Em 2000, Brasil deu show com técnico interino e gols vascaínos
Sob o comando de Candinho, auxiliar do demitido Luxemburgo, seleção atropelou a Venezuela em Maracaibo, mas viveria crise até o fim das Eliminatórias
A seleção brasileira voltará a ter um treinador interino. Ramon Menezes, comandante da equipe sub-20, assumirá o lugar deixado por Tite, ao menos no amistoso diante do Marrocos, em 25 de março, enquanto a CBF negocia com Carlo Ancelotti e outras estrelas do futebol europeu. Há 23 anos, o time passou por uma situação semelhante, ao ficar sem técnico depois da demissão de Vanderlei Luxemburgo (à época, seu nome era grafado como Wanderley). A solução foi escalar o auxiliar Candinho, que foi muito bem: com seis gols de altletas do Vasco, sendo quatro de Romário, a seleção goleou a Venezuela por 6 a 0, pelas Eliminatórias do Mundial de 2002, em Maracaibo.
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Luxemburgo foi demitido depois da derrota para Camarões nas quartas de final das Olimpíadas de Sidney-2000. A equipe principal também vivia um momento complicado naquele 8 de outubro de 2000 (durante toda a campanha, flertou com o risco de não se classificar à Copa da Coreia do Sul e do Japão). Candinho, que foi um técnico de sucesso, especialmente na Portuguesa, e era auxiliar de Luxemburgo, então topou o desafio de dirigir a equipe naquela tarde ensolarada e apostou em uma receita simples: a base do Vasco, melhor time do país na época.
Deu certo e o Brasil atropelou a Venezuela com quatro de Romário, um de Euller e outro de Juninho Paulista. Após a perdida, em sua despedida, Candinho ironizou as críticas ao time, que àquela altura assumia a segunda posição das Eliminatórias, dizendo que estava previsto que o Brasil se recuperaria na reta final do turno, com jogos diante de Bolívia e Venezuela. Suas declarações foram criticadas pelo craque Tostão, então colunista de PLACAR, na edição de novembro de 2000.
“A imprensa e o público brasileiro nunca duvidaram da classificação do Brasil. Ficar em segundo lugar não era mais do que uma obrigação. Qualquer equipe bem montada da Copa João Havelange poderia fazer o mesmo. Só que isso não basta. O que todos querem ver é bom futebol”, escreveu a lenda do Cruzeiro e da seleção. O Brasil, na verdade, acabaria em terceiro, empatado em pontos com o quarto, Paraguai, e já sob o comando de Luiz Felipe Scolari, só se classificaria no último jogo, justamente com um triunfo sobre a Venezuela, com gols de Luizão.
Dias depois da goleada na Venezuela, Emerson Leão, então no Sport, assumiria o cargo de maneira fixa. Mas, menos de um ano depois, o ex-goleiro acabaria demitido, no aeroporto de Tóquio, após terminar em quarto na Copa das Confederações do Japão. Coincidentemente, o gol marcado pelo Brasil na derrota por 2 a 1 para a França, na semifinal, foi de Ramon Menezes, também meia do Vasco na época, que agora entrará para a história como técnico da seleção principal, ao menos em uma oportunidade.