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‘Aprendemos muito’, diz Paes. ‘Vai dar certo’, aposta Boris

No encontro dos prefeitos em Londres, brasileiro reconheceu sucesso londrino e prometeu imitar essa receita vencedora. O britânico mostrou confiança no Rio

Questionado sobre o que seria possível fazer melhor que os britânicos, Paes não teve muito o que dizer: “Queremos fazer igual. Foi tudo ótimo, então temos que segui-los”. Boris retribuiu com elogios aos brasileiros

No conto de duas cidades que é a transição de Londres-2012 para a Rio-2016, a sede olímpica brasileira ainda é a coadjuvante que tenta ocupar o espaço da protagonista. Da mesma maneira, Eduardo Paes precisou de fôlego para acompanhar o ritmo frenético do colega londrino Boris Johnson, uma das estrelas dos Jogos, nesta sexta-feira, numa entrevista coletiva conjunta dos prefeitos no distrito de Westminster. Mas o dono da festa teve palavras gentis para o convidado – e, numa rara exibição de modéstia e diplomacia, disse que seu único conselho a Paes depois de realizar uma das melhores Olimpíadas da história é confiar na sua capacidade de receber o maior evento esportivo do mundo. “Não se preocupem, vocês serão fantásticos”, disse Johnson, com convicção. “Estou muito ansioso para ser útil para vocês”, completou o britânico, que deverá visitar a cidade ainda neste ano. Já Paes reconheceu o sucesso da empreitada londrina e admitiu que será difícil impressionar o mundo depois desta Olimpíada – mas se disse confiante nas chances de sucesso dos brasileiros, principalmente em função do grande número de exemplos positivos colhidos nas últimas semanas e da boa colaboração entre as duas cidades olímpicas nos últimos anos.

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“Aprendemos muito”, afirmou Paes, que elegeu como ponto alto da festa londrina a mobilidade urbana. O prefeito do Rio revelou ter ficado impressionado ao ver a capital britânica funcionando tão bem mesmo com a presença tão numerosa de atletas, dirigentes, torcedores e turistas durante os Jogos. “É fantástico ver como eles conseguem transportar tanta gente depois de cada competição no Parque Olímpico, sempre de forma muito eficiente”, observou. Além do transporte público, outro aspecto muito elogiado por Paes foi o uso das construções temporárias para receber as competições olímpicas, minimizando o risco de surgimento de elefantes brancos depois dos Jogos. O prefeito do Rio prometeu imitar esse modelo para evitar o desperdício de dinheiro (impedindo, assim, um tropeço que já aconteceu na cidade depois do Pan de 2007). “É bom ver que aqui não se jogou dinheiro fora construindo essas coisas malucas que costumamos ver por aí. Vamos imitar Londres e erguer o maior número possível de arenas temporárias, fazendo tudo da forma mais simples possível”, assegurou.

Questionado sobre o que seria possível fazer melhor que os britânicos, Paes não teve muito o que dizer: “Queremos fazer igual. Foi tudo ótimo, então temos que segui-los.” Boris retribuiu com manifestações de tranquilidade em relação ao trabalho dos brasileiros. Ao comentar a complexa missão de interagir e negociar com tantas instituições diferentes durante os preparativos para os Jogos – uma cidade-sede precisa lidar com outras esferas de governo, com o Comitê Olímpico Internacional (COI) e com as federações internacionais de cada modalidade -, Boris Johnson voltou a elogiar os brasileiros. Disse ter conhecido a presidente da Empresa Olímpica Municipal, Maria Silvia Bastos Marques, que acompanha Paes em Londres, e evitou, mais uma vez, dar sugestões ou palpites ao Rio. “O sistema já foi colocado em prática”, avisou. A boa interlocução entre os prefeitos ficou clara no decorrer da entrevista, em que Eduardo Paes precisou de jogo de cintura e bom humor para não ser engolido pelo show de Boris.

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O londrino já está acostumado a roubar a cena, e anda ainda mais indomável do que de costume, em função de seu enorme triunfo na condução dos Jogos (questionado sobre o que mudou desde que estava na mesma situação de Paes, há quatro anos, no fim de Pequim-2008, resumiu: “É a diferença entre uma apreensão de gelar a espinha e uma crescente sensação de alívio”). O prefeito do Rio, porém, teve desenvoltura e interagiu bem com Johnson. Ainda no início da entrevista, o prefeito de Londres falou sobre a tarefa de entregar a bandeira olímpica ao brasileiro na cerimônia de encerramento, no domingo, fechando a festa britânica e abrindo caminho para o Rio. “Farei meu melhor para não ser tão lacrimoso quanto os atletas britânicos”, brincou, em referência a uma pesquisa que mostrou que os esportistas da equipe da casa são os que mais choram na hora de receber suas medalhas. “Eduardo disse que teme que eu faça alguma maluquice na hora. Bem, não posso garantir nada.” Em seguida, fingiu que entregaria uma bandeira olímpica a Paes, mas a tirou das mãos do convidado antes que ele a agarrasse, caindo na gargalhada. Boris Johnson, fica claro, não quer que sua festa termine. Dentro de três dias, porém, terá de dar lugar ao colega brasileiro.

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