Londres dá início à maior Paralimpíada de todos os tempos
Sucesso dos Jogos Olímpicos dá impulso adicional ao evento – que já tem mais de 2 milhões de ingressos vendidos. A abertura acontece na tarde desta quarta
O físico britânico Stephen Hawking – segundo um dos diretores da festa de abertura, “o portador de deficiência mais famoso do planeta” – vai ajudar a narrar as histórias contadas durante a cerimônia desta quarta-feira
Dezessete dias depois de receber uma das Olimpíadas mais bem-sucedidas de todos os tempos, Londres inaugura na tarde desta quarta-feira, no Parque Olímpico de Stratford, a maior edição da história dos Jogos Paralímpicos. Nunca a competição, em que participam atletas portadores de vários tipos de deficiências, foi tão grandiosa: são 4.280 competidores, 3.500 treinadores e 1.225 árbitros. Durante onze dias, eles disputarão vinte modalidades em dezenove arenas, num total de 503 eventos – duzentos a mais que na Olimpíada, em cinco dias a menos. Os números, porém, não contam toda a história. O que faz da Paralimpíada de Londres um marco é o grau de importância que o evento conquistou, tanto no país-sede como no exterior. Jamais houve tanta atenção a uma competição do gênero (a transmissão pela TV chegará a um número inédito de países) e tamanho investimento na montagem de seu palco (pela primeira vez, os comitês olímpico e paralímpico trabalharam de forma totalmente integrada, garantindo ao evento que começa nesta quarta o mesmo nível da festa encerrada no último dia 12). Graças à conquista desse novo patamar – e, claro, ao êxito da Olimpíada, que empolgou o público londrino -, a Paralimpíada de 2012 será a edição mais vista desde o início dos Jogos, em 1960, em Roma. Mais de 2 milhões de ingressos foram vendidos de forma antecipada, passando desde já a marca de Pequim-2008 (1,8 milhão) e garantindo uma taxa de ocupação de 80% nas arenas. Acredita-se que o público será ainda maior, já que os bilhetes continuam sendo procurados pelos torcedores, muito em função da intensa cobertura televisiva recebida pelo evento.
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Londres teve de levar a cabo uma operação de guerra para adaptar a cidade e o Parque Olímpico à chegada das delegações paralímpicas. Durante cinco dias, a Vila foi totalmente transformada para atender às necessidades de seus novos ocupantes – com rampas de acesso (e até oficina) para cadeiras de rodas, recursos de auxílio aos deficientes visuais e mecanismos para servir aos deficientes auditivos, por exemplo. “Foi uma missão gigantesca”, disse o presidente executivo do comitê organizador local (Locog), Paul Deighton. De acordo com ele, as arenas foram planejadas tanto para as competições olímpicas como para as paralímpicas, mas ainda assim foi necessário realizar adaptações em quase todas elas – na sede das competições de tiro, Royal Artillery Barracks, o trabalho consumiu duas semanas inteiras. Dois novos locais de competição estreiam nos Jogos Paralímpicos: Eton Manor, no próprio Parque Olímpico, onde acontecem as competições de tênis com cadeiras de rodas, e Brands Hatch, um dos mais famosos autódromos da Grã-Bretanha, que receberá as provas de ciclismo de estrada. Dezessete arenas usadas na Olimpíada, como Earls Court, Horse Guards Parade, Wimbledon e o Hyde Park, não terão eventos paralímpicos. Outras, como a North Greenwich Arena e o centro de convenções Excel, receberão modalidades diferentes de seu uso inicial. Haverá também uma troca de guarda entre os voluntários: apenas 30% da força de trabalho mobilizada para a Olimpíada está de volta agora. Na cidade, porém, as providências tomadas para manter o trânsito e o transporte público funcionando bem serão repetidas (incluindo a adoção da polêmica faixa exclusiva de trânsito para veículos ligados ao evento).
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Aviões e Hawking – Uma das explicações para a atenção conquistada pelo evento em Londres é histórica. A Grã-Bretanha é o berço dos esportes paralímpicos – foi na pequena cidade de Stoke Mandeville que o médico alemão Ludwig Guttmann iniciou o trabalho de recuperação de amputados através da prática esportiva. Na terça, Stoke Mandeville foi palco de uma cerimônia especial para homenagear essa história e acender a tocha paralímpica – que iniciou seu percurso de 24 horas até a festa de abertura no Estádio Olímpico, na capital. A celebração, marcada para as 16h30 (no horário de Brasília), deverá contar com a presença da rainha Elizabeth II, que abrirá oficialmente os Jogos. A festa começa com o sobrevoo de um grupo de pilotos de avião portadores de deficiência física. O roteiro do espetáculo, dirigido por Jenny Sealey e Bradley Hemmings, promete tratar do “poder das ideias, da ciência e da criatividade”. Mais de 3.000 voluntários e 100 artistas profissionais participam da cerimônia, que tem vários elementos comuns ao protocolo das festas olímpicas – como o desfile das delegações, o hasteamento da bandeira paralímpica e a chegada da chama paralímpica ao estádio. O diretor de cerimônias de Londres-2012, o cineasta Stephen Daldry, disse que a festa será “muito diferente” da abertura da Olimpíada, assinada por Danny Boyle. A poucas horas da festa, os responsáveis pelo espetáculo revelaram que o físico britânico Stephen Hawking – classificado por um dos diretores como “o portador de deficiência mais famoso do planeta” – vai ajudar a narrar as histórias contadas durante a cerimônia. Todos os 80.000 ingressos estão vendidos. As competições começam só na quinta-feira.