Londres-2012 economiza um Maracanã mais um Beira-Rio
Seis semanas após fim dos Jogos, britânicos festejam resultados e preparam novo Parque Olímpico para 2013. Custo total é R$ 1,2 bi menor que o previsto
No Palácio de Buckingham, o primeiro-ministro David Cameron disse que “maximizar os efeitos positivos da Olimpíada e da Paralimpíada é o que mais importa”
Em Londres, a terça-feira foi de comemorações pelo sucesso do ciclo olímpico da cidade. Enquanto as obras no Parque Olímpico avançam para transformar o local num novo foco de desenvolvimento na cidade, os britânicos festejam o resultado das contas parciais do evento. De acordo com um relatório divulgado pelo Comitê Organizador Local (Locog) e pelo governo britânico, o valor gasto com os Jogos Olímpicos e Paralímpicos foi menor que o previsto inicialmente. A estimativa inicial era de uma despesa total de 9,298 bilhões de libras, ou cerca de 30 bilhões de reais. O valor atualizado na terça caiu para 8,921 bilhões de libras. A economia foi equivalente a 1,2 bilhão de reais – valor que cobriria, por exemplo, as reformas em dois dos principais estádios brasileiros para a Copa do Mundo de 2014, o Maracanã (uma obra de 850 milhões de reais) e o Beira-Rio (330 milhões). O prefeito do Rio, Eduardo Paes, diz que o orçamento da Olimpíada de 2016 ainda não está fechado. O Comitê Organizador Local calcula em 23,2 bilhões de reais o custo das obras de infraestrutura (na conta do governo) e 5,6 bilhões as despesas de operação dos Jogos (pagos pelo comitê).
Leia também:
Londres, estrondoso sucesso, se despede, ‘feliz e gloriosa’
‘Aprendemos muito’, diz Paes. ‘Vai dar certo’, aposta Boris Johnson
Maria Silvia Bastos Marques: “O Rio inteiro vai ser sacudido”
No caso dos britânicos, a economia foi feita em áreas como segurança, transporte e construções, que acabaram custando menos que o esperado. “Foi um sucesso tremendo. É uma conquista importante conseguir encerrar um programa amplo e complexo como este a tempo e abaixo do orçamento”, disse o ministro britânico responsável pela Olimpíada, Hugh Robertson. Ele admite, porém, que os valores não são definitivos – o ministro classificou a cifra divulgada na terça de “estimativa prudente” sobre os gastos totais. Ainda falta determinar, por exemplo, a compensação que será paga à empresa de segurança G4S, que prometia treinar e gerenciar as equipes de guardas privados do evento mas fracassou na missão, forçando o Exército a oferecer soldados para ocupar as vagas. Com o serviço foi só parcialmente realizado, o Locog e a G4S ainda negociam qual é o valor que caberá à empresa. O foco de Londres está agora na reforma do Parque Olímpico, que reabrirá no ano que vem como Parque Rainha Elizabeth II, em uma derradeira homenagem ao Jubileu comemorado neste ano.
Localizado na região leste da capital britânica, o parque pretende estimular o crescimento econômico e o desenvolvimento social da área, que sempre ficou na sombra do oeste de Londres, muito mais rico. “Não tenho nenhuma dúvida de que Londres-2012 se transformou num novo ponto de referência para a organização de futuros Jogos Olímpicos e Paralímpicos”, disse o ministro Robertson. Uma das próximas tarefas da London Legacy Development Corporation (LLDC), entidade encarregada de cuidar do legado olímpico, é a venda dos 2.818 apartamentos que foram construídos na Vila Olímpica. “A transformação da zona olímpica vai levar algum tempo, mas valerá a pena. OSerá um lugar fantástico para viver, trabalhar e desfrutar”, disse Dennis Hone, da LLDC. Na terça, a entidade assumiu a responsabilidade por boa parte do Parque Olímpico depois das primeiras semanas de trabalhos de adaptação. Muitas estruturas temporárias já foram desmontadas e removidas. A LLDC tem agora o controle operacional da área, e já responde pela segurança do local. A última grande pendência é resolver o destino do Estádio Olímpico que deverá mesmo ficar sob controle do West Ham, time de futebol da primeira divisão.
Leia também:
Furto de dados: o protocolo olímpico contra o jeitinho brasileiro
O efeito Nuzman: em 2 décadas, gastos de 40 bi de reais
Olimpíada e Copa: os cartolas não aceitam largar o osso…
Recepção real – Responsáveis pela conquista de 65 medalhas olímpicas e 120 paralímpicas, os atletas da delegação britânica foram recebidos no Palácio de Buckingham na noite de terça (confira na galeria de fotos acima). Além da rainha, estavam na recepção a princesa Anne, o príncipe Edward e a duquesa de Cambridge, Kate Middleton, que foi uma torcedora ilustre em dezenas de eventos de Londres-2012. No total, 225 atletas foram ao palácio. O presidente do Locog, Sebastian Coe – que deve assumir o Comitê Olímpico Britânico no mês que vem – disse que a noite serviu para “agradecer aos atletas mais uma vez por suas performances espetaculares”. Também na terça, Coe participou de uma reunião na sede do governo britânico para discutir como garantir e valorizar o legado olímpico do país. O primeiro-ministro David Cameron, que também participou da festa no palácio, disse que “maximizar os efeitos positivos da Olimpíada e da Paralimpíada é o que mais importa agora”. “Foi um período incrível para o país. Acho que ele ficará mais marcado na memória das pessoas do que a Copa de 1966”, disse Cameron, citando o único Mundial disputado na Inglaterra e vencido pela seleção inglesa.
(Com agência EFE e Agência Estado)