acrescentando alguns bons nomes à base vencedora. Assim foi feito, e os titulares Fernando Prass, Vitor Hugo, Dudu, Zé Roberto, Gabriel Jesus e Cleiton Xavier foram mantidos. Entre os reservas, Alecsandro, Barrios, Rafael Marques, Allione, Arouca, Gabriel Girotto, Thiago Santos, Egídio e João Pedro já compunham o elenco vencedor da temporada passada.
9 – TRANQUILIDADE
Sem pressão. Era essa a sensação que os jogadores do Palmeiras passavam à medida que o campeonato avançava e o time se consolidava como líder. Os adversários esperavam um Palmeiras mais intranquilo na reta final, mas o que se viu foi o contrário.
Boa parte do elenco já havia integrado a equipe campeã da Copa do Brasil, em 2015, o que tirava um peso das costas. Na postura dos jogadores com a imprensa e torcida, o que se via, nos momentos de cobrança, era uma abordagem positiva. O técnico Cuca soube chamar e distribuir responsabilidades.
10 – REGULARIDADE
Das seis derrotas do Palmeiras no campeonato, cinco foram no primeiro turno, enquanto o time ainda achava seu jogo. Ainda assim, apenas uma delas jogando no Allianz Parque. O time encontrou seu ritmo e uma maneira de pressionar seus adversários independentemente do campo. A trajetória da equipe foi marcada pela quase certeza de vitória em casa. Nas rodadas finais, Flamengo, Santos e Atlético-MG apostaram em tropeços do Verdão fora de casa, mas a toada do time não mudou e os pontos vieram.
Cucabol foi o nome que alguns comentaristas usaram para chamar o estilo de jogo do Palmeiras. Pare eles, o técnico Cuca abusava das jogadas aéreas. As bolas alçadas foram, sim, munição importante para os gols do Verdão. O técnico ensaiou muitas jogadas de bola parada. Contava com dois zagueiros, Vitor Hugo e Mina, com ótimo aproveitamento de cabeça (quatro gols cada um). O time marcou 16 gols de cabeça. Moisés era capaz de cobrar laterais jogando a bola na área. Jogo feio ou inteligência para explorar as habilidades de seus jogadores?