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Brasil desbanca Espanha, levanta a taça a retorna ao topo

O campeão voltou: com exibição inesquecível, seleção faz 3 a 0 no Maracanã, quebra série invicta do rival e coloca os espanhóis na roda, com direito a ‘olé’

O Brasil exibia uma superioridade incontestável. A torcida iniciava os gritos de olé. E a Espanha, para muitos favorita, invicta há 29 jogos oficiais, era dominada como havia muito tempo ninguém conseguia fazer

No futebol, ninguém é maior que o Brasil – e essa verdade histórica foi restabelecida neste domingo, num dos grandes templos do esporte, com a conquista de mais um título pela seleção pentacampeã. Agora, a equipe também é a única tetracampeã da Copa das Confederações, o segundo principal torneio organizado pela Fifa. O time do técnico Luiz Felipe Scolari derrotou a Espanha, campeã europeia e mundial, por 3 a 0, gols de Fred (duas vezes) e Neymar, no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, e colocou mais uma taça em sua incomparável coleção. Com uma apresentação espetacular, a seleção brasileira fez a Fúria descer do salto alto e aplicou um corretivo inesquecível nos visitantes (que passaram a competição insinuando que o time da casa tinha medo de enfrentá-los). De quebra, interrompeu uma série inédita de 29 partidas de invencibilidade dos ibéricos em competições oficiais – a última derrota tinha acontecido na estreia do Mundial de 2010, para a Suíça. Desde então, foram 24 vitórias e cinco empates. Nessa longa sequência, entretanto, a Espanha nunca teve de encarar o Brasil – que, com o moral em alta e a reputação restaurada, já figura, definitivamente, entre os candidatos ao título mundial no ano que vem. Agora, a seleção só volta a fazer um jogo oficial em 12 de junho de 2014, em São Paulo, justamente na abertura da Copa do Mundo. Até lá, Felipão só poderá testar seu time em amistosos – os primeiros são contra Suíça, em agosto, e Portugal, em setembro.

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Na bola e na raça – Depois de emocionar os jogadores durante a execução do Hino Nacional, a torcida empurrou a equipe de Felipão desde o primeiro minuto. E o Brasil abriu o placar logo no segundo giro do relógio: depois de um lançamento que partiu da direita, Fred trombou com os zagueiros espanhóis e caiu na pequena área. A bola quicou diante dele e, sentado, o matador fuzilou Casillas, fazendo o Maracanã explodir. Os jogadores brasileiros fizeram uma comemoração inédita nesta competição: pularam as placas de publicidade e partiram em direção às cadeiras, abrançando os torcedores. As luzes coloriram a cobertura do estádio de verde e amarelo. Aos 5 minutos, com o Brasil dominando o jogo, o público gritava, em coro: “O campeão voltou”. Aos 7, quase o segundo: depois de um calcanhar de Fred a bola sobrou para Oscar na grande área e o camisa 11 bateu rasteiro, raspando a trave defendida por Casillas. A Espanha, que demonstrava frustração com a pressão brasileira, tentava impor seu jogo de troca constante de passes, mas a marcação do time da casa era implacável. Aos 12, depois de uma bola roubada na raça, Paulinho quase encobriu o goleiro do Real Madrid. O jogo fervia: aos 15 minutos, Arbeloa derrubou Neymar, que partia sozinho em direção ao gol, e matou um contra-ataque promissor. Levou amarelo. Os jogadores trocavam empurrões e provocações.

Os personagens

  • O craque Neymar

    Quatro gols no torneio, o melhor jogador da final e da Copa. Enfim, imprescindível e incontestável.

  • O guerreiro David Luiz

    Salvou um gol certo da Espanha, deu o sangue em campo e foi perfeito nos cortes e antecipações.

  • O matador Fred

    Impiedoso e iluminado, estava no lugar certo e na hora certa. Média de um gol por jogo no torneio.

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  • O perdedor Sérgio Ramos

    Personificou a empáfia espanhola durante todo o torneio. Na hora da verdade, foi um grande fiasco.

» Confira os números de todos os jogadores

Por volta da metade do primeiro tempo, a Espanha ficava mais tempo com a bola, mas seu controle do jogo era inócuo: a campeã mundial não conseguia ameaçar Júlio César e ainda sofria contragolpes perigosos, como o que resultou num chute cruzado de Fred, para fora, aos 25. Aos 28, numa arancada puxada por Hulk, Oscar foi derrubado na entrada da área por Ramos, advertido com o amarelo (os brasileiros queriam um vermelho). Três minutos depois, um passe de sinuca de Neymar, entre dois defensores da Fúria, encontrou Fred na cara do gol. Casillas salvou a pátria espanhola. Aos 40 minutos, na única grande chance espanhola na primeira etapa, foi a vez de David Luiz operar um milagre. Aproveitando um buraco na defesa brasileira, Pedro foi lançado pela direita, sozinho, cara a cara com Júlio César. O atacante do Barcelona chutou cruzado e superou o goleiro, mas o zagueiro cabeludo se esticou de forma inacreditável para cortar, impedindo o que seria um gol certo dos espanhóis. A torcida retribuiu cantando em coro o nome do defensor. Para fechar a etapa inicial com chave de ouro, Neymar, o craque indiscutível desta Copa, tabelou com Oscar, recebeu pela esquerda e soltou um petardo de canhota, sem chances para o arqueiro, aos 44. O Brasil exibia uma superioridade incontestável. A torcida iniciava os gritos de olé. E a Espanha, para muitos favorita, era dominada como havia muito tempo ninguém conseguia fazer – no time visitante, o craque Iniesta era uma estrela tão solitária quanto a que está bordada sobre o distintivo dos campeões da Copa de 2010.

