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Copa do Mundo

Amarelão? Em 2007, Ronaldinho Gaúcho listou jogos que decidiu

Em entrevista à PLACAR, craque do Barcelona contou como reagia às críticas sobre seu desempenho na seleção brasileira; confira texto original de Gian Oddi e Paulo Passos, na íntegra

Publicado por: Redação em 24/07/2025 às 18:56 - Atualizado em 24/07/2025 às 18:58
Amarelão? Em 2007, Ronaldinho Gaúcho listou jogos que decidiu
Capa da edição de maio de maio de 2007 e o gol contra a Venezuela em 1999 -Jader da Rocha/ PLACAR

Ronaldinho Gaúcho foi um dos melhores e mais talentosos jogadores de todos os tempos. Nem por isso era uma unanimidade. Eleito o melhor jogador do mundo em 2004 e 2005 durante seu auge no Barcelona, e campeão do mundo com a seleção brasileira em 2002, o meia conviveu com críticas nos anos seguintes. Sua queda de rendimento e atuações apagadas, sobretudo com a camisa da seleção brasileira, eram motivo de acalorado debate.

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Em maio de 2007, Ronaldinho concedeu uma entrevista exclusiva aos repórteres Gian Oddi e Paulo Passos, para a edição 1306 de PLACAR, na qual rejeitou a fama de amarelão. “Eu sou F…” era a chamada da  reportagem com o camisa 10, que já vivia a reta final de sua trajetória na Catalunha.

Capa da edição de maio de 2007 com Ronaldinho Gaúcho

Dentre seus maiores jogos pela seleção brasileira, R10 lembrou da final do Mundial Sub-17 contra Gana, a estreia diante da Venezuela (o do golaço e narração “Olha o que fez”, de Galvão Bueno), a goleada sobre a Argentina na final da Copa das Confederações de 2005, além das quartas de final da Copa do Mundo de 2002, contra a Inglaterra.

A reportagem também listou 10 jogos marcantes em que Ronaldinho Gaúcho deixou a desejar, com destaque para a final do Mundial de Clubes de 2006, vencida pelo rival da infância, o Inter, diante do Barça.

Quanto às críticas, Ronaldinho dizia não se importar: “Minha preocupação é só jogar. A cobrança vem sempre que o time não está bem. Por um lado é bom: se cobram de mim é porque sabem que posso render mais. Isso serve de motivação para cada dia treinar mais. Mas já estou acostumado: dentro do futebol é assim.”

O blog #TBT PLACAR, que todas as quintas-feiras recupera um tesouro de nosso 55 anos de acervo, reproduz na íntegra o texto abaixo:

Eu sou f…

Comemorar gols com a frase acima não é novidade para Ronaldinho. Agora, em entrevista exclusiva à Placar, ele chuta a modéstia e rebate as inéditas críticas na Europa elegendo os dez jogões em que diz ter sido o cara

Gian Oddi e Paulo Passos

O sorriso do craque não é o mesmo. Apontado como um dos três atletas mais importantes da história do Barcelona, jogador mais bem pago do mundo segundo a revista France Footbal ” ganha 24 milhões de euros anuais “, onipresente em propagandas e camisetas pela capital da Catalunha e artilheiro do time no Espanhol, Ronaldinho Gaúcho, à primeira vista, só teria motivos para sorrir. Mas já não é bem assim. Desde o fim da Copa da Alemanha, o jogador que segundo a Fifa foi o melhor do planeta em 2004 e 2005 passou a viver uma situação para ele inédita na Europa: ser contestado. Prova disso foram as vaias ressoadas no Camp Nou num jogo contra o Nástic, em janeiro. É verdade que os apupos saíram de uma pequena parcela das mais de 60000 pessoas que viram a vitória do Barça por 3 x 0. Assim mesmo, os ruídos ganharam eco. Porque eram inéditos: Ronaldinho jamais ouvira vaias no Camp Nou. As primeiras críticas, essas sim, vieram após o Mundial. Mais amenas que no Brasil, é verdade. Mas o estado do craque passou a preocupar os catalães.

