Publicidade
Publicidade

Londres receberá os Jogos Olímpicos pela terceira vez

Santiago Aparicio. Madri, 25 jul (EFE).- Os Jogos Olímpicos voltam a Londres e transformam a capital britânica na primeira cidade a receber por três vezes o evento esportivo, após ter sido sede das edições de 1908 e 1948. Há quatro anos, os Jogos retornaram a Ásia, com Pequim como anfitriã, e agora se reencontram com […]

Santiago Aparicio.

Madri, 25 jul (EFE).- Os Jogos Olímpicos voltam a Londres e transformam a capital britânica na primeira cidade a receber por três vezes o evento esportivo, após ter sido sede das edições de 1908 e 1948.

Publicidade

Há quatro anos, os Jogos retornaram a Ásia, com Pequim como anfitriã, e agora se reencontram com os londrinos, que deu uma guinada na história olímpica, em sua aposta de 1908. A cidade deu um passo a frente tanto em sua organização estrutural como em sua posição na cena esportiva.

Agora, em pleno século XXI, Londres encara mais um desafio. Nada a ver com as duas edições anteriores que sediou. E que mostram muitas mudanças desde a primeira edição, em Atenas, em 1896, por iniciativa do francês Pierre de Coubertin.

Publicidade

Desde o histórico evento realizado na Grécia há 116 anos, os Jogos se realizam a cada quatro anos. Só as duas Guerras Mundiais foram capazes de impedir sua realização. A primeira suspendeu a edição de 1916 e a segunda as edições de 1940 e 1944.

Os primeiros Jogos Olímpicos foram possíveis graças à generosidade do magnata grego Georges Averoff, que doou 1 milhão de dracmas para a organização da competição, o equivalente a US$ 3,5 mil da época.

Para se ter uma ideia do que é preciso hoje para que o evento saia do papel, os Jogos de Londres têm um orçamento próximo aos 9,3 bilhões de libras (mais de R$ 24 bilhões), quatro vezes superior ao custo estimado quando da apresentação da candidatura em 2005. Inferior, contudo, aos US$ 44 bilhões (R$ 89 bilhões) gastos por Pequim quatro anos atrás.

Publicidade

A diferença na participação também é abismal. Na primeira edição, foram 13 países e 311 atletas, que competiram em nove esportes. Agora, são mais de 10 mil esportivas, 204 Comitês Olímpicos, em 26 especialidades.

O primeiro campeão olímpico foi o americano James Connolly, que entrou para a história ao vencer a prova do salto triplo. O momento célebre dos Jogos de Atenas foi a vitória de Spiridon Louis na maratona, que seguiu o percurso feito por Filípides em 490 a.C.

Em seguida, vieram duas edições quase clandestinas, em Paris, na França, e em Saint Louis, nos Estados Unidos – sobretudo a primeira, como parte do programa da Exposição Universal, feira realizada anualmente.

Em 1900, na capital francesa, os Jogos acabaram se prolongando por cinco meses. A edição parisiense ainda ficou marcada pela inédita participação das mulheres e pela ampliação para 19 esportes.

Após duas edições de organização precária, 1908 se transformou em um marco, exatamente em Londres. Visando o evento, foi construído um moderno estádio, localizado em Shepard’s Bush, com capacidade para 70 mil pessoas.

Foi nos Jogos da capital britânica também que pela primeira vez se correu a maratona na distância regulamentar de 42,195 quilômetros. Outra novidade foi a participação de seleções e não de clubes nos esportes coletivos.

Os Jogos de 1912, em Estocolmo (Suécia), assentaram as bases da competição moderna, com inovações como medição eletrônica das provas de atletismo. Foi a primeira vez que houve superávit em relação ao orçamento de organização.

Depois do cancelamento dos Jogos de 1916, que aconteceriam em Berlim, a edição de 1920 aconteceu na Antuérpia, cidade que fora praticamente destruída durante a Primeira Guerra Mundial.

Mesmo com as negociações mediadas pelo barão de Coubertin, a Bélgica rejeitou a participação dos países que tinham sido seus inimigos na guerra. Não estiveram presentes atletas de Alemanha, Áustria, Hungria, Turquia, Bulgária e Polônia, nem os da já criada União Soviética, após a revolução bolchevique de 1917.

O destaque foi o fundista Paavo Nurmi, que ganhou três ouros e uma prata para a Finlândia, que antes do conflito bélico mundial havia sido um Grão-Ducado ligado à Rússia.

Em 1924, os Jogos voltaram para Paris, na primeira edição que merece o carimbo de mundial, pois 3 mil atletas de 44 países participaram. Foram as Olimpíadas do Tarzan, o americano de origem romena Johnny Weissmueller, que conquistou três ouros na natação. Anos depois, o atleta seria eternizado interpretando o ‘Rei da Selva’.

