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O Comentarista do Futuro ícone blog O Comentarista do Futuro Ele volta no tempo para dar aos torcedores (alerta de!) spoilers do que ainda vai acontecer

Santos x Portuguesa: 50 anos da tabuada de Armando Marques

Efeméride de meio século do erro na final do Paulista de 1973, Santos x Portuguesa, faz cronista repetir viagem ao passado e dar ‘spoilers’ sobre a matemática no futebol

Efeméride é uma palavra pouco conhecida no vernáculo nacional, mas pela qual sempre tive e ainda tenho um carinho especial. Carinho e gratidão. Sim, porque datas ‘redondas’ em que se comemora o aniversário de algum fato relevante, leia-se ‘efeméride’, é uma amiga e tanto de jornalistas, cronistas e qualquer pessoa que produza ‘conteúdo’ – essa sim uma palavra que no futuro todos vão conhecer e usar. No próximo século, todo mundo vai “produzir conteúdo”, e lançar mão da expressão pra se gabar disso, ou ao menos descrever o que vão ‘publicar’ em suas ‘redes sociais’. Outro Planeta, aguardem… Sei de tudo isso porque sou um ‘Viajante do Tempo’, vindo de 2023, creiam-me, e levo a vida fazendo incursões ao passado para testemunhar memoráveis jogos de futebol. Já caminhando para 200 embarques na minha ‘Máquina do Tempo’, pela primeira vez decidi repetir um itinerário, e o fiz por conta de uma… Efeméride! Deixei e voltarei a 2023 faltando 3 ou 4 dias para se completarem 50 anos da lambança do excelentíssimo senhor Armando Marques, juiz da final do Paulistão de ontem, queridos leitores e queridas leitoras de 1973, quando um erro de tabuada simples fez a decisão por pênaltis ser interrompida antes da hora, com apenas 3 cobranças pra cada lado, achando o árbitro que a ‘parada’ já resolvera-se, com triunfo do Santos. Atestado o erro, como todos sabem, acertou-se que o título este ano será eternamente dividido com a Portuguesa. O inusitado do ocorrido e a efeméride “redondinha” de meio século não me deixou dúvidas: precisava “produzir esse conteúdo”.

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Dito isso, não se espantem: serão duas as resenhas hoje, nos jornais de 27 de agosto de 1973, assinadas por este comentarista que se apresenta como vindo do Futuro. Para surpresa dos dois editores -chefes que me acolheram em suas páginas (Sorry!). Quem por acaso já teve a oportunidade de ler, mais cedo, a outra crônica (Nota da Redação da Placar em 2023: texto foi republicado em 2022 e pode ser acessado em https://placar.com.br/coluna/o-comentarista-do-futuro/existe-matematica-no-futebol/), já sabe muitos detalhes sobre este domingo singular e inesquecível, que lembro ter assistido, ainda criança, numa TV em ‘preto & branco’. Inclusive que em minha primeira viagem constatei que a falha de Armando Marques deveu-se a mais uma das malandragens do Rei Pelé, que, mal a terceira cobrança da Lusa estalou na trave, começou a pular comemorando o título, confundindo e/ou iludindo o juiz.

Até ali, eram 3 cobranças pra cada lado, com o placar de 2 pênaltis a 0 para o Santos. Ora, qualquer criança em idade de ensino primário é capaz de compreender que, faltando dois tiros livres pra cada equipe, o empate ainda era plausível, bastando para isso que o onze santista desperdiçasse ambos os chutes e a Portuguesa convertesse. Além do apito, faltou um ábaco nas mãos do Armando. “Foi um erro de Mobral”, dirá o próprio, se justificando. Nas matérias “expressão corporal” e “frases de feito”, ele sempre tirou nota 10. Mas já em matemática…

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Santos com Pelé e companhia na final do Paulistão de 1973 - Acervo Santos
Santos com Pelé e companhia na final do Paulistão de 1973 – Acervo Santos

Àqueles que também têm pavor da ciência dos números, informo que no futuro ela estará cada vez mais presente no Futebol. E não apenas na contagem dos placares, na aferição do tempo de acréscimo e na geometria das marcações no gramado. As estatísticas no esporte, sejam referentes a clubes ou atletas, vão ficar extremamente detalhadas, minuciosas, com aplicação de percentagens, probabilidades … E por aí vai. Será possível, por exemplo, ter acesso a dados numéricos de toda ordem, como o percentual de pênaltis cobrados por determinado jogador no lado direito da meta. E também o percentual de chutes no lado direito a) rasteiros; b) no alto; ou c) à meia altura. Matemática aplicada…

Duas forças concorrerão para isso, ou seja, 1 + 1 = 2. A primeira será o crescimento dos jogos eletrônicos, games caseiros, em especial um que simulará com perfeição quase real os jogos, sim, partidas virtuais, ou seja, que vão acontecer nas telas de nossos aparelhos de TV ou computadores pessoais (teremos isso!). Mas a principal novidade que impulsionará a presença da Matemática no Futebol serão as muitas, mas bota muitas nisso, empresas especializadas em Apostas no Futebol, que chamaremos de ‘Bets’, e surgirão em Progressão Geométrica (faltaram essa aula?). Serão muitas ‘Bets’ no Futuro! Para usar uma expressão comum do Amanhã: “Muita coisa!” Assim, retornei 50 anos no Tempo para dar aos apaixonados por futebol, principalmente os mais jovens, o mesmo conselho que deixo para o grande Amando Marques: “Estudem Matemática!” Taí um “conteúdo” importante.

Para ver lances do jogo e a disputa de pênaltis.

FICHA TÉCNICA

PORTUGUESA 0 x 0 SANTOS

Competição: Campeonato Paulista de 1973 (final)

Data: 26 de agosto 1973 (domingo)
Local: Estádio Cícero Pompeu de Toledo (Morumbi)
Cidade: São Paulo (SP)
Público: 116.156 (recorde paulista até então)
Renda: Cr$ 1.502.255,00 (Cruzeiros)

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Árbitro: Armando Marques
Auxiliares: Emídio Marques de Mesquita e José de Assis Aragão

PORTUGUESA: Zecão; Cardoso, Pescuma, Calegari e Isidoro; Badeco, Basílio e Xaxá; Enéas (Tatá), Cabinho e Wilsinho
Técnico: Oto Glória

SANTOS: Cejas; Zé Carlos, Carlos Alberto, Vicente e Turcão; Clodoaldo, Léo e Jair da Costa (Brecha); Eusébio, Pelé e Edu
Técnico: Pepe

Pênaltis: Foram batidos 3 pra cada lado, nesta ordem, iniciando as cobranças o Santos:

– 1ª cobrança: Zé Carlos (SAN), perdeu; Isidoro (POR), perdeu também;

– 2ª cobrança: Carlos Alberto (SAN), marcou;
Calegari (POR), perdeu;

– 3ª cobrança: Edu (SAN), marcou; Wilsinho (POR), perdeu;

Não chegaram a bater: Pelé e Léo Oliveira (SAN); Basílio e Tatá (POR)

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