“Parece que o clube entregou um jogador à seleção e pouco mais de um mês depois recebeu outro completamente diferente”, diz o jornalista Marcos Lopez, do diário El Periodico. O termo resaca mundialista passou a ser usado pela imprensa espanhola quando Ronaldinho não ia bem. A cobrança é notada até por rivais, como o espanhol David Villa, do Valencia: “O nível de exigência no futebol espanhol é muito alto. Quando um jogador começa a conquistar coisas, as pessoas querem mais. É isso que ocorre com o Ronaldinho. Ele pode não estar no mesmo nível do ano passado, mas ainda é decisivo. Vão exigir sempre mais de um jogador como ele, mas acho que o Ronaldinho está tendo uma temporada mais que aceitável.”

Questionado sobre as críticas numa entrevista exclusiva em que alternou momentos de descontração e surpreendente timidez, Ronaldinho respondeu com uma contundência que não lhe é peculiar, listando dez jogos (veja quadro ao lado) que, segundo ele, falam mais que qualquer resposta que possa dar. E disse mais: “Leio jornais e vejo a internet, mais até para acompanhar o futebol. Não fico procurando saber o que disseram de mim. A cobrança vem sempre que o time não está bem, mas dentro do futebol é assim mesmo: temos que demonstrar a cada jogo que temos condições. Isso me motiva”.

Diante do trauma pela queda no rendimento de Ronaldinho depois da Copa, surgiram rumores sobre uma pressão do Barcelona para que o jogador não dispute a Copa América, que acontece nos meses de junho e julho deste ano, na Venezuela. O fato de o craque ter perdido a mítica camisa 10 da seleção brasileira para Kaká transformou o técnico Dunga em persona non grata na capital catalã. O capitão do tetra passou a ser criticado e até ridicularizado em jornais, rádios e televisões locais. Perguntado sobre o fato, Frank Rijkaard, técnico do Barcelona, foi enfático: “Aqui, isso jamais acontecerá!”

Mas, mesmo que essa suposta pressão do Barcelona exista de fato, Ronaldinho Gaúcho dificilmente ficará de fora da Copa América. Porque o craque, aos poucos, rompeu a resistência de Dunga. “Sei que falam muito sobre a gente, mas temos um relacionamento muito legal, muito profissional”, diz o jogador. Embora não admitam publicamente, tanto o técnico quanto a direção da CBF resolveram testar Ronaldinho (e não só ele) após o Mundial da Alemanha. Sacudir a pasmaceira era a ordem da vez na seleção. Ronaldo, Cafu e Roberto Carlos foram afastados. E a CBF fez um pedido especial para que o treinador “apertasse” os quatro lados do “quadrado mágico”. Não impôs nada, mas pediu atenção.

Ronaldo Fenômeno esteve queimado, mas com a boa fase no Milan e as últimas declarações de que adoraria jogar a Copa América já está cotado para voltar ao grupo. Adriano, por conta própria, virou um “convocável comum”, não é mais um vértice do quadrado. Kaká passou a ser querido, o principal símbolo da seleção. Sua postura tranqüila e apaziguadora, ao aceitar sem bico a reserva no início da gestão do novo treinador, funcionou bem, assim como a brilhante atuação no amistoso com a Argentina, quando saiu do banco para decidir a partida.

Enquanto isso, por mais que fingisse que não, Ronaldinho Gaúcho jamais entendeu duas coisas: primeiro, por que não foi convocado desde o início da “Era Dunga”. Segundo, o motivo para primeiro ter ido para o banco de reservas e, só a partir do amistoso contra o Chile, já sem a camisa 10, em Estocolmo, ter voltado à equipe titular ” ele só não foi chamado por Dunga nas primeiras partidas porque, para o treinador, sua fase técnica e física não era boa. Nada mais.