Ainda em Paris, Paavo Nurmi voltou a brilhar, conquistando cinco novas medalhas, todas de ouro. Seu compatriota Ville Ritola também brilhou, com três ouros e duas pratas. A Alemanha, temendo represálias pelo seu papel na Primeira Guerra, ficou de fora mais uma vez.

Em 1928, foi a vez de Amsterdã sediar os Jogos. Fez-se ali a oficialização da participação feminina, afinal, até aquele ano não eram registrados os dados sobre as disputas entre as mulheres.

Quatro anos depois, em Los Angeles, a disputa aconteceu graças ao apoio econômico dos magnatas do cinema, que resolveram a crise em que se encontrava o Comitê Olímpico Internacional (COI) após a Grande Depressão, em 1929.

Em 1936, a utilização política do regime nazista marcou os Jogos sediados em Berlim. Tudo estava preparado para que ficasse evidente a superioridade da raça ariana. O atleta americano Jesse Owens, contudo, virou símbolo ao obrigar Adolf Hitler a assistir a um negro arrebatar quatro medalhas de ouro no atletismo.

A Segunda Guerra Mundial obrigou o cancelamento dos Jogos de Tóquio (1940) e Londres (1944). Assim, em 1948 a competição voltou a ser organizada, mais uma vez na capital britânica. Como ao fim da Primeira Guerra, os derrotados, neste caso Alemanha e Japão, não foram convidados.

A organização e os resultados foram imensamente prejudicados pelo longo conflito, que durou entre 1939 e 1945. Ainda assim, grandes façanhas não deixaram de acontecer, como a da holandesa Fanny Blankers-Koen, que aos 32 anos ganhou quatro medalhas de ouro no atletismo.

Em Helsinque, na Finlândia, em 1952, o tcheco Emil Zatopek entrou para a história ao vencer as provas dos 5 e 10 mil metros, além da maratona, prova que disputava pela primeira vez. Brilhou também a seleção húngara de futebol, campeã com um timaço que tinha Puskas, Kocsis e Czibor.

O invejável ambiente esportivo de Helsinque, com diversas mostras de esportividade e união entre as nações, apesar das tensões da Guerra Fria, foram quebradas na edição de 1956, em Melbourne, na Austrália. Houve boicote de seis países, em protesto pela invasão soviética à Hungria.

Nos primeiros Jogos realizados na Oceania, a União Soviética figurou pela primeira vez no topo do quadro de medalhas, com 37 ouros, contra 32 dos EUA.

Continua após a publicidade

Em Roma, em 1960, foi a consagração de atletas como os pugilistas Cassius Clay – posteriormente conhecido como Muhammad Ali – e Nino Benvenutti, a velocista Wilma Rudolph e o maratonista Abebe Bikila, que venceu correndo descalço, na primeira edição dos Jogos que contou com transmissão ao vivo pela televisão.

Nos Jogos de Roma ainda foi preciso que o COI solucionasse possíveis conflitos entre as duas Alemanhas (Ocidental e Oriental), fazendo com que desfilassem como uma só delegação, ao som da nona sinfonia de Beethoven.

Quatro anos depois, o eventou chegou ao continente asiático, em Tóquio, para que o mundo visse o renascer industrial do Japão. As instalações esportivas eram das mais modernas que o mundo já vira. A história também esteve presente, já que a pira do Estádio Olímpico foi acesa por um jovem nascido em Hiroshima no dia em que caiu a bomba atômica.

Os Jogos Olímpicos de 1968, na Cidade do México, correram bem esportivamente, mas ficaram em segundo plano depois dos trágicos incidentes dez dias antes do seu início na Praça das Três Culturas, na qual morreram centenas de pessoas quando as forças da ordem abriram fogo contra uma revolta estudantil.

Entre a chuva de recordes nas provas de atletismo e natação, se destacou a marca histórica do americano Bob Beamon, no salto em distância. O atleta conseguiu saltar 8m90, recorde que só foi superado em 1991.

Vários atletas negros americanos protestaram durante os Jogos Olímpicos. Tommie Smith e John Carlos, ouro e bronze nos 200 metros rasos, respectivamente, subiram ao pódio e, após receberem as medalhas, esticaram o braço direito, cerrando o punho, fazendo a saudação do movimento ‘black power’. Isso acabou rendendo a expulsão de ambos da delegação americana.

O episódio mais triste da história dos Jogos aconteceu em 1972, em Munique. Oito terroristas palestinos entraram nas dependências israelenses da Vila Olímpica e, após matar duas pessoas, tomaram nove atletas como reféns.

Os terroristas exigiam a libertação de 200 presos palestinos. A ação da polícia acabou se tornando um massacre, com 17 mortos, entre eles os nove atletas.

Nas provas esportivas, o nome a se lembrar é o do nadador americano Mark Spitz, que saiu da cidade alemã com sete medalhas de ouro, marca que foi superada apenas em 2008 por Michael Phelps, também dos EUA.

