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A incrível recuperação dos sobreviventes da Chapecoense

Alan Ruschel e Neto já treinam no gramado da Arena Condá, enquanto Jakson Follmann consegue andar com a prótese sem o auxílio de muletas

Acredite, esta não é uma imagem qualquer. Ver três atletas correndo em volta do campo e fazendo exercícios de equilíbrio pode até ser uma cena corriqueira no cotidiano de um clube de futebol. No entanto, quando os retratados são o lateral-esquerdo Alan Ruschel, o zagueiro Neto e o goleiro Jakson Follmann, o momento se torna extraordinário. A força de vontade desses três sobreviventes da Chapecoense, que há três meses e meio estavam a bordo do trágico voo da LaMia, é fora do comum. Tanto que chamou a atenção até de pessoas próximas ao episódio.

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“Quando eu voltei das férias, o pessoal do clube achava que eu voltaria só em setembro, outubro”, conta o lateral-esquerdo Alan Ruschel. “O andamento da recuperação está sendo muito rápido e eu só tenho que agradecer aos fisioterapeutas e médicos, que estão me ajudando e muito”, completa. Marcos Antonio Bilibio, fisioterapeuta da Chapecoense, valoriza a dedicação dos três para explicar a evolução tão veloz. Em relação à fisioterapia, é surpreendente mesmo, pela força de vontade que eles demonstram. Eles estão sempre querendo mais, e a gente tem que segurar um pouquinho, pelo fato de ainda não estarem 100%.

Jakson Follmann é o único dos três que não vai poder seguir como jogador de futebol. Ele teve que amputar parte da perna, abaixo do joelho direito, para sair com vida do hospital na Colômbia. Já Alan Ruschel e Neto permanecem no grupo da Chapecoense. Os dois foram até inscritos pelo clube na Libertadores. O lateral-esquerdo é o mais animado em relação ao retorno aos gramados. Não por menos. Ruschel sofreu uma séria lesão na coluna em decorrência do acidente e, após uma cirurgia, já estava conseguindo andar apenas 12 dias depois. O gaúcho de 27 anos ainda tem limitação de alguns movimentos e, por hora, só foi liberado pelos médicos a dar alguns piques no gramado. Mas ele sabe que o processo é lento, e já sonha em poder atuar pela Chapecoense mais uma vez.

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“Agora eu preciso ganhar músculos. Eu perdi 13 quilos de massa magra. Desses, já recuperei seis. Está indo devagar, mas não tenho pressa. Não coloquei prazo para minha estreia, mas como sou atleta espero estar em campo num futuro muito breve”, afirma. Alan Ruschel tem contrato com o Internacional até o final de 2018 e seu empréstimo com a Chapecoense termina no próximo mês de maio. Ele garante que quer voltar a campo jogando pelo clube que está o ajudando na recuperação. “Seria especial”, resume.

https://www.youtube.com/watch?v=mbbKVTsr0Dc

A recuperação de Neto, apesar de também muito rápida, parece estar sendo mais difícil. “Parece que eu envelheci uns 80 anos. Sinto ainda algumas dores pelo corpo que incomodam, mas comparado a forma como eu estava como eu acordei, já estou muito melhor”, conta o zagueiro de 31 anos. Ele acredita que a recuperação está sendo muito boa e melhor do os médicos e ele próprio esperavam. “O corpo está muito bom. Não é o mesmo de antes, mas as respostas que o corpo vem me dando são respostas boas pra continuar evoluindo”.

Marcos Antonio Bilibio, médico da Chape, pontua a diferença entre a situação dos dois jogadores. O Alan já está um pouco mais avançado e foi liberado para a preparação física nesta quinta-feira. Ele já não é mais da fisioterapia, já passamos adiante. O Neto vai ficar um pouco mais de tempo devido à lesão no joelho. A gente ainda tem que esperar a recuperação desta lesão, o que é um agravante a mais na situação do atleta.

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O zagueiro titular do time em 2016 é mais receoso ao falar de sua volta. Nem mesmo os profissionais do clube querem colocar algum tipo de pressão no jogador para que ele se sinta na obrigação de ter que estar em condições de atuar o mais rápido possível. “Eu pergunto pros médicos, mas eles não me dão a resposta. Eles não querem estipular uma data”, afirma. A expectativa do zagueiro é voltar ainda em 2017. “Creio que este ano eu voltarei a pisar no gramado da Arena e voltarei a ajudar a Chapecoense dentro de campo, que é o mais importante”.

Maturidade surpreendente – Dos três, o mais brincalhão é Jakson Follmann (justamente aquele que teve a carreira definitivamente interrompida pelo acidente). O jovem de 25 anos, completados na última terça-feira, poderia ter entrado em depressão. Mas à beira do gramado só se pode vê-lo sorrindo. “É porque eu estou sempre com a cabeça boa, sempre pensando coisas positivas, então isso está me ajudando bastante”, explica. Quem reforça a atitude positiva de Follmann é o próprio médico do clube. O Jakson Follmann tem a cabeça muito boa, a recuperação dele está sendo excelente, porque ele tem uma capacidade de força e memória muscular muito boa. A recuperação realmente está surpreendendo a todos, diz Bilibio.

O bom humor pôde ser visto no dia do treinamento dos três no gramado da Arena Condá. Jakson Follmann disse que estava com uma cãibra na panturrilha direita e pediu para Alan Ruschel alongá-la, mas era exatamente o local que sofreu a amputação. “Trabalho hoje rendeu tanto que me deu cãibra…”, brincou Follmann em suas redes sociais.

Com essa descontração e alegria, o ex-goleiro do clube quer continuar representando a Chapecoense, mas em outras funções. Ele ainda não sabe o que vai fazer e em qual departamento irá trabalhar, mas espera ajudar no processo de crescimento do clube. “Quero levar a Chape para todo o Brasil e todo mundo. Quero poder contar a história da Chape e a minha história. Eu quero dar total contribuição para todos que estão me apoiando aqui dentro da Chape”.

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