A situação exigia uma conversa. E foi ali mesmo, em Estocolmo, que Ronaldinho Gaúcho falou cara a cara com Dunga. Não reclamou abertamente nem fez questionamentos diretos, até porque não teve abertura para isso, mas procurou ouvir o técnico, seus argumentos e, ao mesmo tempo, se aproximar dele. O jogador garantiu que não pensa nem pensou em largar a seleção. Prometeu se dedicar, admitiu ter ficado abaixo das suas possibilidades na Copa da Alemanha e disse que poderia dar muito mais à seleção. Não chegou a pedir para jogar em determinada posição, mas foi claro ao dizer que queria jogar. Dunga resolveu ceder. Até porque a boataria de que Ronaldinho pediria dispensa da Copa América poderia espalhar faíscas por todos os cantos, agitar a mídia, acordar a torcida ainda meio trôpega após o fiasco no Mundial e atrapalhar a seleção. Dunga antecipou uma decisão que já estava nos seus planos e resolveu escalar Ronaldinho.

Após a recomendação inicial que fizera em relação ao quadrado, Ricardo Teixeira, o presidente da CBF, jamais pressionou Dunga a nada. Apesar de decepcionado com o baixo rendimento de Ronaldinho Gaúcho na Copa, o dirigente sabe o quanto é forte sua imagem. E sabe que ela traz dividendos, direta ou indiretamente. Por exemplo: a figura do craque aguça a curiosidade dos asiáticos, e não faltam à CBF convites para amistosos na Coréia do Sul e no Japão. Teixeira sabe, portanto, que é de bom tom Ronaldinho Gaúcho estar no grupo. Não chega a ser uma cláusula contratual (na maioria dos casos), mas é uma condição, digamos, já natural dos contratantes.

O amistoso contra a Inglaterra, no dia 1º de junho, será fundamental para definir quem jogará a Copa América: quem estiver na lista do amistoso estará na Venezuela. E, hoje, a tendência é que Ronaldinho Gaúcho, assim como Kaká e, acreditem, Ronaldo, esteja em Wembley contra os ingleses.

No fundo, no fundo, tanto a CBF quanto Dunga sabem muito bem que precisam de Ronaldinho. E o craque, na contramão, avalia que vestir a camisa amarela também lhe traz lucros e que, por isso mesmo, é bom estar afinado com quem manda ” Dunga, no caso. Resumindo, a relação de três pontas entre CBF, Dunga e Ronaldinho é bem parecida com o raciocínio daquele casamento já desgastado, mas que não termina nunca: ruim juntos, pior separados.

10 jogos que eu decidi

Amarelão, é? A quem lhe faz essa crítica, Ronaldinho exibe uma lista de partidas em que garante ter sido o cara: “Esses jogos respondem mais que qualquer coisa que eu possa falar

Brasil 2 x 1 Gana

Final Mundial Sub-17 ” 21/9/1997

“O Grêmio passou a me ver com outros olhos. Serviu para eu subir para os profissionais. Ali foi a arrancada.”

Ronaldinho não marcou, mas teve ótima atuação na vitória. O torneio serviu de vitrine para a promessa do Grêmio e após o Mundial, de fato, ele passou a ser aproveitado no grupo principal do time gremista.

Grêmio 1 x 0 Inter

Final Campeonato Gaúcho – 20/6/1999

“Foi meu primeiro título profissional. Logo depois do jogo, fui convocado para a seleção brasileira.”

Na primeira final como profissional, Ronaldinho fez a diferença. Marcou o gol (num lance em que jogou a bola entre as pernas do volante Anderson) e foi o melhor em campo. Ainda aplicou dois dribles desconcertantes no então capitão colorado Dunga: primeiro, uma espécie de dupla pedalada; depois, um lindo chapéu. Sua atuação e o gol deram o título ao Grêmio e o levaram à seleção.

Brasil 7 x 0 Venezuela

Estréia na seleção – 30/6/1999

“Meu primeiro jogo na seleção principal. Depois do gol, passei a ser conhecido mundialmente.”

Ronaldinho entrou e o jogo já estava 4 x 0. Mesmo assim, não passou despercebido: aos 30 do segundo tempo, recebeu a bola na entrada da área, deu um chapéu em um marcador, se livrou de outro e, na saída do goleiro, tocou às redes. O lance o tornou conhecido mundialmente.

