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A noite de sonho da Chapecoense durou apenas 3 minutos

Derrota para o Lanús expôs as fraquezas da equipe, mas mostrou que a torcida e o clube superam a tragédia

Parecia que a quinta-feira não iria chegar nunca. Desde o empate por 0 a 0 contra o Inter de Lages pelo Campeonato Catarinense no último sábado, a expectativa para a primeira partida de Copa Libertadores da América da Chapecoense na Arena Condá era enorme. A Libertadores, um sonho que era tão distante há pouco tempo, se tornava realidade em Chapecó.

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Se a opinião geral para quem vinha de fora era de que a emoção iria tomar conta da torcida nos momentos que antecederiam o jogo, o que se viu no estádio foi muito diferente. Não existem dúvidas, pelas representações de carinho em toda a cidade, de que os jogadores que perderam a vida no voo da LaMia serão lembrados para sempre. Porém, a partir do momento que a Arena foi enchendo, percebia-se que a ideia era seguir em frente; construir uma nova história.

As pessoas saíram de suas casas e foram até a Arena Condá para assistir ao time representar o espírito da cidade catarinense. Era isso e nada mais. A serenidade que os rostos das muitas famílias e crianças presentes não expressava dor ou agonia quando o time entrou no gramado e na hora do hino. Eles vibravam e cantavam para empurrar sua equipe para a vitória, algo comum em todos os estádios.

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A atmosfera na Arena Condá se dividia. No setor Leste, uma banda de fanfarra dava o ritmo e tocava canções conhecidas da música brasileira, com versos de apoio à Chapecoense. A arquibancada Norte tinha a cara da Libertadores. Faixas transversais pintadas em verde e branco, torcidas organizadas reunidas e o som das baterias para empurrar a equipe.

Já no setor Oeste, o mesmo das cabines de imprensa e onde ficam as cadeiras cobertas, estavam os mais pacatos, que não cantavam e só expressavam alguma reação quando a Chape chegava com perigo, ou alguma bola perigosa era cortada pela defesa. Era a típica torcida de cidade pequena acostumada a ver seu clube de coração toda a semana – e não que isso seja algo ruim, só é uma característica comum em diversas praças do país.

A Arena só cantou em uníssono quando Rossi abriu o placar aos 4 minutos do segundo tempo. Nos dois minutos seguintes, todos continuavam em uma só voz a apoiar o time. Mas o empate anotado por Nicolás Aguirre apenas 3 minutos após o gol brasileiro acabou com o clima. Quando o time estava mal, os torcedores pediram mudanças no time. O nome de Apodi era um dos mais ouvidos na arquibancada. A pressão argentina só aumentou e o Lanús virou após pênalti convertido por José Sand antes que o treinador esboçasse reação.

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Não houve nem a tradicional homenagem às 71 vítimas do acidente no minuto 26 do segundo tempo (o minuto 71 do jogo). A Conmebol proibiu o locutor de dar o aviso.

A derrota, que se confirmou após mais um gol do Lanús, marcado por Lautaro Acosta aos 35 minutos, expôs aos 12.484 presentes à arena as fraquezas de um elenco combalido por uma tragédia terrível e que ainda encontra forças para se montar. Depois de tanto sofrimento, a torcida merece viver essas novas emoções de uma Libertadores que não será fácil. Os torcedores sabem que o objetivo do clube não é vencer a competição, mas se reconstruir e se reinventar como clube. Eles esperam que a recuperação da moral da Chapecoense faça a cidade também superar o seu trauma.

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