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Paulo Cezar Caju ícone blog Paulo Cezar Caju O papo reto do craque que joga contra o lugar-comum

Messi deveria tirar o boi da sombra

O craque argentino faria melhor se fosse para uma liga forte, como a inglesa. Na França – e olha que adoro aquele país – é como jogar baralho na pracinha

No passado, os jogadores passavam mais tempo em seus clubes e a identificação da torcida era natural, mas esse comportamento foi se modificando ao longo dos anos. Uma carreira dedicada a apenas um clube, como a do goleiro Rogério Ceni, no São Paulo, é algo impensável nos dias de hoje. Também sempre citávamos Messi como exemplo nesse quesito, mas nem o menino prodígio do Barcelona integra mais essa lista, afinal o craque anunciou sua saída do clube espanhol, a caminho do PSG. Com 34 anos, multimilionário, mansões, jatinho, iate e um caminhão de títulos, Messi não foi seduzido pela melhor proposta financeira e sim pela que reunia mais amigos e lhe daria menos dor de cabeça. Pensando assim, o PSG seria mesmo a boa escolha. Entre as ligas que dão visibilidade, a francesa é a mais fácil de todas e adversários duros são apenas o atual campeão Lille e o Olympique, agora com Gerson. Messi vai jogar entre os amigos Neymar, Sergio Ramos, Mbappé e Di María.

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Se a briga de egos não prevalecer, Messi se divertirá e garantirá uma aposentadoria mais abastada ainda. Com ele, o PSG terá mais chances de ganhar uma Champions? Tenho dúvidas. Temos de ver como será sua adaptação fora da bolha. Ele estava no Barcelona desde criança, é introvertido, assim como Tostão era, e o lado psicológico contará muito. Na seleção argentina, por exemplo, nunca repetiu suas atuações que encantaram o mundo. Se eu fosse ele, a última coisa que faria seria ir para a França, e olha que amo aquele país! Barcelona é uma cidade maravilhosa e seria lindo encerrar a carreira onde iniciou e construiu sua história.

Não consigo imaginar Messi nos Estados Unidos, Japão, China ou Arábia. Como torcedor, adoraria vê-lo na liga inglesa, de preferência no Manchester City ao lado de Pep Guardiola. Disputar o campeonato mais equilibrado do mundo faria ele tirar o boi da sombra e o levaria, de verdade, para o centro das atenções. Nesse ponto, Cristiano Ronaldo se expôs mais na carreira, pois além da inglesa ainda disputou o campeonato italiano, de marcação duríssima, e saiu-se bem. Cristiano Ronaldo vive se testando, é obcecado por quebrar recordes, superar obstáculos e o torcedor sai ganhando. Messi não é mais menino, mas ainda não conseguimos enxergá-lo como um líder, aquele cara que bate no peito, pede a bola e diz “dá para mim que eu resolvo”. É da personalidade de cada um, mas para o bem do futebol seria fantástico se Messi optasse pela Premier League, ao provar que ainda tem lenha para queimar. Optar por outras ligas é como sair para pescar com os amigos ou jogar baralho na pracinha, uma espécie de aposentadoria antecipada.

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