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‘Nunca desisti de jogar pelo Brasil’, diz goleiro Júlio César

O titular da seleção em 2010 está de volta. Ele tentará, a partir de quarta-feira – no amistoso contra a Inglaterra -, deixar para trás o trauma do último Mundial

“A Copa do Mundo é uma competição com uma pressão muito grande. Em 2010, a gente tinha potencial para ir mais longe”

No dia em que viveu sua maior decepção com a camisa da seleção brasileira, o goleiro Júlio César surpreendeu a todos que acompanhavam de perto o sofrimento do time, eliminado pela Holanda nas quartas de final da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. Enquanto muitos jogadores choravam a derrota nos vestiários do Estádio Nelson Mandela Bay, em Port Elizabeth, o camisa 1, que tinha falhado num lance crucial da partida, foi um dos primeiros a sair para dar entrevistas. O goleiro percorreu o caminho reservado ao contato com os jornalistas e atendeu a todos, mesmo tendo que segurar as lágrimas a cada tentativa de explicar a eliminação. Desde então, tinha o desejo de retornar à equipe – mas, ao contrário de muitos jogadores que pedem abertamente uma chance de vestir a camisa da seleção, Júlio foi sempre respeitoso e humilde, evitando fazer esse tipo de cobrança. O tempo passou, o Brasil não encontrou um novo titular absoluto e, na quarta-feira, o titular de 2010 tem tudo para começar a garantir uma vaga em 2014 – com a volta de Luiz Felipe Scolari ao comando da seleção, Júlio César pode ser um dos escolhidos para dar mais experiência à equipe. Vivendo um bom momento na Inglaterra – foi o grande destaque do modesto Queens Park Rangers nas duas últimas rodadas da liga local -, Júlio voltou a atrair o interesse de grandes clubes europeus (foi citado como possível reforço dos gigantes Manchester United, Arsenal e Real Madrid) e tem, de novo, a confiança de muitos torcedores brasileiros. Ele conversou por telefone, de Londres, com a reportagem do site de VEJA:

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Como foi esse tempo longe da seleção brasileira? O Mano Menezes optou por outros goleiros logo depois da Copa América, em 2011. Sempre respeitei a opinião do treinador, mas nunca desistir de voltar a jogar pelo Brasil.

E a derrota na Copa de 2010? Passados quase três anos, tem explicação? A Copa do Mundo é uma competição com uma pressão muito grande. Fiquei abatido porque o grupo estava confiante e poderia chegar à final. Ganhamos vários títulos antes da Copa do Mundo, a gente tinha potencial para ir mais longe. Depois da derrota, me apoiei muito na minha família, pessoas que me amam bastante. Fiquei cerca de dez dias sem sair de casa.

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Foi o pior momento da sua carreira? Não vou dizer o pior momento, mas foi muito triste. Não uso muito o adjetivo pior. Como qualquer outro jogador, tenho momentos alegres, bons e tristes.

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Como foi a transição para jogar na Inglaterra? A Inter de Milão optou por uma linha de administração diferente, com fair play financeiro, para economizar dinheiro. Alguns jogadores renegociaram o contrato com redução de salário. Não aceitei e eles falaram que poderia procurar um novo clube, que já estavam atrás de um goleiro.

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Quais os pontos positivos de morar em Londres? Em cinco meses morando aqui, não tenho nada a reclamar. O povo é muito educado e respeitoso. A única coisa chata é o clima, mas isso passa batido, porque as outras coisas compensam. Eu costumo frequentar muitos parques com minha família, consigo fazer tudo a pé.

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Como é jogar o Campeonato Inglês? A atmosfera é bem legal, é tudo muito bem organizado. O futebol tem muita força, com bolas sempre lançadas na área. A saída do gol é um fundamento que o goleiro que joga na Inglaterra treina muito.

E os boatos de transição para grandes clubes da Europa? Fiquei muito feliz, não vou mentir. É sempre bom ter o nome ligado a grandes clubes, sinal que meu trabalho está sendo bem reconhecido. Mas sei que minha realidade hoje é o QPR, que está na última posição e precisa somar o maior número possível de pontos nas últimas rodadas para se salvar.

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