Marseille 0 x 3 PSG

Campeonato Francês – 9/3/2003

“Ganhamos em Marselha. Havia dez anos que o PSG não ganhava lá! Foi engraçado, porque depois do jogo parecia que tínhamos sido campeões.”

Melhor em campo, brilhou na segunda etapa: com o placar já em 1 x 0, roubou a bola no meio, arrancou com velocidade e, na saída do goleiro, o encobriu. Em seguida, num lance parecido, entrou na área e driblou o zagueiro e o goleiro antes de tocar ao gol ” Leroy ainda tocou na bola e ficou com a autoria do gol. Após o jogo, afirmou: “Sempre apareço nos grandes jogos”.

Brasil 2 x 1 Inglaterra

Copa do Mundo – 21/6/2002

“Todos os jogos de Copa são especiais, mas esse me marcou. Até hoje todo mundo fala. Teve o drible antes do gol do Rivaldo, depois o gol de falta e também a expulsão, que me deixou chateado.”

O Brasil perdia e, no fim do primeiro tempo, Ronaldinho roubou a bola na defesa, arrancou, se livrou de dois e tocou para Rivaldo empatar. No segundo tempo, marcou um gol de falta: pela lateral, tocou a bola pelo alto encobrindo o goleiro Seaman – de propósito, jura. Mas acabou expulso por uma falta dura em Mills, logo aos 12 minutos.

Ronaldinho Gaúcho brilhou contra a Inglaterra na Copa de 2002 - Ricardo Correa/PLACAR

Ronaldinho Gaúcho brilhou contra a Inglaterra na Copa de 2002 – Ricardo Correa/PLACAR

Brasil 4 x 1 Argentina

Copa das confederações – 29/6/2005

“Ganhar da Argentina sempre é bom. Do jeito que foi, melhor ainda!”

Um ano antes da Copa, um “quadrado mágico” sem Ronaldo e com Robinho encantou na Alemanha. O Gaúcho teve uma atuação de gala, como Kaká e Adriano. A vitória deu o título à seleção e fortaleceu a idéia de que o Brasil poderia jogar com quatro homens à frente. Com a camisa 10, o craque do Barça marcou o terceiro gol brasileiro: Cicinho cruzou e ele, quase na pequena área, tocou de primeira de pé direito.

Barcelona 1 x 1 Sevilla

Campeonato Espanhol – 3/9/2003

“Meu primeiro jogo aqui no Camp Nou. Primeira e única vez na vida que joguei à meia-noite. Foi a estréia do Barcelona na minha primeira Liga Espanhola e ainda tive a sorte de marcar um gol!”

O craque apresentou-se a mais de 80000 pagantes. O Barcelona perdia por 1 x 0 quando Ronaldinho recebeu a bola do goleiro Victor Valdés ainda na defesa. Partiu em direção ao gol, passou por dois adversários e chutou com o pé direito, de fora da área. O golaço evitou a derrota.

Milan 0 x 1 Barcelona

Liga dos Campeões – 18/4/2006

“Precisávamos vencer e ganhamos o jogo de ida. Foi muito emocionante!”

O gol foi de Giuly, após bela jogada de Ronaldinho, que recebeu a bola fora da área e, acossado por Gattuso, ficou em pé, enquanto o milanista foi ao chão. Quase de costas para o gol, tocou e deixou Giuly na cara do goleiro. Depois, deu um chapéu em Pirlo e chutou uma bola de longe no travessão.

Chelsea 1 x 2 Barcelona

Liga dos Campeões – 20/2/2006

“Foi um jogo fundamental. Um ano antes tínhamos perdido para eles. Embalamos para ganhar o título.”

Vitória de virada. No gol de empate, Ronaldinho cobrou falta, e o zagueiro John Terry empatou, marcando contra. O camaronês Eto”o virou o jogo. Mesmo sem marcar, Ronaldinho foi um dos melhores em campo, ao lado de seu amigo Messi.

