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Fortaleza: medo do banditismo supera euforia com seleção

Cidade já é palco de manifestações pacíficas desde a semana passada, quando movimento criado pela internet reivindicou a redução da criminalidade no Ceará

O crescimento dos índices de violência em Fortaleza motivou o surgimento de um movimento criado pelas redes sociais, o Fortaleza Apavorada. Na última quinta, 5.000 pessoas foram às ruas

Palco do próximo jogo da seleção brasileira na Copa das Confederações, na quarta-feira, contra o México, na Arena Castelão, a cidade de Fortaleza foi a primeira a entregar seu estádio para o torneio. Mas a capital do Ceará também se antecipou às outras em outro aspecto: sua população se mobilizou para uma manifestação pacífica nas ruas há quase uma semana, quando cerca de 5.000 pessoas caminharam pelas principais vias da cidade reivindicando mais segurança. Mesmo nos dias que antecederam o desembarque da seleção na cidade, a violência contra o cidadão comum era o assunto mais comentado entre os moradores. Nas conversas nas ruas e nas mensagens espalhadas pela internet, o clima é de medo e desespero, já que o aumento da criminalidade é cada vez mais sentida no cotidiano das pessoas. Assaltos e sequestros são assuntos frequentes nas redes sociais, onde os moradores de Fortaleza deixam seus relatos e cobram uma reação do poder público. Mas essas manifestações não se limitam à internet e já estão nas ruas desde a semana passada. O sucesso das autoridades locais na condução das obras ligadas à Copa foi deixado em segundo plano. O governo diz ter “a consciência e a humildade de reconhecer que alguns crimes cresceram de forma intolerável”. De acordo com os números do próprio governo, Fortaleza teve no ano passado um índice de 66 assassinatos para cada 100.000 habitantes, taxa onze vezes maior do que o porcentual considerado normal pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

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“Brincavam comigo, perguntando o que eu fazia para não ser assaltado, mas isso acabou”, conta ele, angustiado. Na véspera da partida da seleção na cidade, Vieira relata que a Copa das Confederações trouxe um evidente reforço da presença policial na capital cearense. “Mas e quando terminar o torneio, o que os cidadãos vão fazer? Quer dizer que só temos segurança neste mês, enquanto acontece a competição?”, questiona. O crescimento dos índices de violência em Fortaleza motivou o surgimento de um movimento criado pelas redes sociais, o Fortaleza Apavorada. Os primeiros atos convocados pelo grupo não tiveram tanta repercussão. A sensação geral de insegurança, porém, fez a mobilização crescer. Na última quinta, cerca de 5.000 pessoas – a enorme maioria, vítimas de assaltos – estiveram na passeata pacífica organizada pelo Fortaleza Apavorada. “A ideia surgiu depois de um jovem ser morto em um assalto, mesmo sem reagir. Junto a isso está toda a indignação da população que não se sente segura em andar pelas ruas da cidade” disse Raimundo Neto, de 23 anos, gerente comercial e um dos participantes do ato. Neto explica que está à procura de um carro blindado para sua família, mas não consegue achar um – a procura é bem maior que a oferta. “Não me sinto seguro andando por Fortaleza. Fico mais tranquilo quando estou em um shopping ou restaurante, mas tenho medo ao andar de carro ou esperar minha namorada no prédio dela”, contou ele, que já ouviu relatos de assaltos até dentro de em universidades particulares.

Copa das Confederações
Copa das Confederações VEJA
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