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O primeiro ‘Riquelme’ com a ‘amarelinha’

Titular do Brasil no Sul-Americano Sub-17 de 2023 leva cronista ao show do meia argentino em 2005, origem do fenômeno nos cartórios nacionais

Registre-se: a Argentina meteu 3 x 1 no Brasil ontem, em Buenos Aires, e adiou a nossa classificação para a Copa do ano que vem na Alemanha graças, em grande parte, à belíssima atuação deste habilidoso meia Riquelme, elevado a titular pelo treinador José Pekerman. E registrem-se: ‘Riquelme’ será um dos nomes preferidos pelos brasileiros para batizar seus filhos até o final dessa década. E não é previsão esotérica de algum cronista maluco. Saibam todos vocês, queridos leitores e queridas leitoras de 2005, que sou um Viajante do Tempo, vindo de 2023 (agora que vão me achar maluco mesmo!), e daí poder garantir matematicamente: até lá serão pelo menos 13.787 ‘Riquelmes’ de papel passado nos cartórios nacionais. Homens e mulheres (305)! Para se ter uma ideia do fenômeno, na Copa São Paulo de Futebol Júnior, a ‘Copinha’, desse ano futuro, teremos nada menos que 12 jovens atletas inscritos com a graça em seus ‘erre-gês’ – repetindo uma marca que já terá sido alcançada em 2020. “Ai, que loucura!”, diria a hoje badalada Narcisa Tamborindeguy. Parti nessa viagem de 18 anos ao passado para assistir ao jogo de ontem dias após o Brasil conquistar o Sul-Americano Sub-17 de 2023, título que será garantido com uma vitória também de 3 gols, só que a nosso favor (3 x 2). O detalhe é que teremos, também do nosso lado – e como será fácil de se prever que um dia aconteceria –, um ‘Riquelme’ envergando a ‘Amarelinha’. E que fará um dos gols, inclusive. Obrigado, ‘hermanos’! Chupa, que é ‘brazuca’!

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Riquelme durante jogo do Boca Juniors contra Newell's Old Boys pela copa Libertadores 2013
Riquelme pelo Boca, em 2013

‘Boom’ de crianças registradas com nomes de jogadores famosos não é novidade no Brasil. Na década passada, segundo dados do Censo do IBGE, foram cerca de 40 mil ‘Romários’ nos berços do país – número que cairá para 3 mil nesses anos 2000. Antes dele, nos anos 80, foi Zico quem ajudou a sanar a pouca (ou muita) criatividade dos pais brasileiros ao batizarem seus rebentos: 8.802 registros, incluindo os ‘Arthur’. Nos anos 50, vale lembrar, acolhemos 43.511 ‘Edsons’, com certeza em homenagem ao Rei do Futebol e não mais ao inventor da lâmpada. Número que cresceu para 90.073 nos anos 60, após o Bi, e para 111.469 nos anos 70, com o Tri do México. Mas nada tão inusitado e enigmático como o sucesso de um nome de jogador argentino, concordam? Anotem: o próximo Censo, em 2010, constatará que teremos mais ‘Riquelmes’ (13.787) do que ‘Ronaldos’ (13.484), mesmo sendo ‘dois contra um’ nesta peleja – o ‘Gaúcho’ e o ‘Fenômeno’. Até o nosso pesadelo na Copa de 1998, Zidane, batiza 799 brasileirinhos. Dirão os argentinos: “Chupem vocês, que ele é francês!”

Embora tenha atuado ontem com a camisa 8, Juan Román Riquelme ganhará dos compatriotas o epíteto de “O último 10”. Foi formado nas categorias de base do Argentino Juniors, mas vai ter a carreira marcada pelo sucesso no quase homônimo Boca Juniors, pelo qual conquistará 15 títulos, entre eles 3 Libertadores da América – destacando-se muito na eliminação de quatro grandes clubes brasileiros: Palmeiras (2000 e 2011), Grêmio (2007), Cruzeiro (2008) e Corinthians (2013). Em 2023, de ‘quando’ venho, aguardem, depois de passagens pelo Barcelona e o Villarreal, na Espanha, e uma volta os gramados argentinos, será o vice-presidente do clube. Daqui a três anos, sinto informar, conquistará o ouro olímpico vencendo o Brasil na semifinal, com gol dele. O tento de ontem, registre-se também, será apontado pelo jogador, ao final de carreira, como o mais bonito e especial que terá assinalado. De novo chupemos nós, Riquelme é nosso algoz!

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Riquelme e seu sucessor, Lionel Messi, em ação pela Argentina nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008
Riquelme e seu sucessor, Lionel Messi, em ação pela Argentina nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008

Nas certidões de nascimento, existirão grafias de toda ordem, como Rikelmi, Rikelme, Riquelmo, Riquelmy… A propósito, em 2016, o IBGE atestará que ‘Riquelme’ terá sido o segundo nome masculino com o maior crescimento percentual nos anos 2000, com alta de 6.894% em relação aos anos 90. Só vai perder para quem? A variável ‘Rikelme’, que terá subido 10.057%. Coisas do Brasil … O sucessor de Riquelme com a Camisa 10 da Seleção Argentina, Lionel Messi, craque que vai brilhar ainda mais num futuro próximo, tendo seu auge em 2022, bem antes disso, em 2016, já terá 76 homônimos no nosso país. Chupem mais essa ‘hermanos’, vocês só terão um! Em tempo: em 2023, serão 2.752 ‘Nascisas’ no Brasil. Ai, que loucura!

PARA VER O SHOW DE RIQUELME CONTRA O BRASIL EM 2005

https://www.youtube.com/watch?v=ziq3Ltn2KAU 

PARA VER DETALHES E LANCES DA CARREIRA DE RIQUELME

https://www.youtube.com/watch?v=PNPUsW7W7SQ

PARA VER OS GOLS DO JOGO

https://globoplay.globo.com/v/842111/

 

 

FICHA TÉCNICA

ARGENTINA 3 x 1 BRASIL

 

Competição: Eliminatórias para a Copa de 2006 (15ª rodada)

 

Data: 8 de junho de 2005 (quarta-feira)

Estádio: Estádio Monumental de Nuñez

Local: Buenos Aires (ARG)

Horário: 21h45 (Brasília)

 

Público: 49.497 pagantes

Árbitro: Gustavo Méndez (URU)

Assistentes: Alvaro Sacarelo (URU) e Edgardo Acosta (URU)

ARGENTINA: Abbondanzieri; Ayala, Coloccini e Heinze; Lucho González (Zanetti), Mascherano, Kily González e Sorín; Riquelme, Saviola (Tevez) e Crespo

Técnico: José Pekerman

BRASIL: Dida; Cafu, Juan, Roque Júnior e Roberto Carlos; Emerson, Zé Roberto, Kaká e Ronaldinho Gaúcho; Robinho (Renato) e Adriano Técnico: Carlos Alberto Parreira

Gols: Primeiro Tempo: Crespo, aos 3’; Riquelme, aos 18’; e Crespo aos 40’; Segundo Tempo: Roberto Carlos, aos 26’

Cartões amarelos: Heinze e Sorin (ARG); Cafu, Ronaldinho Gaúcho e Roque Júnior (BRA)

 

 

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