Real 0 x 3 Barcelona

Campeonato Espanhol – 19/11/2005

“Todos os clássicos são importantes, mas esse foi especial. Vencemos lá e eu fiz dois gols.”

Melhor em campo, fez dois golaços em arrancadas pela esquerda. No primeiro, saiu da defesa e chegou ao gol passando por dois marcadores. Após o terceiro gol, num fato inédito, os torcedores do Real aplaudiram a jogada de um craque rival.

10 jogos em que ele sumiu

Ronaldinho listou seus jogões para calar os críticos. mas quem acusa o Gaúcho de omissão nos momentos cruciais também pode tirar da cartola uma relação com outras certas dez partidas…

Grêmio 0 x 0 Caxias

Final do Campeonato Gaúcho – 21/6/2000

No primeiro jogo das finais, o Grêmio havia perdido por 3 x 0 e devolver o placar seria a solução para buscar o bicampeonato. Apesar da pressão, os gols não saíram e, no último minuto de jogo, Ronaldinho desperdiçou um pênalti ” defendido pelo goleiro Gilmar.

Brasil 1 x 1 Camarões

Na prorrogação: Brasil 0 x 1 Camarões, Olimpíada de Sydney ” 23/9/2000

Primeira desilusão com a seleção. Numa das mais vexatórias derrotas brasileiras da história (eliminação do sonho olímpico por um adversário com dois homens a menos), Ronaldinho quase se salvou ao marcar o gol de empate (seu único no torneio), de falta, nos descontos. Mas na prorrogação, omisso como em todo o torneio, sucumbiu com toda a seleção. O agravante: chegou a Sydney como grande craque da seleção, ao lado de Alex.

Grêmio 2 x 1 Figueirense

Copa Sul-Minas –  25/1/2001

Em sua penúltima partida pelo time (a última no Olímpico), o problema não foi exatamente sua atuação. O jogo, contudo, simboliza a conturbada saída do Grêmio ” a torcida o acusava de mercenário. Ronaldinho fez um dos gols, mas foi vaiado pela própria torcida ao comemorar.

PSG 1 x 2 Auxerre

Final da Copa da França – 31/5/2003

Em seu último jogo pelo PSG, Ronaldinho viu a Copa da França escapar. Com uma atuação apagada do craque, o time perdeu a final única no Stade de France, em Saint Denis. Apesar do fracasso e com a pecha de não ter ganhado nenhum título com o clube, ele deixou Paris valorizado ” vendido por 27 milhões de euros ” e admirado por torcida e imprensa.

Barcelona 2 x 1 Arsenal

Final da Liga dos Campeões ” 17/5/2006

Pode parecer estranho que a final de um dos maiores títulos da história do Barça (e da carreira de Ronaldinho) esteja nesta lista. Mas o jogo é um prato cheio para quem defende a tese de que o Gaúcho some na hora H: apesar dos holofotes apontados para ele, sua atuação foi apagada. A equipe contou com gols de Eto”o e do contestado Belletti para virar o jogo e chegar ao título.

Brasil 2 x 0 Austrália

Copa do Mundo  – 18/6/2006

O peso da estréia, quando estreou discretamente contra a Croácia, já não deveria atrapalhar. Mas Ronaldinho continuou sem brilhar diante da Austrália. Pior: em um inacreditável lance na segunda etapa, o craque literalmente pisou na bola e desabou no chão, dentro da área de ataque brasileira. Um lance simbólico.

Brasil 0 x 1 França

Copa doMundo ” 1/7/2006

Foi a última chance que Ronaldinho, antes da Copa apontado como a maior estrela da competição, tinha para aparecer. Mas só se viu em campo o bom e velho Zidane. O Gaúcho, assim como a maioria dos seus companheiros de time, esteve apático, sumido, omisso. E deixou o campo levando consigo a derrota mais retumbante de sua carreira.

Barcelona 0 x 3 Sevilla

Final da Supercopa da Europa ” 25/8/2006

Pouco mais de um mês após a eliminação brasileira na Copa, o camisa 10 deu sinais do que em Barcelona se convencionou chamar de “resaca mundialista”. Com uma forte marcação, a equipe andaluza fez sumir a estrela do Barça. Apático como todo o time, Ronaldinho não evitou o chocolate imposto pelo Sevilla e decepcionou em outra decisão.