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‘O Brasil vai te ensinar’ – A Espanha trocou o amarelado Arbeloa por Azpilicueta e voltou para a etapa final disposta a apagar a má imagem deixada na primeira metade da decisão. Não deu tempo nem de começar: logo aos 2 minutos, Fred recebeu de Hulk e bateu cruzado, furando Casillas mais uma vez. O camisa 9 do Brasil marcava seu quinto gol em cinco jogos no torneio. Vicente Del Bosque trocou o sumido Juan Mata por Jesús Navas. E foi graças ao suplente que a Espanha conseguiu uma rara chance real de gol: num lance absolutamente tolo, aproveitou um toque de Marcelo e despencou no gramado, cavando um pênalti que poderia ser providencial para a Espanha seguir viva no jogo. Sérgio Ramos, um dos atletas que mais alfinetaram os brasileiros – na semifinal em Fortaleza, chegou a provocar a torcida local com gestos -, se apresentou para a cobrança. E ele a executou de forma bisonha, mandando para fora, pelo lado esquerdo do gol. Desolado, Del Bosque queimou sua última substituição colocando David Villa no lugar do ineficaz Torres. Mas nada adiantava: o Brasil continuava mandando no jogo e humilhando os espanhóis. Enquanto a torcida se divertia e soltava inúmeras variações de gritos de apoio ao time (um deles: “Quer jogar, quer jogar? O Brasil vai te ensinar!”), a situação dos espanhóis só piorava: aos 22 minutos, Piqué foi expulso após entrada criminosa em Neymar, que partia solto para ampliar a goleada. Felipão decidiu colocar o meia Jadson pela primeira vez na competição (saiu Hulk). A dez minutos do fim, o artilheiro Fred, ovacionado pelo público, deu lugar a Jô. Faltando quatro, Hernanes entrou no lugar de Paulinho. Enquanto isso, o coro de olé, repetido incontáveis vezes durante boa parte do jogo, começava a ficar de lado: surgiam os primeiros gritos de “campeão”.

Música e protesto – A festa de encerramento de um torneio marcado pelas manifestações do lado de fora dos estádios teve um protesto também no gramado do Maracanã. A breve e simples cerimônia, iniciada pontualmente às 17h25 deste domingo, transcorria dentro do esperado quando dois voluntários que participavam das coreografias no campo se desgarraram do grupo e tentaram estender uma faixa escondida sob seus adereços, que imitavam bolas de futebol. Um coordenador do espetáculo correu na direção da dupla e precisou se enroscar com os manifestantes para arrancar a faixa de suas mãos. Em seguida, num momento absolutamente inusitado, os voluntários retornaram para a formação no gramado como se nada tivesse acontecido. Depois, pelo menos uma delas foi retirada pelos organizadores. Na saída do campo, outra cena curiosa: outra “bolinha” da coreografia, uma mulher, passou mal e foi carregada por dois seguranças. Nos momentos que antecederam o episódio, os cantores Arlindo Cruz, Victor e Leo, Jorge Ben Jor e Ivete Sangalo se apresentaram, cantando sozinhos. O breve protesto ocorreu no momento em que a bateria da escola de samba Grande Rio entrava no Maracanã, enquanto os cinco artistas convidados se juntavam à apresentação. Duplas de mestre-sala e porta-bandeira carregaram os pavilhões de Brasil e Espanha.

Enquanto a cerimônia acontecia, os atletas da seleção brasileira desciam do ônibus rumo aos vestiários, despertando a animação da torcida. Os jogadores da Espanha assistiram à festa do banco de reservas, acenando para a torcida quando eram mostrados nos telões (e vaiados pelos brasileiros). No momento em que a apresentação era concluída, a Fifa divulgava as escalações das seleções finalistas para o jogo, iniciado às 19 horas (de Brasília). O Brasil foi a campo sem surpresas, com o mesmo time que jogou quase toda a competição: Júlio César; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Paulinho, Oscar, Neymar e Hulk; Fred. A Espanha, do técnico Vicente Del Bosque, foi confirmada com uma novidade: a presença de Juan Mata, do Chelsea, entre os titulares. O time campeão da Europa e do mundo buscava levantar sua primeira taça da Copa das Confederações com Casillas; Arbeloa, Piqué, Sérgio Ramos e Jordi Alba; Busquets, Xavi e Iniesta; Mata, Pedro e Fernando Torres. A exatamente uma hora do pontapé inicial, a torcida já lotava o Maracanã: havia pouquíssimas cadeiras desocupadas no estádio. Com segurança muito reforçada – o enorme aparato policial e militar atraía a atenção de quem chegava ao Maracanã – a torcida não teve problemas para ir ao palco do jogo. Os manifestantes que se aproximaram dos arredores do estádio antes do jogo fizeram protestos pacíficos e não entraram em confronto com a polícia.

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