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Em 10 frases, a filosofia de Paulo Sousa, novo técnico do Flamengo

Ex-meia de 51 anos, que acabou de deixar a seleção da Polônia, se diz um "romântico" do futebol, focado na evolução técnica de seus atletas

O português Paulo Sousa está perto de ser anunciado como novo técnico do Flamengo. O acordo ainda não foi oficializado, pois o ex-jogador de 51 anos ainda precisa se desvincular da seleção polonesa, após menos de um ano no cargo, e sob protestos dos dirigentes e jornalistas locais, já que em março a equipe disputará a repescagem europeia para a Copa do Mundo de 2022. Sousa, no entanto, demonstrou enorme entusiasmo em tentar repetir o sucesso do compatriota Jorge Jesus na Gávea e já desperta enorme curiosidade dos torcedores.

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Meio-campista de destaque, com passagens pela seleção portuguesa e por clubes como Benfica, Sporting, Juventus e Borussia Dortmund (pelos dois últimos, conquistou a Liga dos Campeões em 1996 e 1997, respectivamente), ele ainda passou por Inter de Milão, Parma, Panathinaikos, e encerrou sua carreira no Espanyol, em 2002. Apesar de relativamente jovem, Paulo Sousa já dirigiu mais de uma dezenas de equipes. Iniciou a nova carreira em 2005, dirigindo a seleção sub-16 de Portugal. Em 2008, iniciou passagens pela segunda divisão inglesa, por Queens Park Rangers, Swansea e Leicester.

Conquistou seus primeiros título por Videoton FC, atual Fehérvár, da Hungria, Maccabi Tel Aviv, de Israel, e Basel, da Suíça. Em 2015, dirigiu a Fiorentina e levou a equipe toscana à Liga Europa. Em seguida, foi para o Tianjin Quanjian, da China, depois para o Bordeaux, da França, e finalmente para a seleção polonesa, pelo qual disputou a última Eurocopa. Seu currículo, portanto, ainda é pouco conhecido no Brasil, bem como sua filosofia de jogo.

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Para ajudar a compreendê-lo, PLACAR selecionou dez frases de duas entrevistas de Paulo Sousa, uma mais o diário português A Bola, de 2019, e outro mais recente, de um mês atrás, para o podcast britânico The Big Interview with Graham Hunter. Confira, abaixo:

Sousa se aposentou em 2002, atormentado por lesões, logo após a Copa do Mundo da Coreia e do Japão, na qual teve poucas oportunidades. Três anos depois, assumiu o comando da seleção portuguesa sub-16.

Demorei algum tempo para decidir continuar no futebol. Uma das minhas ideias era ficar fora, devido a valores que tenho, mas sem dúvidas o futebol foi e continua a ser muito importante. Me dá a oportunidade de oferecer uma qualidade acima da média a minha família e a mim próprio e de viver emoções que só o futebol pode dar. É a minha paixão, meu grande amor, e ainda sou remunerado por isso”

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Sua primeira experiência profissional foi em 2008, no Queens Park Rangers, então na segunda divisão inglesa, a convite de Flavio Briatore, histórico dirigente da Fómula 1, que na época era o sócio-proprietário da equipe britânica. Sousa admite ter tido problemas com o chefe, que insistia em interferir na sua função.

“É verdade (que Flavio Briatore tentava interferir no meu trabalho), é óbvio, tentou fazer isso comigo e creio que com todos. Comigo ele teve muitas dificuldades, ou seja, não conseguiu. Acabou sendo um batismo extraordinário, não poderia ter sido melhor. Eu tentava explicar os porquês das nossas decisões, pois ele não via o dia a dia e tinha uma perspectiva totalmente diferente do que é o futebol. Mas tenho que lhe agradecer pela oportunidade de treinar minha primeira equipe profissional.

No Basel, da Suíça, em 2014, Sousa causou surpresa no elenco ao estabelecer normas rígidas ligadas a alimentação, sono e ritmo de treinamentos.

“Eu inicialmente procuro me adaptar, conhecer a cultura do clube, da cidade, tanto eu quanto meu estafe vamos nos adaptando e, pouco a pouco, introduzindo situações que me parecem que são importantes para atingir os resultados, com máximo profissionalismo e respeito.”

[abril-olho]”Minha primeira ideia, a base, é ser protagonista do jogo, ter o controle com a bola. Nasci no 4-3-3 como jogador, mas sempre tive uma ideia de ter alas, por exemplo, com características diferentes, que joguem por dentro, com maior mobilidade e capacidade de drible. Gosto de dar velocidade ao jogo. (…) Para ter o maior controle, penso que o início da construção é fundamental, busco sempre ter superioridade e controlar a largura e a profundidade”[/abril-olho]

“O meu grande foco, desde que decidi ser treinador, é o jogador. É analisar bem a qualidade do jogador e poder lhe ajudar a ser melhor jogador e pessoa. O futebol é uma metáfora da vida e isso me faz estar sempre proativo a ajudar os atletas a evoluir”

“O futebol romântico, de protagonismo, é o que ajuda qualquer jogador a evoluir mais. É muito redutor à evolução e à inteligência tática só defender e contra-atacar. Os conceitos defensivos são mais fáceis de adquirir, menos complexos”

 

 

 

[abril-olho]”Na nossa formação educacional de treinador, aprendemos a colocar os jogadores em situações ligadas a emoções e prever situações que vão acontecer no jogo. Criamos exercícios e estabelecemos padrões de jogadas que podem acontecer no jogo, para que isso fique no seu subconsciente. A situação no jogo passa a ser como um déjà-vu. O jogador visualiza melhor as situações e fica mais focado. (…) Eu trabalho muito tecnicamente, é repetição. Observo se o jogador está jogando de cabeça em pé, se o domínio é bom ou não”[/abril-olho]

Como meio-campista, Sousa conquistou a Liga dos Campeões dois anos seguidos, pela Juventus em 1996 e pelo Borussia Dortmund em 1997, e reputa o técnico Ottmar Hitzfeld, da equipe alemã, como uma de suas referências.

“Hitzfeld é um técnico que não esqueço pela forma como ele interagia com os jogadores, delegando responsabilidades, inclusive nas decisões estratégicas. Tínhamos muito impacto no vestiário, mas sem que ele perdesse sua liderança. Ele era muito inteligente, e sua melhor habilidade era a intuição. Fazia as melhores mudanças nas melhores horas, era incrível”

“Sou mais de relações, mas sou muito exigente, e quando temos necessidade de ser intransigentes também temos de ser. Clubes são micro-sociedades e precisamos ter regras para coexistir e conviver bem. Nós líderes temos de reconhecer nossos traços mais fortes e os menos fortes de personalidade. Há traços de liderança ditatorial, que eu não sinto tanto em mim, mas que em certos momentos também são fundamentais. Temos de identificar como e quando usá-los.”

Destaque da seleção polonesa, Robert Lewandowski, do Bayern de Munique, demonstrou insatisfação com a saída do técnico. Em declarações ao portal ‘Interia’, a assessoria de imprensa do capitão do capitão polonês disse que “Robert está chocado e surpreendido com as ações do trenador Sousa”. Em entrevista recente, o português demonstrou ter relação próxima com o craque. 

“Meu primeiro passo com Robert foi fazer ele entender que a frequência com que ele pensa o futebol no clube não é a mesma na seleção. Nos primeiros jogos, o vi muito frustrado, e um jogador com sua qualidade precisa estar feliz. É complexo, ele precisa entender o timing das decisões dos colegas dele, que são diferentes no Bayern, e se adaptar. 

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