Técnico Cuca deixa o São Paulo: ‘Não encaixou’
“Estou pensando mais no clube do que em mim”, afirmou o técnico ao anunciar sua saída depois de uma sequência negativa no Brasileirão
Cuca não é mais o treinador do São Paulo. Contratado em fevereiro pela diretoria do clube paulista após o insucesso da passagem de André Jardine, o treinador de 56 anos deixa o time após 26 jogos e 47,4% de aproveitamento (foram nove vitórias, dez empates e sete derrotas).
A tendência é que Vagner Mancini, atual coordenador técnico, assuma o comando da equipe e possa ficar para a sequência da temporada de 2019. Cuca colocou o cargo a disposição por não conseguir fazer o São Paulo jogar a contento, fato que o treinador já havia explicitado após a derrota para o Goiás na noite desta quarta-feira, no Morumbi.
Ao lado dos dirigentes Raí e Alexandre Pássaro, Cuca concedeu entrevista no centro de treinamento da Barra Funda para explicar sua saída. “Não é em cima de uma partida. Conversei ontem com o Raí e Pássaro e expus hoje a eles o meu pensamento o que tem sido essa sequência de jogos e eles entenderam. Eu não estou pensando em mim, no profissional. Estou pensando mais do São Paulo do que em mim. Quando um técnico sai fala que faltou isso ao aquilo. Para mim não faltou nada”, disse, deixando claro que a relação com a diretoria era boa.
O treinador desejou sorte aos atletas na sequência do ano e lamentou que suas ideias “não encaixaram”. “Não sei dizer ao certo qual o problema. Se eu soubesse, eu falava. Vocês bateram muito no padrão de jogo. Eu queria explicar que todo ser humano tem sua característica, eu tenho a minha. Gosto de marcação na frente, rápida. Não gosto de time que tem morosidade. Às vezes ser mais objetivo e infelizmente meu estilo não combinou. Não é por isso que eles não são bons, eles são ótimos. Mas não encaixou.”
Cuca admitiu chateação ao ser hostilizado pela torcida do São Paulo. “Lógico que estou muito triste, esperei 15 anos para estar aqui de novo. Como vou estar feliz? É a primeira vez em todos os clubes no futebol que eu fui xingado. É a pior coisa que existe, dói demais. Até dei risada de um cara que me chamou de ‘cabelo de boneca’. Dói. Passei duas vezes em Flamengo, Fluminense, Galo, Santos e isso dói demais. A ideia de ir embora lógico que não é só minha. Se perguntar para maior parte da torcida eles também queriam. Às vezes não é ser bom ou ruim. A minha vida vai continuar a amanhã ou depois estarei em outro clube.”
O São Paulo voltou bem após a parada da Copa América, em julho, mas o time caiu de rendimento nas últimas rodadas do Brasileirão. Dos últimos 18 pontos disputados, o time conquistou apenas cinco. Perdeu para Goiás, Internacional e Vasco, empatou contra Grêmio e CSA e venceu apenas o Botafogo nesta caminhada. Nem a contratação de dois pesos pesados do futebol, o lateral-direito Daniel Alves e o lateral espanhol Juanfran, foi suficiente para dar rumo ao time.
O São Paulo tem 35 pontos em 21 partidas e ocupa a sexta colocação na tabela de classificação. Hoje estaria classificado às fases eliminatórias da próxima edição da Copa Libertadores. Na próxima rodada, a 22ª, o time tricolor encara o líder Flamengo, neste sábado, no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.
Desde o começo de 2018 passaram seis pessoas pelo cargo de técnico do São Paulo. Além de Cuca, o time foi comandado por Dorival Júnior, Diego Aguirre, André Jardine e Vagner Mancini, este como interino.