A presença luxuosa das estrangeiras no Troféu Maria Lenk
Húngara Katinka Hosszú foi uma das sensações da competição em São Paulo
“O Brasil está muito acima da Argentina, não há comparações, tanto na importância dada pela imprensa, quanto na estrutura, acompanhamento ao esportista. Ainda falta muito na Argentina”, Julia Sebastian
A 54ª edição do Troféu Maria Lenk – principal competição de natação do Brasil, que retornou a São Paulo após 14 anos – agradou organizadores e público e teve boa dose de incentivo externo: mais uma vez, nadadores estrangeiros aceitaram o desafio de representar equipes brasileiras e deixaram as piscinas do Complexo Aquático do Ibirapuera satisfeitos com seus desempenhos. As mulheres tiveram mais destaque, sobretudo graças à húngara Katinka Hosszú, atual campeã mundial dos 200 m e 400 m medley, que confirmou seu favoritismo e passeou em todas as provas. A dinamarquesa Jeanette Ottesen Gray, a argentina Julia Sebastian e a holandesa Inge Dekker também brilharam no campeonato – além, claro, de encantar o público com charme e simpatia. Elas evidenciaram que a natação feminina do Brasil ainda está muitas braçadas atrás da condição dos homens: enquanto Cesar Cielo, Bruno Fratus e Thiago Pereira alcançaram resultados de relevância mundial, as atletas do feminino continuam com tempos bem abaixo das concorrentes estrangeiras.
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Contratada pelo Corinthians com status de estrela, Katinka Hosszú ficou feliz com o apoio da pequena e barulhenta torcida nas arquibancadas. “O Corinthians me recebeu muito bem, e me sinto parte do time. A torcida gritou por mim. É muito bom saber que tenho fãs aqui no Brasil. Espero voltar novamente antes da Rio-2016, quem sabe no Maria Lenk do ano que vem”, disse a húngara, ofegante após a vitória tranquila nos 400 m medley (terminou em 4min38s81, bem à frente de outra estrangeira, a argentina Florência Perotti, do Grêmio Náutico União, que marcou 4m51s02 e levou a prata). Katinka contou que aceitou o convite pois queria se adaptar ao clima brasileiro, de olho nos Jogos de 2016. Outro reforço internacional do Corinthians, a dinamarquesa Jeanette Gray, também venceu as suas provas – 50 m livre, 100 m borboleta e revezamento 4×100 m livre.
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Mais uma medalhista olímpica a passar pelo Maria Lenk 2014 foi a holandesa Inge Dekker, do Minas Tênis Clube. “Estive aqui outras três vezes e gostei. Da última vez passei férias no Rio e amei. Além disso, na Holanda o tempo não está tão bom no momento.” Vice-campeã nos 100 m borboleta, Dekker disse que o nível do torneio ainda é inferior ao de outros países. “É como no meu país, alguns são nadadores bons, mas a maioria é mediana. Com exceção de países como Austrália e Estados Unidos, que sempre têm atletas muito rápidos, os outros países têm apenas algumas estrelas, como aqui.”
Paraíso – Se campeonatos brasileiros não encantam as europeias, uma das principais atletas sul-americanas do Maria Lenk vê no Brasil boas condições. “Na verdade, o esporte no Brasil está muito acima do da Argentina, não há comparações, tanto na importância dada pela imprensa, quanto na estrutura, acompanhamento ao esportista. Ainda falta muito na Argentina”, diz Julia Sebastian, que disputou o torneio pela quinta vez e dominou as provas de nado peito – faturou o ouro nos 100 m e 200 m. Julia, estrela da Unisanta, revela planos de mudar. “Vivo em Santa Fé (região centro-oeste da Argentina) e venho somente para os campeonatos. Gosto muito daqui, se um dia tiver de sair do meu país, certamente viria para o Brasil, porque me sinto muito cômoda. No nado peito, o Brasil não está tão bem como em outros estilos, mas tem nível bom. E trazer estrangeiros eleva a importância do torneio.”
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Mas a natação brasileira feminina teve alguns motivos para comemorar. Mesmo terminando atrás da dinamarquesa Jeanette Gray, a jovem Graciele Hermann baixou seu tempo e terminou com medalha de prata nos 50 m livres. Etiene Medeiros, Poliana Okimoto, Ana Marcela Cunha e Daynara de Paula também cumpriram as expectativas e seguem como esperanças de bons resultados para a Olimpíada do Rio.