Argentina se entusiasma com ‘melhor Messi’ e sonha com fim de jejum
Em busca de seu primeiro título com a seleção adulta, camisa 10 é o artilheiro da competição no Brasil e vem recebendo elogios da imprensa local
A Copa América mais desinteressante dos últimos tempos, preparada de última hora, com gramados ruins e estádios sem torcida em razão da pandemia de Covid-19 ainda descontrolada no Brasil, pode estar sendo palco da melhor versão de Lionel Messi. Ao menos é o que já discute a imprensa argentina, entusiasmada com as atuações do artilheiro da competição com quatro gols (e mais quatro assistências). Aos 34 anos, Messi segue jogando o fino da bola e em busca de um único título com a seleção argentina adulta – desde sua estreia em 2005, o melhor que conseguiu foram três vices da Copa América e outro da Copa do Mundo de 2014, também em solo brasileiro.
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Na semifinal, a Argentina enfrentará a Colômbia, em Brasília, às 22h da próxima terça-feira, 6. A classificação veio com mais um show de Messi, autor de um belo gol de falta e mais duas assistências na vitória por 3 a 0 sobre o Equador. Enquanto não resolve sua situação com o Barcelona (está sem clube no momento), o craque se consolida como o líder de uma renovada geração argentina.
O trabalho do técnico Lionel Scaloni também já começa a dar frutos e, apesar do favoritismo do Brasil, que faz a outra semifinal diante do Peru nesta noite, jornalistas argentinos acreditam que, sob a batuta de Messi, é possível sonhar com o fim de um jejum que já dura 28 anos – o último título foi a Copa América de 1993. Nesta segunda, o Olé, principal diário esportivo do país, estampou a pergunta em sua capa: “o melhor Messi? A fase da seleção e o nível de Leo dão esperanças aos torcedores na Copa América. Repassamos se esta é máxima versão do camisa 10 com a camisa da Argentina, a evolução de seu jogo e sua atitude de protagonista.”
O comprometimento de Messi com a camisa argentina, portanto, não se discute mais. Se no início de carreira o craque era visto como “pecho frio”, expressão portenha para jogadores sem vibração, que se esconde na hora das decisões, e enfrentava críticas por não conseguir desempenhar pela equipe nacional o mesmo que fazia na Catalunha, hoje Messi é visto como um líder incontestável. Maior artilheiro da história do time com 76 gols (está a um de igualar a marca de Pelé pelo Brasil) e recordista de jogos disputados (149), o atleta nascido em Rosário recebeu rasgados elogios dos analistas do Olé.
“O Messi de Scaloni não é igual ao que desfrutaram Sabella e Martino. O que antes definia as jogadas nos últimos metros hoje reparte mais o jogo. E aquele que dividia liderança com os Macheranos, Higuaíns, Lavezzi e Romeros, hoje, aos 34 anos, é o líder e sustentação de uma geração”, escreveu o jornalista Demian Meltzer.
Héctor Enrique, ex-jogador campeão mundial em 1986, disse que “Messi está demonstrando que muitos se equivocaram com ele. Se nota ele mais solto e isso tem um motivo: ele se deu conta de que sua história na seleção está terminando e quer aproveitar cada oportunidade ao máximo. Já não se vê mais distrações se uma jogada dá errado, agora nada lhe tira o foco. Esta versão é espetacular por antes ele abusava de sua velocidade e habilidade e hoje joga sempre em função da equipe, tem um olhar mais coletivo.”
Até mesmo Martín Libermán, um famoso apresentador argentino, conhecido por suas impiedosas críticas a Messi, disse ter “se rendido”. “Me tachavam de anti-Messi. Não, senhores: eu não era anti-Messi, eu estava esperando este Messi de agora. Diante deste Messi, me rendo. Não é ser a favor ou contra cobrar de Messi o que sabíamos que ele podia dar. E hoje estamos vendo isso. Não tem mais aqueles apagões, quando se frustava e ficava olhando para o chão (…) Creio que seja claramente a melhor versão de Messi”, escreveu Libermán.
A consagração do “melhor Messi” pode ocorrer no próximo sábado 10, na decisão no Maracanã, possivelmente em um clássico contra o Brasil. Em sua primeira decisão com a equipe adulta, em 2007, Messi, Riquelme, Tevez e companhia foram derrotados pela seleção brasileira de Dunga por 3 a 0 na Copa América da Venezuela. Chegou a hora da revanche?