Barcelona 0 x 1 Inter

Final do Mundial de Clubes – 17/12/2006

Para ganhar consumidores no mercado japonês, o Barça apostava forte no seu camisa 10, um fenômeno de marketing em todo o mundo. Mas, diante da forte marcação colorada, Ronaldinho criou muito pouco e apenas no fim do jogo, quando ainda desperdiçou uma cobrança de falta perigosa. Derrota e amargura ao ver o antigo arqui-rival levantando a taça.

Barcelona 1 x 2 Liverpool

Liga dos Campeões ” 21/2/2007

Durante o jogo, primeiro das quartas-de-final da Liga nas quais o Barcelona cairia, Ronaldinho teve atuação apagada. Mas foi depois, quando deixou o campo sem camisa, que foram feitas as imagens que lhe causariam dor de cabeça nos dias seguintes: jornais e TVs, acusando o craque de estar acima do peso, compararam as fotos de sua barriga de então com a de temporadas passadas.

Pintou um clássico para o próximo mercado Europeu

Barcelona e Milan, clubes historicamente de boas relações, ensaiam iniciar uma acirrada disputa pelo gênio dentuço

Barcelona

“Gostaríamos que ele encerrasse a carreira aqui”

Joan Laporta, presidente do Barcelona

Com a pressão sobre Ronaldinho, o Barcelona tenta blindar seu craque, tratá-lo especialmente. Mas, ao submetê-lo a planos individuais de preparação física, o clube só fez crescer as especulações sobre sua saída. Um exemplo: 11h30 de uma quinta-feira no bairro de Les Corts, treino do Barça. Torcedores e jornalistas se amontoam. E fazem a mesma pergunta: “Onde está ele?” Ronaldinho, pelo segundo dia seguido, não aparece. A primeira informação da assessoria é que só irá treinar à tarde. Mas a versão fica dúbia quando Valdimir e Tiago, os primos e sombras do craque, aparecem. De fato, o Gaúcho já estava lá e fazia trabalhos físicos na academia. Os boatos de uma eventual saída, porém, não abalam Joan Laporta. O presidente do clube, que um mês após sua eleição em 2003 anunciou a contratação do brasileiro por 27 milhões de euros, já disse que foi esse o maior acerto de sua gestão. Ele diz que confia na permanência do jogador. “Seu contrato vai até 2010 e, enquanto quiser ficar, estaremos dispostos a ser justos com ele. Estamos felizes e gostaríamos que ele encerrasse a carreira aqui. Não sei se é possível, mas é um sonho”, chegou a dizer o dirigente. O que diz Ronaldinho? “Hoje eu estou bem, mas futuramente tudo pode acontecer. Tenho contrato até 2010 e vou indo. Meu negócio é jogar. Enquanto eu estiver feliz, eu sigo. Mas do futuro a gente não tem como dizer nada.” Ele pode até estar feliz. Mas não tão certo sobre o futuro…

Milan

“Se ele deixar o Barcelona, somos os primeiros da fila”

Silvio Berlusconi, proprietário do Milan

A frase acima tem razão de ser: 100 milhões de euros. É esse valor que Silvio Berlusconi teria separado para gastar com Ronaldinho, segundo o jornal italiano La Gazzetta dello Sport ” a confidência teria sido feita a um amigo político. O valor, contudo, não bastaria, já que o Barcelona teria fixado o preço do craque em 60 milhões de euros, e a idéia do Milan era pagar bem menos ao clube e deixar o restante para o jogador, a fim de convencê-lo a sair. De qualquer forma, um proposta formal já estaria pronta para ser feita na próxima reunião do G-14 (grupo dos principais clubes de futebol da Europa), na véspera da final da Liga dos Campeões, em maio.

