O arquipélago de Cabo Verde vive um dia histórico nesta segunda-feira, 13, e festeja uma classificação inédita para a Copa do Mundo de 2026. A seleção conhecida pela alcunha de Tubarões Azuis venceu Essuatíni por 3 a 0 e deixou Camarões para trás no grupo, garantindo uma vaga inesperada para o torneio mais importante do futebol internacional.
Com o mesmo técnico desde 2020, Cabo Verde precisou se mobilizar para formar um time de Copa do Mundo. Nesse sentido, apostou nos “filhos da diáspora” e foi buscar jogador no LinkedIn para formar um time histórico. PLACAR conta a história da seleção luso-africana.
A classificação para a Copa do Mundo
Cabo Verde chegou para as rodadas finais das Eliminatórias com a vaga muito bem encaminhada. Por exemplo, em dois jogos, a seleção precisava de apenas uma vitória, sendo que jogaria contra a lanterna do grupo, Essuatíni. Fez a lição de casa, venceu e garantiu a festa no arquipélago.
Ao longo da campanha, Cabo Verde sofreu apenas uma derrota: para a tradicional Camarões. Ainda assim, liderou o grupo e garantindo a eliminação do rival, além de uma competitiva Líbia, comandada pelo ex-jogador senegalês Aliou Cissé.

Torcida de Cabo Verde festeja classificação histórica à Copa – Divulgação/Fifa
Os filhos da diáspora e o LinkedIn
Como um arquipélago na costa africana, formado por 10 ilhas e com uma população próxima a 500 mil habitantes conseguiu ir para a Copa do Mundo? A resposta é bem parecida com o sucesso de outras seleções do continente: a busca pelos filhos da diáspora.
Assim sendo, Cabo Verde foi colonizada por Portugal e se tornou um ponto estratégico da rota e do tráfico de escravos africanos para o Brasil. Por conta disso, muitos filhos de cabo-verdianos hoje moram em outros países. A seleção, então, passou a mapear possíveis atletas com base neste contexto – algo semelhante ao que realiza seleções como Marrocos, Argélia, Tunísia e muitos outros africanos.
Dos 25 jogadores convocados, 13 não nasceram em Cabo Verde. A maioria (6) nasceu na Holanda, principalmente em Roterdã, cidade portuária que recebe muitos grupos imigrantes. Naturalmente, por conta da colonização, há também jogadores nascidos em Portugal (4). Além deles, há também dois franceses e um irlandês.
Convocação pelo LinkedIn
Roberto Lopes é o único irlandês do grupo. Conhecido pelo apelido de Pico, o zagueiro recebeu uma mensagem no LinkedIn em 2018, mas ignorou acreditando que fosse spam. A tentativa de contato havia sido realizada por Rui Águias, ex-técnico de Cabo Verde. Ele voltou a tentar e, na segunda vez, Pico traduziu o texto.
“Era algo que sempre quis e no qual adoraria estar envolvido. Tive a sorte de a oportunidade ter aparecido de novo, e, desde então, tem sido uma aventura incrível”, contou à Fifa.
Jogadores que nasceram fora de Cabo Verde
Bruno Varela – Portugal
Roberto Lopes – Irlanda
Wagner Pina – Portugal
Steven Moreira – França
Sidny Cabral – Holanda
Heri Tavares – Portugal
Laros Duarte – Holanda
Deroy Duarte – Holanda
Jamiro Monteiro – Holanda
Willy Semedo – França
Garry Rodrigues – Holanda
Telmo Arcanjo – Portugal
Dailon Livramento – Holanda
Total: 13 jogadores | 6 Holanda | 4 Portugal | 2 França | 1 Irlanda
Bubista: comandante técnico
O trabalho de Cabo Verde é comandado desde 2020 por Pedro Leitão Brito, conhecido como Bubista. O técnico estabeleceu a seleção em novos patamares. Para a Copa do Mundo de 2022, por exemplo, Cabo Verde foi vice-líder do grupo e não garantiu a classificação por dois pontos de diferença em relação a Nigéria.
Além disso, Bubista foi responsável pela grande campanha na Copa Africana de Nações de 2023. Só para ilustrar, Cabo Verde alcançou as quartas de final e foi eliminado de forma invicta, nos pênaltis para a África do Sul. Em conclusão, foi o melhor desempenho da seleção na história da competição, repetindo 2013.

Jogadores de Cabo Verde celebram vitória nas Eliminatórias africanas – Divulgação/Fifa