Além disso, está gravado nos registros do esporte a memorável final entre americanos e soviéticos no basquete masculino. Os Estados Unidos, em 62 partidas olímpicas, estavam invictos, mas a sequência acabou com uma cesta de Sergei Belov, no último segundo. Os americanos não admitiram a derrota e recusaram a medalha de prata.

Em 1976, os Jogos de Montreal (Canadá) tiveram uma verdadeira rainha: a ginasta romena Nadia Comaneci, que conquistou a primeira nota 10 da história olímpica.

Mais uma vez foram registrados boicotes por parte de países africanos, em protestos a participação da Nova Zelândia, que apoiara o regime do Apartheid na África do Sul. Houve também problemas na organização, já que o Estádio Olímpico não chegou a ficar pronto e foi inaugurado sem a grande torre que sustentaria a cobertura das arquibancadas.

A Guerra Fria teve seu reflexo mais duro no esporte em 1980, quando Moscou recebeu o evento. Grande parte das potências capitalistas, lideradas pelos EUA, justificou ausência pela invasão soviética no Afeganistão.

O bloco soviético – com exceção de Romênia e Iugoslávia – deu o troco em 1984, quando os Jogos foram realizados em Los Angeles. Assim, duas edições consecutivas foram marcadas por organização impecável, mas com resultados esportivos de valor relativo, já que grandes atletas e equipes ficaram de fora.

O protagonista em 1984 foi o americano Carl Lewis, que igualou as quatro medalhas conseguidas por seu compatriota Jesse Owens em Berlim-1936, nos 100 e 200 metros rasos, no revezamento 4×100, além do salto em distância.

Com organização praticamente privada – o poder público apenas forneceu as forças de segurança -, os Jogos renderam US$ 150 milhões em lucro.

Em Seul, quatro anos depois, o doping do canadense Ben Johnson provocou inúmeras mudanças na política antidoping do COI. Na capital sul-coreana, o velocista pulverizou o recorde mundial dos 100 metros rasos com 9s79, mas o ouro acabou ficando com Carl Lewis.

Noss Jogos de Barcelona, em 1992, finalmente tiveram fim os boicotes e as tensões. A África do Sul foi readmitida após a chegada ao poder de Nelson Mandela, e o desmantelamento da União Soviética foi sanado com a participação da Comunidade dos Estados Independentes (CEI), enquanto os atletas da suspensa Iugoslávia disputaram como Participantes Olímpicos Independentes.

Na memória ficou as atuações do ‘Dream Team’, a equipe de basquete masculina dos Estados Unidos, que contou pela primeira vez com atletas da NBA, liderados por Michael Jordan e Magic Johnson. O ginasta bielorusso Vitali Scherbo também brilhou, com seis medalhas de ouro.

Em Atlanta (EUA), os Jogos foram considerados um fracasso de organização, com problemas no transporte e de sistemas de informática. O suecesso esportivo ficou com Michael Johnson, que bateu o recorde mundial dos 200 metros rasos, e com Carl Lewis, que ganhou seu nono ouro olímpico.

A morte de duas pessoas por uma explosão no Centennial Olympic Park, a poucos metros da Vila Olímpica, deixou claro que o esquema de segurança para o evento era insuficiente.

Os chamados Jogos do Milênio, realizados em 2000, em Sydney (Austrália) foram um dos mais marcantes. O profundo conhecimento esportivo do público, o respeito pelos atletas de todas as nacionalidades e a irrepreensível organização são exemplos a serem seguido.

A natação foi o esporte mais comentado, com a quebra de 15 recordes mundiais, com destaque para os holandeses Pieter van den Hoogenband e Inge de Bruijn, com três marcas quebradas cada. A grande estrela, porém, foi a australiana Cathy Freeman, de origem aborígine, que viveu dois grandes momentos, ao acender a pira olímpica e ao vencer os 400 metros rasos.

Mais de um século depois os Jogos retornaram a Atenas, em 2004. Durante 17 dias, a capital grega recebeu 11 mil atletas, representando 202 países.

Atenas entrou para história pelo nadador americano Michael Phelps, que conquistou oito medalhas (seis delas de ouro), igualando a marca do compatriota Mark Spitz, e pelo corredor marroquino Hicham El Guerrouj, o primeiro a fazer dobradinha nos 1.500 e 5.000 metros, desde Paavo Nurmi, em 1924. Outros destaques foram as vitórias da Argentina no futebol e no basquete masculino.

Em 2008, o evento voltou à Ásia, mais precisamente em Pequim. Aconteceu a coroação definitiva de Phelps, que dessa vez obteve oito medalhas de ouro. Brilhou também o velocista jamaicano Usain Bolt, com três ouros com recordes mundiais.

Em território chinês, os Estados Unidos retomaram a supremacia no basquete masculino, após derrota de quatro anos antes para os argentinos.

A edição de Pequim dos Jogos Olímpicos foi a primeira transmitida totalmente em alta definição, sendo vista por 4 bilhões de pessoas em todo o mundo. EFE

Continua após a publicidade

Publicidade