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‘Eu sou a lenda’: Bolt agora corre atrás de um outro desafio

O maior velocista de todos os tempos revelou que não sabe o que fará no futuro (e a Rio-2016 parece não seduzi-lo). Enquanto não se decide, quer só se divertir

Ao falar sobre a vitória de quinta, Bolt mostrou várias vezes o quanto se esforça para transformar suas corridas em grandes espetáculos – e como, apesar da imagem de atleta marrento e quase indisciplinado, acaba sendo um atleta profissional exemplar

Ele conseguiu, com apenas 25 anos, ter seu nome colocado junto de ícones como Muhammad Ali, Michael Jordan e Pelé, a santíssima trindade do esporte. Garantiu, em duas Olimpíadas, um inédito duplo bicampeonato nos 100 e 200 metros rasos, assegurando o título de maior velocista de todos os tempos. Apesar de praticar uma modalidade que não está entre as mais populares do mundo, ficou milionário e virou um superastro adorado por centenas de milhões de torcedores, reacendendo o interesse e o fascínio pelo atletismo em todas as partes do planeta. Não surpreende que Usain Bolt agora se revele incapaz de encontrar outro desafio que o motive. “Não há mais nada”, afirmou ele na noite de quinta-feira, cerca de duas horas de conquistar seu segundo ouro em Londres, o quinto de sua carreira olímpica. “Era isso o que eu queria, virar uma lenda viva. Vim aqui e consegui. Agora vou parar, relaxar e pensar no que vem pela frente, no que gostaria de fazer, em qual é o próximo objetivo.” E, para decepção dos brasileiros, tentar repetir Pequim e Londres em 2016, no Rio de Janeiro, não parece seduzir a figura mais carismática da história recente das Olimpíadas.

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“Seria uma missão dura. Esses caras têm 22 anos e já são muito rápidos”, afirmou, apontando para os jamaicanos Yohan Blake e Warren Weir, prata e bronze na final dos 200 metros, sentados ao seu lado. “Tudo é possível, mas vai ser difícil para mim. Ainda não estou pensando num futuro tão distante. Queria virar uma lenda e consegui. Agora quero só curtir um pouco.” Bolt fala sério quando afirma que não tem planos para o resto de sua carreira: ele não quis confirmar presença nem sequer no Mundial de Atletismo, que acontece no ano que vem, em Moscou. “Não sei nem se vou continuar nos 100 e nos 200. Vou sentar para conversar com meu técnico e tentar pensar em algo.” O astro jamaicano garante, no entanto, que a prova de quinta não foi a última de sua carreira: “Ainda não estou pronto para me aposentar. Amo esse esporte, vou continuar a correr, mas o resto da temporada vai ser só diversão, porque correr, para mim, é muito divertido”. Entre as alternativas que se apresentam a Bolt, uma já está descartada: os 400 metros rasos. “Nem me perguntem sobre isso, porque os 400 não são para mim”, disse, aos risos. Ao salto em distância, foi mais receptivo: “É algo que eu sempre quis tentar”. No mesmo tom, ele falou em futebol e até críquete – e não parecia estar brincando. Se Jordan trocou o basquete pelo beisebol, o que impede Bolt de se arriscar com uma bola nos pés ou um taco na mão? Talvez o tamanho de sua importância para o atletismo, que o jamaicano citou como uma das maiores satisfações da sua espetacular carreira.

“Sei que muitas crianças se espelham em mim, que muitas agora pensam em correr por minha causa. E inspirar jovens atletas no mundo inteiro é uma honra”, contou, pouco depois de confirmar que o dedo indicador colocado à frente da boca na hora de cruzar a linha de chegada foi um recado aos que previam sua derrocada nesta Olimpíada (e, por consequência, o fim de seu reinado no esporte). “As pessoas estavam duvidando, mas isso foi bom para mim, para que eu mostrasse ao mundo que sou o melhor.” Ao falar sobre a vitória de quinta, Bolt mostrou várias vezes o quanto se esforça para transformar suas corridas em grandes espetáculos – e como, apesar da imagem de atleta marrento e quase indisciplinado, acaba sendo um profissional exemplar em sua atividade, tanto pelos resultados que consegue como pela admiração que atrai. Explicou, por exemplo, como teve a ideia de imitar o aceno da rainha Elizabeth II ao ser mostrado no telão do Estádio Olímpico antes da prova. Revelou que combinou na véspera com um fotógrafo sueco que pegaria a câmera dele para tirar fotos do público durante a comemoração da medalha. Explicou por que gosta de brincar com os voluntários que estão na pista (na quinta, provocou gargalhadas ao perguntar à garota que recolhia seu agasalho, nervosíssima por acompanhar Bolt até a linha de partida, se ela queria correr a prova em seu lugar). Com esses relatos, Usain Bolt acabou revelando pelo menos uma coisa: seja qual for o caminho que escolher depois da passagem por Londres, ele certamente permanecerá sob os holofotes.

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