Em 1996, Roberto Baggio cogitava jogar no Flamengo: ‘Zico é meu ídolo’
Então em má fase no Milan, craque italiano falou de sua admiração pelo futebol brasileiro, em entrevista a PLACAR há 26 anos
Todo ano é assim: com campeonatos europeus parados e o mercado de transferências aberto, o noticiário esportivo no mês de junho é cercado de ofertas e especulações. Este ano, o Botafogo é uma das equipes mais ativas da janela e negocia com um goleador internacional, o israelense Eran Zahavi, de saída do PSV, da Holanda, e também com o consagrado meia colombiano James Rodríguez. Há 26 anos, uma estrela de enorme calibre cogitou trocar a Europa pelo Rio de Janeiro. Em entrevista a PLACAR, Roberto Baggio, o grande craque italiano daquela década, então em má fase no Milan, falou de sua admiração pelo Flamengo e de sua idolatria por Zico.
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Baggio, então com 29 anos, vinha de uma temporada ruim no Milan, atuando fora de posição. Naquela época, dois anos depois do tetra da seleção brasileira, craques daquele Mundial, como o romeno Hagi e o búlgaro Stoichkov eram especulados em clubes brasileiros – São Paulo e Palmeiras, respectivamente. Questionado pelo repórter Alexandre Battibugli durante uma visita a São Paulo sobre a chance de disputar o Brasileirão, Baggio não teve dúvidas sobre qual camisa gostaria de vestir.
“Assisto ao futebol brasileiro desde os tempos em que era garoto. Sempre gostei de Zico e vi muitas partidas do Flamengo pela televisão. Zico é meu ídolo. Como consequência, se tivesse que optar por um time brasileiro, jogaria no Flamengo”, disse. Como se sabe, a vinda de Baggio, Hagi e Stoichkov não passou de um devaneio. No ano seguinte, o italiano trocaria o Milan pelo vizinho Bologna.
Naquele entrevista, publicada na edição de agosto de 1996, Baggio também comentou sobre o lance que atormentou sua vida, o pênalti perdido na final da Copa de 1994, diante do Brasil. Ele negou se sentir mal tratado nas ruas em razão do chute para fora. “Não mudou nada. As pessoas me festejavam do mesmo jeito. Acho que perceberam que um pênalti tanto pode ser convertido quanto pode ser errado.”
O blog #TBT PLACAR, que todas as quintas-feiras rememora uma entrevista ou reportagem de nossos quase 52 anos de história, traz, na íntegra, a entrevista de 26 anos atrás.
Em seu primeiro ano no Milan, você passou a jogar como atacante. Não foi uma boa temporada. Essa alteração prejudicou seu futebol? Prefiro jogar no meio-campo e nunca escondi isso. Dizem que por causa da mudança de posição eu acabei fora da Eurocopa. Não penso assim. O problema é que não fiz muitos gols. As pessoas não prestam tanta atenção no seu futebol quando os gols não aparecem.
Você conversou com Oscar Tabarez, o novo técnico do Milan, sobre a maneira de jogar?
Não, nem vou conversar. Tabarez foi contratado para ser o treinador. Ele deve escolher a melhor maneira de escalar o time e decidir onde eu devo jogar.
O goleiro Taffarel declarou que a vitória brasileira na final da Copa era a prova de que Cristo é maior do que Buda, em referência à sua fé. O que você pensa sobre isso? Ele deve ter dito isso num momento de euforia. Ele tem sua fé, eu tenho a minha. Eu respeito os sentimentos dele. Espero que ele também respeite os meus.
Depois de errar o pênalti decisivo contra o Brasil, qual foi a reação dos torcedores?
Eles só se mostravam surpresos. Porque eles nunca esperaram que logo eu fosse errar o pênalti. Mas não mudou nada. As pessoas me festejavam do mesmo jeito. Acho que perceberam que um pênalti tanto pode ser convertido quanto pode ser errado.
Você se decepcionou com o nível técnico da Eurocopa?
Sinto hoje que os técnicos valorizam mais o aspecto físico. São importantes para eles os resultados em testes de 100 metros, saber em quanto tempo um jogador dá duas voltas ao redor do campo. Eu prefiro o futebol bem jogado. Sinto uma falta tremenda dos tempos da fantasia.
Falou-se muito de Hagi, no São Paulo, Stoichkov, no Palmeiras. Roberto Baggio jogaria no Brasil?
Assisto ao futebol brasileiro desde os tempos em que era garoto. Sempre gostei de Zico e vi muitas partidas do Flamengo pela televisão. Zico é meu ídolo. Como consequência, se tivesse que optar por um time brasileiro, jogaria no Flamengo.