Em 2008, Mano chegava ao Corinthians como novo ‘salvador da pátria’
Timão apresentava o treinador em meio a uma barca de saídas e reforços após rebaixamento; quinze anos depois, está prestes a retornar
“Sempre sonhei em dirigir o Corinthians”. “Temos a maior torcida do país”. “Esta é minha casa”. As frases ditas por Mano Menezes logo na chegada ao Corinthians, em janeiro de 2008, foram registradas em reportagem escrita pelo jornalista Luiz Augusto Simon, na edição 1315 de PLACAR, publicada em fevereiro do mesmo ano.
O treinador iniciava ali a vitoriosa história no clube, marcada por duas passagens e pelas conquistas do Campeonato Brasileiro da Série B de 2008, do Paulista de 2009 e da Copa do Brasil de 2009. Curiosamente, nesta quinta-feira, 28, o Timão deve anunciá-lo novamente como seu treinador.
Na publicação, Mano ainda fazia planos do porvir em um Corinthians em crise, que tentava se reinventar para a disputa da segunda divisão nacional. Ao todo, 14 jogadores haviam sido contratados e 16 dispensados após a queda, o que deu ao treinador o trabalho de construir um plantel basicamente do zero.
Gaúcho e com enorme destaque pelo Grêmio, o técnico chegou falando em tom de foco no trabalho. Na mesma linha, evitou comparações com um dos maiores nomes da história do futebol do Rio Grande do Sul: Luiz Felipe Scolari, o Felipão.
Esse foi o início de um trabalho que rendeu frutos ao Timão, iniciando uma sequência de anos gloriosos.
Confira a matéria completa:
Meu nome é Menezes
Nada de “Mano da Fiel”, o novo comandante da barca alvinegra mostra em São Paulo o mesmo estilo “distante e trabalhador” que o marcou no Grêmio
Luiz Augusto Simon
“Sempre sonhei em dirigir o Corinthians.” “Temos a maior torcida do país.” “Esta é mi nha casa.” Mano Menezes não disse nada disso para tentar ganhar a Fiel. Ele nunca foi dado a declarações como essas. É um pragmático. Trabalhador.
Diz que trabalhar em São Paulo era o maior passo a dar nesse momento da carreira. Sonha com a Liga Inglesa, admite. Até estuda inglês para não fazer feio quando – ou se – lá chegar. Terá um longo caminho pela frente em 2008. Vem para tentar repetir algo que marca sua trajetória como treina dor: a reconstrução de um time. Foi bem mais difícil no Grêmio de 2005, que começava a segunda divisão com dificuldades para levar 18 profissionais para um jogo. No Corinthians, já teve direito a 14 contratações.
O time que está formando não é nenhum primor de técnica, como aliás nenhum time que dirigiu até então. Por isso, Mano insiste em treinamentos físicos nesse começo de temporada. Quer uma equipe que não perca na corrida para ninguém.
E não venham com trocadilhos com seu nome ou comparações baratas. Ele é gaúcho, sim, mas não é o novo Scolari. “Não imponho uma verdade tática. Mesmo porque, se o jogador tiver outra verdade, no momento decisivo, vai optar pela sua. Tento mostrar que a minha é melhor.”
Mudou a comissão técnica. Mudaram os jogadores. Mudaram os dirigentes. Mudou até o patrocinador. Mas é o respeito que o treinador conquistou nos últimos dois anos – e que agora traz ao Parque São Jorge – que faz a torcida falar em um “novo Timão”. Confira nas próximas páginas como navega o barco corintiano sob nova direção.
Nau corintiana
Novo comandante, com tripulacão renovada. O vento parece soprar a favor do Timão para atravessar os mares revoltos da série B
O comandante
Quando Mano chegou, estavam recrutados Rafinha e Lima. Todos os novos marujos foram indicados ou aprovados por ele. Mano só não conhecia o zagueiro Suárez. Mas chamou de “uma oportunidade de mercado”. Ele navega com homens de confiança. Remem!
O timoneiro
William. O zagueiro com quem Mano trabalhou no Grêmio é um subtécnico e seu homem de confiança. Tem bom nível cultural, entende de futebol e sabe o esquema de cor. É o único jogador com quem o chefe aparece em público conversando, o tempo todo. Sua primeira missão é segurar Coelho e André Santos, acostumados ao 3-5-2.
A tripulação
Mano não teve dúvida em começar pela defesa, velho calcanhar-de-aquiles corintiano. O goleiro Felipe foi o segundo melhor na Bola de Prata ano passado, assim como Coelho na lateral direita (sua permanência é pedido do técnico). Chicão foi o sexto melhor zagueiro e William, o nono. André Santos foi o quarto melhor lateral-esquerdo.
A estrutura
Em 2007, tudo girava em torno de vices de futebol folclóricos como Rubens Gomes, o Rubão, e Antoine Gebran. Ainda há os cartolas “crias da casa” (há um vice de futebol, dois diretores e um gerente), mas foi contratado um diretor remunerado para cuidar de aspectos técnicos: Antônio Carlos. É claro que eles batem cabeça, mas melhorou.
A rota
Mano chegou pensando em jogar no 4-2-3-1. Mas Marcel e Acosta naufragaram em suas missões originais. O time já atuou no 4-4-2 e até no 3-5-2.
O ouro
Mesmo com a chegada de Mano (230000 reais por mês), o clube informa que economiza 15% em relação ao que gastava em 2007. Felipe e Acosta têm os maiores salários: 90000 reais.
Quem saiu
Marcelo (G), Betão (Z), Marinho (Z), Zelão (Z),Cadu (Z), Fábio Braz (Z), Edson (L), Iran (L), Gustavo Nery (L), Vampeta (V), Ricardinho (V), Moradei (V), Aílton (M), Clodoaldo (A), Wilson (A) e Júnior Negão (A)
Quem chegou
Valença (Z), Chicão (Z), Cristian Suárez (Z), William (Z), Coelho (L), Alessandro (L), André Santos (L), Perdigão (V), Ricardo Bóvio (V), Fabinho (V), Marcel (M), Rafinha (M), Lima (A), Acosta (A) e Herrera (A)