Quando o interesse do Milan surgiu, Assis Moreira, irmão e empresário do jogador, foi receptivo à possibilidade. Afirmou que se o primeiro-ministro italiano (na verdade, ex) dizia que havia chance, quem era ele para desmentir. Disse também que via o Milan com muita simpatia, como um “clube amigo”. Ao passar uma semana em Milão para falar sobre Ricardo Oliveira, outro seu assistido, Assis causou rebuliço. Dias depois, sua presença em um treino no Camp Nou atraiu todas as atenções. Sorrindo, Assis garantiu aos jornalistas espanhóis que nada mudou no compromisso com o Barça ” válido até 2010. Ao sair, afirmou à Placar que não era hora para pensar em prorrogação e que não precisava dizer que seu irmão está bem no Barça: “Isso é óbvio!”

ENTREVISTA

“Jogo em qualquer lugar do mundo”

Ronaldinho contesta quem diz que ele não faria sucesso na Itália ou na Inglaterra. E confessa que nunca falou com Dunga sobre aquele chapéu no Gauchão de 1999…

Paulo Passos

Jogar e vencer no futebol italiano seria uma resposta para quem diz que você só faz o que faz porque joga na Espanha, onde a marcação é mais fraca?

Não acho que eu teria dificuldade. É lógico que sempre temos que passar por aquele período de adaptação que todo mundo passa. Mas não vejo um futebol mais difícil. Depois da adaptação, pode-se jogar em qualquer lugar do mundo.

Silvio Berlusconi, dono do Milan, não pára de fazer elogios a você, diz que adoraria poder contratá-lo e já lançou até um cartão de crédito com essa finalidade. Ele tem chances de sucesso na empreitada?

Hoje eu estou bem aqui, mas futuramente tudo pode acontecer. Eu tenho contrato até 2010 e vou indo até lá. Meu negócio é jogar bola. Enquanto eu estiver feliz aqui, eu sigo. Mas do futuro a gente ainda não tem como dizer nada.

Você está há três anos em Barcelona e é considerado um jogador que mudou a história do clube. Mesmo assim, quando os resultados não vêm, sofre muitas críticas. Como você encara isso?

Minha preocupação é só jogar. A cobrança vem sempre que o time não está bem. Por um lado é bom: se cobram de mim é porque sabem que posso render mais. Isso serve de motivação para cada dia treinar mais. Mas já estou acostumado: dentro do futebol é assim. Temos que demonstrar a cada jogo e a cada treino que estamos bem e com condições. Isso me motiva para continuar sempre jogando em alto nível.

Mas você acompanha as críticas?

Sim, dentro do normal. Leio jornais e vejo na internet. Mais até para acompanhar o futebol, campeonatos de outros países e tal. Não fico procurando saber o que disseram de mim.

O Felipão tem a teoria de que a base de um elenco e sua relação com o técnico têm validade. Depois é preciso mudar. O Barça está atingindo esse “limite”?

Não acredito. Neste ano a gente pode ganhar o Espanhol, o que mostra que ainda temos vontade de vencer. Acredito que dá para quebrar essa idéia. Mas existem casos e casos. O Felipão sabe muito e se falou isso é porque passou por algo assim. Mas aqui a gente ainda tem muita coisa para vencer.

Muito se fala sobre uma crise sua com a seleção e a comissão pós-Copa. Como você encara ficar no banco e ouvir que não faz na seleção o que faz no Barça?

Toda vez que sou convocado é um motivo de alegria para mim. Se você está sendo convocado é porque está entre os melhores do seu país, é um sinal de que o trabalho está sendo recompensado. Isso nunca vai mudar. Pode acontecer 1000 vezes, que sempre vou sentir emoção de ser chamado. E vou torcer por isto: para estar sempre nesse grupo.

E a renovação da seleção, como você está vendo?

Está legal, porque é uma mudança. Estávamos jogando juntos num mesmo grupo havia quase oito anos e agora mudou muito. Tem um pessoal mais jovem, estou vendo todo mundo muito motivado. E é bom seguir fazendo parte do grupo.

E a sua relação com o Dunga? Já chegou a falar com ele sobre aquele Grenal em que você venceu e deu um chapeuzinho nele?

