Prefeitura do Rio quer que empreiteiras paguem reforma do Engenhão
Comissão constatou que os problemas na estrutura do estádio resultaram de um erro de projeto. Local deve continuar fechado por mais um ano e meio
O problema na estrutura da cobertura do Engenhão é resultado de erro de projeto, afirmou nesta sexta-feira a comissão designada pela prefeitura para analisar todos os laudos técnicos sobre a situação do estádio que está interditado desde o dia 26 de março. A previsão inicial é de que a reforma – que consiste basicamente no reforço dos arcos e da estrutura – se estenda por pelo menos mais um ano e meio. Antes mesmo do valor da obra ser previsto, o jogo de empurra para saber de onde sairá o dinheiro já começou.
Em coletiva na tarde desta sexta, o secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto, voltou a enfatizar que a prefeitura não vai arcar com estes custos. É o mesmo discurso que vem sendo repetido pelo prefeito Eduardo Paes desde que o problema surgiu. “Eu não fiz este estádio. Não quero me eximir das minhas responsabilidades como prefeito, mas as coisas foram feitas nas coxas, correndo, em cima da hora”, afirmou ele, no mês passado. Vale lembrar que o estádio foi construído durante a gestão de seu antecessor, ex-aliado e hoje desafeto declarado, Cesar Maia.
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Segundo Alexandre Pinto, os dois consórcios que construíram o Engenhão serão acionados para pagar a reforma. A construção começou a tomar forma com a Delta, que abandonou o projeto na metade, e a obra acabou sendo repassada para o consórcio Odebrecht e OAS. Na reunião desta tarde, o representante da Odebrecht Marcos Vidigal disse que a empresa espera ser notificada oficialmente para se manifestar, mas argumentou que o consórcio não é responsável pelo projeto. Uma cláusula contratual isenta a empreiteira de responsabilidade em caso de erro de projeto – como é o caso agora.
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Originalmente orçado em 60 milhões de reais, o Estádio Olímpico João Havelange é projeto dos arquitetos Carlos Porto, Gilson Santos, Geraldo Lopes e José Raymundo Ferreira Gomes. A RioUrbe, da Secretaria de Obras do Município, foi a responsável pela fiscalização da construção. Segundo o engenheiro especialista em estruturas metálicas da PUC Sebastião Andrade – que compõe a comissão especial ao lado de Carlos de Campo e Nelson Szilard – confirmou que o estádio corria o risco de desabar antes da interdição. “O sistema está fazendo tudo o que é possível para se manter em pé”, disse enquanto exibia imagens de estruturas metálicas do Engenhão desalinhadas e fora da posição.
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