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Ainda incompleto, o Maracanã reabre com festa e protesto

Evento-teste teve operários-cambistas, manifestação contra privatização, shows com playback, vaias no hino e pelada morna entre veteranos. Por dentro, porém, o belo palco da final da Copa já encanta seus convidados

Assim como em 1950, quando recebeu seu primeiro jogo de Copa do Mundo ainda incompleto, o Estádio do Maracanã foi reaberto na noite deste sábado com as obras ainda em andamento. Shows musicais, autoridades nas tribunas, protestos no lado de fora e uma partida comemorativa entre os amigos de Ronaldo e os amigos de Bebeto marcaram o primeiro evento-teste do palco da final da Copa das Confederações, em junho. Ficou claro o motivo de o governo do Rio de Janeiro não ter promovido um amistoso aberto ao público (só os operários e suas famílias foram convidados). O campo está totalmente concluído, assim como os setores destinados ao público. O entorno do estádio, no entanto, parece muito distante de estar pronto, com entulho, máquinas, tapumes e materiais de construção. O evento contou com a presença da presidente Dilma Rousseff, que acompanhou a reabertura do estádio ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do governador Sergio Cabral, do prefeito Eduardo Paes e de Aldo Rebelo, ministro do Esporte. A equipe de Ronaldo venceu o amistoso, disputado em ritmo de pelada de fim de semana, por 8 a 5. Assim como no antigo Maracanã, uma multidão de curiosos acompanhou a partida à beira do gramado – uma cena que certamente não se repetirá daqui a oito semanas, em 16 de junho, quando o estádio recebe seu primeiro jogo da Copa das Confederações, entre Itália e México.

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Os quatro telões impressionaram pela definição e qualidade das imagens e o sistema de som não falhou em nenhum momento. A acústica e a iluminação do novo Maracanã também são de se elogiar. Mesmo com o novo e moderno sistema de som, os funcionários conseguiram fazer mais barulho que os alto-falantes em alguns momentos – inclusive quando o governador Sergio Cabral apareceu em um dos telões e foi alvo de muitas vaias. A obra foi bancada pelo governo estadual, que é muito criticado por causa do processo de privatização (cujos termos são polêmicos) e pela demolição das instalações de natação e atletismo que faziam parte do complexo. Durante o jogo, aliás, um grupo estendeu uma bandeira em protesto contra a concessão do estádio à iniciativa privada. Ao mesmo tempo, a polícia precisou ser acionada do lado de fora do estádio para conter manifestantes que também criticavam a privatização e a demolição das instalações esportivas do complexo. Na sexta-feira, um grupo de índios também se manifestou na entrada do estádio para reclamar das desapropriações ligadas à reforma. Outro aspecto da festa que virou uma dor de cabeça para a organização foi a revenda de convites – alguns operários fizeram as vezes de cambistas, vendendo seus ingressos mesmo diante da presença de policiais que faziam o patrulhamento nos arredores do estádio.

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Antes da partida, parte da arquibancada (no lado do estádio que não foi ocupado pelos convidados) virou um enorme telão para lembrar momentos marcantes da história do Maracanã e exaltar os operários que trabalharam na reforma. “O Maracanã é o grande tambor da nação brasileira. Ninguém pode falar da maior paixão do país, o futebol, sem falar de Maracanã”, dizia a narração do vídeo. Depois das imagens projetadas sobre as cadeiras vazias, começaram as apresentações musicais – com playback – preparadas para animar os operários e suas famílias. O primeiro a pisar no novo Maracanã foi Neguinho da Beija Flor, que cantou uma das músicas-tema do estádio, Domingo, Eu Vou ao Maracanã. Na sequência, o funkeiro Naldo animou a torcida com uma versão especial do seu sucesso Amor de Chocolate, com trechos que homenageavam as torcidas cariocas. Em seguida veio Preta Gil, que cantou Aquele Abraço, de autoria do pai, Gilberto Gil. Martinho da Vila fechou a sequência com Cidade Maravilhosa. A bateria do AfroReggae entrou no gramado logo em seguida e deu início à execução de uma longa versão do hino nacional, interpretado por Fernanda Abreu (que foi vaiada por vestir uma camisa do Vasco), Ivan Lins (com a camisa do Fluminense), Sandra de Sá (com o uniforme do Flamengo) e Eduardo Dusek (com as cores do Botafogo), acompanhados de um violinista. Encerrada a festa, o Maracanã volta a virar um canteiro de obras – ainda é preciso concluir os preparativos até a reabertura oficial, no amistoso entre Brasil e Inglaterra, em 2 de junho. Antes disso, o governo do Rio planeja outro evento-teste, ainda indefinido, no mês que vem.

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Leia na coluna do Augusto Nunes:

Dilma Rousseff chegou ao Maracanã para participar da festa de reabertura do estádio que será fechado à noite porque não ficou pronto. Entrou muda e calada continuou no camarote vip, ao lado do governador Sergio Cabral e do prefeito Eduardo Paes, esquivou-se do telão, não se candidatou ao pontapé inicial e não se atreveu a sequer esboçar a discurseira mal ajambrada que recitou, sempre para plateias de confiança, nos novos gramados de Fortaleza, Salvador e Belo Horizonte. Ao repassar o pontapé inicial para um pedreiro e o microfone para o apresentador de TV Luciano Huck, Dilma Rousseff confirmou que nada é mais pedagógico que uma vaia de bom tamanho no velho templo do futebol brasileiro. Na abertura dos Jogos Panamericanos de 2007, Lula ali aprendeu (e a afilhada aprendeu com o padrinho) que o Brasil dos institutos de pesquisa tem pouco a ver com o país real. É bem fácil ser campeão de voto em fábricas de porcentagens dependentes do patrocínio federal.

O primeiro vídeo do Drone VEJA

Após um ano de preparativos, VEJA estreia seu multicóptero controlado à distância em uma gravação realizada no Estádio do Maracanã. Drone é a palavra em inglês usada para designar os veículos aéreos não tripulados. Equipado com uma pequena câmera, o dispositivo de VEJA é capaz voar alto – mais de 100 metros – ou bem próximo da cena retratada. No caso do Maracanã, isso significa uma perspectiva única do gramado, das arquibancadas e da cobertura, recém-reformados, como se pode ver no clipe abaixo. A versão completa do vídeo, assim como o making of da gravação, estão na edição para tablets da VEJA desta semana. Bom voo!

Para ler outras reportagens compre a edição desta semana de VEJA no IBA, no tablet ou nas bancas. Confira outros destaques de VEJA desta semana.

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