Não, não. Nunca tocamos nesse assunto. Até mesmo porque já faz muito tempo [risos]. É outra situação, agora ele é meu treinador e nunca pintou a oportunidade para falar sobre isso. Sei que falam muito sobre a gente, mas temos um relacionamento muito legal, muito profissional.

Você acha que o Ronaldo volta para a seleção?

Ele está bem. Essa ida para o Milan foi boa, ele voltou a fazer gols e tal. Se ele colocar na cabeça que quer voltar a atuar pela seleção e for atrás, eu acredito. Pela qualidade que tem. Para mim, ter a oportunidade de ter o Ronaldo junto é sempre uma vantagem, por tudo o que ele viveu e pelo potencial que tem.

Tanto tempo após sua saída conturbada de Porto Alegre, como você se sente quando vai para lá? Ainda sofre com os gremistas? Como foi voltar depois da derrota no Mundial de Clubes?

Guardo boas lembranças de Porto Alegre. Minhas raízes e meus amigos estão lá, é o único lugar aonde eu chego e posso sair caminhando que não me perco. Claro que sempre que eu volto tem alguma coisa diferente, boa ou ruim. Mas, para mim, não muda muito. Quando eu saí do Grêmio, muita gente falou um monte de coisas que não era verdade. Com o tempo, eles puderam ver o que tinha de certo e de errado. Na época todos diziam que eu era um mercenário, mas ninguém sabia o que estava acontecendo nos bastidores. Isso me deixou magoado. As mentiras me machucaram e isso eu não esqueço. Agora, não guardo rancor e me sinto muito bem lá.

Você costuma fugir de polêmica, né?

Eu driblo [risos]. É que sou um cara muito positivo. Sempre procuro buscar o lado bom das coisas, não gosto de ficar com rancor. Sempre procuro pensar que, se acontece algo ruim, é porque tinha que acontecer. E tento aprender com isso.

Por que você se adaptou tão bem aqui em Barcelona?

Tudo deu certo. Foi um momento de mudança do clube: mudava a direção, o treinador e o grupo. Cheguei nessa mudança e tinha muito espaço para novos ídolos. Acho que o campeonato daqui também é mais parecido com o futebol brasileiro, mais técnico, e isso ajudou. O clima da cidade ajuda bastante também: não faz tanto frio, temos muitos brasileiros e o povo é mais quente. Além disso, minha passagem por Paris foi importante para me adaptar à Europa. Cheguei aqui mais maduro, como homem e jogador.

Quais os favoritos para o Melhor do Mundo da Fifa?

Ainda está muito cedo, é só em dezembro! Muita coisa ainda pode acontecer. Falta o fim desta temporada e o começo da próxima. O que espero é estar lá!

Você sabe quantas propagandas faz?

Depende muito do ano e da época. Antes do Mundial fiz muitas. Depois deu uma tranqüilizada, mas ainda sigo fazendo bastante. Hoje não sei dizer quantas são.

Você se diverte fazendo?

A grande maioria é legal porque é com bola. O que for de brincar com a bola eu gosto. Mas já estou gostando de decorar texto e tal. Antes eu era muito tímido, hoje estou mais solto.

Você sabe quanto ganha, entre publicidade e salário?

Nem me preocupo com isso. Não sei quanto entra por mês e nem cuido disso.

Como você faz, pede dinheiro para a sua mãe?

Não, hoje não mais [risos]. Aqui eu acabo tendo uma facilidade: todos os lugares aonde vou, sou convidado. Chego no restaurante e na hora de pagar eles dizem: “Não, é por conta da casa”. E aí a gente fica triste por não ter comido mais, já que era de graça [risos]. Então, normalmente, não ando com dinheiro no bolso. Uso o cartão para colocar gasolina e só.

E em casa, como funciona? Quem manda? Sua mãe?

Não, agora a mãe fica mais em Porto Alegre. Aqui fico eu e a minha irmã. É ela que controla horários e outras coisas. Ela agenda a minha vida e organiza tudo.

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