Copa América x Euro: enfim, Conmebol valoriza seu produto
Vitor Sergio Rodrigues (VSR), comentarista da TNT Sports, analisa as competições no guia PLACAR da Copa América e da Euro
Coluna publicada na edição 1512, o guia da Copa América e da Euro
A DEVIDA IMPORTÂNCIA
A Copa América é o torneio entre seleções mais antigo do mundo, disputado desde 1916, portanto, 14 anos antes da criação da Copa do Mundo. Uma competição com uma história assim, envolvendo equipes que produziram alguns dos maiores jogadores da história do esporte, além de dez títulos mundiais, deveria ser muito valorizada. Mas a realidade não é essa, por um motivo bem simples: desgaste.
A Conmebol, a confederação que rege o futebol na América do Sul, nunca teve cuidado com o que o torneio representa e explorou a Copa América da maneira indiscriminada, gerando uma antipatia injusta, mas compreensível com um torneio que vai para a sua 47ª edição.
Ao longo da história, a Copa América nunca teve uma periodicidade definida, já foi disputada duas vezes no mesmo ano, em várias sedes, foi realizada em meio a um conflito armado dentro de um país e nos últimos anos tivemos quatro edições em sete anos, de 2015 a 2021, passando a total sensação de que o que estava em disputa não era importante.
Só como efeito de comparação, a Euro, o torneio envolvendo as seleções europeias, criado apenas em 1960, já nasceu sendo disputada de quatro em quatro anos e apenas em 1996 cresceu de oito para 16 times. Essa definição clara de organização e propósito fez com que a competição fosse muito valorizada e aguardada como um grande evento e não como mais uma edição qualquer…
As aulas de marketing nos ensinam que explorar demais a imagem de um produto é o principal motivo para a sua derrocada. E a Conmebol fez isso com a Copa América, quando, a partir de 1987, decidiu realizar o torneio a cada dois anos, fazendo com que todos os seus dez países membros sediassem o torneio pelo menos uma vez.
Nesse período, a Copa América virou algo comum, corriqueiro, chegou a ser jogada com equipes reservas em algumas oportunidades e deixou a sensação de que era um torneio que ninguém estava querendo, de quem ninguém sentia saudade. E, especificamente no Brasil, por uma questão de calendário, ainda é considerada vilã por tirar jogadores importantes dos principais times. Como vai acontecer novamente, agora, em 2024.
Agora, parece que finalmente a Conmebol entendeu que tem um artigo de valor nas mãos ao definir que a Copa América será disputada de quatro em quatro anos. Esta edição, maior, disputada também com seleções da Concacaf, nos Estados Unidos, utilizando vários estádios da Copa do Mundo de 2026, é uma ótima oportunidade para reafirmar isso. Ainda mais com o torneio voltando a ter o campeão mundial após seis edições, com o título conquistador pela Argentina no Catar, no que pode ser a última competição de Lionel Messi com sua seleção.
Vai ser muito bom ter a Euro e a Copa América disputadas praticamente de forma simultânea no meio deste ano, ainda mais com o torneio sul-americano sendo bem organizado, com uma bom imagem visual, em ótimos estádios e com grande lotação. Além de (esperamos!) um futebol bem jogado, como vem sendo nestas Eliminatórias. Será uma boa lição de que a Copa América pode ser muito melhor do que foi nos últimos 20 anos.
A consagrada frase de que a “Euro é uma Copa do Mundo sem Brasil e Argentina” sempre serviu para mostrar a qualidade do torneio europeu. Mas ao mesmo tempo, é um selo de qualidade também do que a Copa América poderia ser, já que tem Brasil, Argentina, Uruguai e outras grandes seleções. Mas para isso, quem deveria zelar da imagem, da história e da glória do torneio precisava ser mais cuidadoso com a Copa América. Antes tarde do que nunca, não é, Conmebol?
*Vitor Sérgio Rodrigues, o VSR, é comentarista da TNT Sports.
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