Hora do ouro: Brasil tem melhor chance de quebrar jejum
A decisão em Wembley, contra o México, pode marcar o fim da incômoda escrita
Neste sábado, o Brasil disputa sua terceira final olímpica. Foi derrotada pela França em 1984 e pela extinta União Soviética em 1988. Decepção maior ainda veio em Atlanta-1996, com a derrota para a Nigéria
Depois de repetidas decepções, o futebol brasileiro encontrou em Londres-2012 o cenário perfeito para quebrar seu jejum e conquistar pela primeira vez um ouro olímpico. O torneio – que tem limite de idade, até 23 anos, com só três atletas mais velhos – caiu bem no momento em que o Brasil tem uma excelente geração de jovens, a começar pelo seu astro maior, Neymar. Entre os adversários, não havia nenhum bicho-papão, como nas edições do futebol olímpico no passado. Os poucos times temíveis que garantiram vaga na competição caíram nas fases anteriores. Para completar, há o palco da decisão. Wembley é, ao lado do Maracanã, o templo sagrado do futebol internacional. Pelé jamais jogou no velho Wembley, frustração de que ele se recorda até hoje. Também não conseguiu uma medalha olímpica – e disse, meses antes dos Jogos, que o Brasil só está na fila até hoje porque ele nunca teve chance de ir aos Jogos. Todos esses desvios históricos podem ser corrigidos neste sábado, às 11 horas (no horário de Brasília), na grande final do futebol olímpico, contra o México, diante de cerca de 90.000 torcedores.
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O Brasil sabe que não pode vacilar contra o México – essa seleção vem crescendo muito nas categorias de base e foi a que melhor se preparou para o torneio olímpico, formando sua equipe com grande antecedência e preparando um elenco especificamente para a Olimpíada. Mas o Brasil tem um trunfo ainda maior: num fato raro, a seleção olímpica brasileira está representada em Londres por boa parte da equipe principal, com apenas poucas ausências. Até por isso, a final deste domingo tem um grande peso. Este é o primeiro grande teste da geração que disputará a Copa do Mundo em casa, em 2014, sob forte cobrança e intensa pressão. Uma vitória em Wembley sela o destino desse grupo: os medalhistas deverão seguir nas listas de convocados do técnico Mano Menezes pelos próximos dois anos. Uma derrota, porém, não apenas fará com que alguns percam espaço com a camisa amarela. No cenário negativo, acredita-se que Mano perderia o emprego. Junto com ele poderia cair até o diretor de seleções, Andrés Sanchez. Mas o presidente da CBF, José Maria Marin, prefere manter a dupla no cargo e conquistar seu primeiro título, poucos meses depois de assumir o cargo no lugar de Ricardo Teixeira.
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Foi de Marin, aliás, a decisão de priorizar a Olimpíada em detrimento da preparação para a Copa de 2014. O cartola acredita que a possível conquista do ouro não só preencherá uma lacuna na galeria de conquistas do Brasil como também dará um poderoso impulso na seleção – que hoje amarga sua pior colocação na história do ranking da Fifa, em 13º lugar. Neste sábado, o Brasil disputa sua terceira final olímpica. Foi derrotada pela França em 1984 e pela extinta União Soviética em 1988. Decepção maior ainda veio em Atlanta-1996, quando o técnico Zagallo chefiou uma equipe recheada de estrelas nos Jogos – e acabou perdendo de forma desastrosa para a Nigéria na semifinal. Levou o bronze, resultado que se repetiu há quatro anos, em Pequim-2008, depois de uma dura derrota para a Argentina na final. Em Londres, não havia Argentina nem outras seleções de peso. O Brasil começou o torneio com Espanha, Uruguai e Grã-Bretanha na mira – pareciam ser as únicas equipes capazes de estragar a festa. Todas caíram pelo caminho de forma precoce. Depois de superar Egito, Bielo-Rússia, Nova Zelândia, Honduras e Coreia do Sul, o México é o último obstáculo antes do topo do pódio.