Flamengo-1981: A geração que foi lá e ganhou
Após derrota no Mundial, cronista vai à final com Liverpool e garante a leitores da época que aquele será sempre o melhor Flamengo da História
Esse cronista a tropeçar nas palavras, saibam logo, é um Viajante do Tempo, vindo de 2023, e que uma das bênçãos de viajar ao passado até jogos históricos é ter a felicidade de rever o sorriso no rosto de queridos e saudosos amigos da juventude, como Jorge Alberto ‘Cabeça’ ‘Lixeiro’ Marcolino, em êxtase após essa vitória do Flamengo ontem, no Japão, 3 x 0 sobre o Liverpool, que consagrou o clube carioca como Campeão Mundial Interclubes. E recomendo que a festa de hoje seja curtida intensamente e sem hora pra acabar por aqueles que, entre vocês, queridos leitores e queridas leitoras de 1981, torcem pelo mais popular time do País. E digo isso porque daqui a 42 anos, de ‘quando’ vim, todos, não apenas os flamenguistas, terão a certeza de que esse grupo vitorioso em Tóquio é o “maior Flamengo de todos os Tempos”, encerrando uma polêmica estéril que se erguerá no final da segunda década do próximo século, após sequência de conquistas de um novo badalado elenco da Gávea. Mas que, sinto informar, vai bater duas vezes na trave ao chegar à disputa-mor entre clubes do mundo. Deixei o futuro após o segundo desses fracassos, que comprovará a eternidade do time liderado por Zico e obrigará a chamada ‘Nação Rubro-Negra’ a seguir cantando, saudosa, uma música que em breve surgirá nas arquibancadas: “Em Dezembro de 81 / Botou os ingleses na roda / 3 a 0 no Liverpool / Ficou marcado na história (…)” É bom já começar a decorar a letra… Em fevereiro de 2023, será mais atual do que nunca.
Assine #PLACAR digital no app por apenas R$ 9,90/mês. Não perca!
E pouco importa que de hoje até lá surjam notícias e estraga-prazeres tentando diminuir a façanha de ‘Arthur e seus cavaleiros da bola redonda’ – cujo líder nas batalhas, Arthur(Zico), acaba de fazer uma de suas melhores atuações na carreira, pra muitos a melhor. Nas páginas da Internet – elas serão milhões em 2023 –, o ‘Mundial de Clubes’ (nome consagrado) de 1981 seguirá sendo chamado de ‘Copa Europeia/Sul-Americana de 1981’, ‘Copa Toyota’ ou ‘Copa Intercontinental’, sempre numa tentativa de diminuir o feito e a relevância do título, conquistado nesta que foi a vigésima edição da disputa. Na Inglaterra, jornais volta e meia relembrarão a derrota com depoimentos de ex-atletas dos ‘Reds’ relatando, entre outras justificativas, que os atuais detentores da Taça dos Clubes Campeões Europeus entraram em campo “embriagados”, tal o descompromisso com que encararam a partida. Mas e daí? Problema deles, ora bolas! Perderam, ‘playboys’! Revelo que daqui a 36 anos, em outubro de 2017, o Conselho da FIFA vai se reunir e reconhecer o Flamengo e todos os demais vencedores da chamada Copa Intercontinental como campeões mundiais. E ‘zé-fini´! Chupa, que é de uva, ‘Liver’!
Derrotar o tricampeão europeu, grande sensação do momento no futebol europeu, será sempre visto como um marco na história do rubro-negro – deixando no passado a fama de ‘saco de pancadas’ do Botafogo de Garrincha e de outros rivais cariocas e também a de ‘time de Maracanã’, como se só ali soubesse vencer campeonatos. Sim, garanto que existirá um Flamengo antes e um Flamengo depois da ‘Era Zico’, podem me cobrar! Uma epopeia que teve início no Brasileiro do ano passado, primeiro título nacional do ‘mais querido’, se fortaleceu com a conquista, mês passado, da Libertadores da América (o épico 2 x 0 no Cobreloa, dois gols do ‘Galinho’) e alcançou seu auge no confronto com os ingleses. Jornada que inseriu o Flamengo no futebol internacional, para que nunca mais um treinador estrangeiro, como Bob Paisley, do Liverpool, chegue para enfrentá-lo dizendo desconhecer o rubro-negro do Brasil. “Estamos disputando finais de copas europeias há mais de dez anos. Por que temer o Flamengo?”, declarou o cidadão. Chupa, que é de uva, ‘Gringo’!
Um detalhe curioso que revelo aqui – alerta de ‘spoiler’! – é o fato de nos dois futuros insucessos no Mundial de Clubes – anotem: em 2019, em final diante do mesmo Liverpool; e em 2023, em derrota, ainda na semifinal, para uma equipe árabe da qual não me lembro o nome (‘Nota da Redação da Placar em 2023: Al-Hilal, da Arábia Saudita, que classificou-se por vencer a última Liga dos Campeões da Ásia, em 2021) – os treinadores do Flamengo venham a ser estrangeiros, ambos portugueses. O que isso significa? Sei lá, mas um deles será chamado de ‘Jesus’; o outro de ‘Judas’ – pela torcida do Corinthians. Quem viver entenderá. Chupa…
A presença de treinadores do exterior à frente de equipes nacionais será um dos sintomas do poderio europeu, que, para infortúnio do Mundo da Bola, vai se acentuar. Tanto que em 2023 estaremos completando 11 anos sem triunfo verde-e-amarelo no Mundial de Clubes (11 conquistas europeias). Mas a boa notícia é que até lá, além do Santos, em 1962 e 1963, e o Flamengo, teremos outros times do Brasil campeões mundiais: Grêmio, Internacional, Corinthians (duas vezes) e São Paulo (três vezes!). E outros heróis: além de Pelé e Zico, um futuro ponta gaúcho e um goleiro bom também em bater faltas, só para citar alguns (‘Nota da Redação da Placar em 2023: cronista se referia a Renato Gaúcho, do Grêmio, e Rogério Ceni, do São Paulo). No Mundial de 2023, sinto informar, não haverá herói brasileiro, como Zico ontem. E pior: o Flamengo sucumbirá diante de uma equipe árabe comandada por outro Camisa 10, só que … Argentino! (‘Nota da Redação da Placar em 2023: Luciano Vietto, meia-esquerda do Al-Hilal) O que me obriga a antecipar: Chupa, que também vai ser de uva, Flamengo! Ou melhor: de Folha de Uva!
PARA VER OS MELHORES MOMENTOS DO JOGO
PARA VER O JOGO INTEIRO
FICHA TÉCNICA
FLAMENGO 3 X 0 LIVERPOOL
Competição: Campeonato Mundial Interclubes de 1981
Data: 13 de dezembro de 1981 (domingo)
Estádio: Estádio Nacional de Tóquio (JAP)
Local: Tóquio (JAP)
Público: 62 mil pagantes
Árbitro: Rúbio Vásquez (MEX)
FLAMENGO: Raul; Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico. Técnico: Paulo César Carpegiani
LIVERPOOL: Grobbelaar; Neal, R. Kennedy, Lawnson e Thompson; Hansen, Dalglish e Lee; Johnstone, Souness e McDermott (Johnson). Técnico: Bob Paisley
Gols: Primeiro Tempo: Nunes, aos 13′ e aos 41′; e Adílio, aos 34′
QUER FALAR COM O COMENTARISTA DO FUTURO? QUER CONTAR ALGUMA HISTÓRIA OU SUAS LEMBRANÇAS DESTE JOGO?
Escreva para o colunista: [email protected]