Bate-volta — dia 8: a simpatia que temos por outras seleções
Alemanha x Espanha, hoje no Catar, leva cronista ao primeiro confronto, em 1966, traz memórias do Brasil com os dois times e de afinidades ou não no Futebol
Sabe aquela história de quando ‘o santo não bate’? Afinidade e simpatia parecem nascer do aleatório entre as pessoas mas não é assim no caso de times de futebol. Não se gosta mais ou menos dessa ou daquela equipe ou seleção do nada, nem por simplesmente achar bonita a cor da camisa ou qualquer detalhe assim. São o histórico de confrontos e, principalmente, as dores e marcas que já deixaram em nós, em algum momento do passado, nos gramados ou na vida, que tornam-se decisivas nesta escolha. Vejam o caso de Alemanha e Espanha, que ontem realizaram seu primeiro jogo oficial, em vitória germânica (2 x 1) pela Primeira Fase desta Copa do Mundo que estamos assistindo na Inglaterra. Entraram em campo sem mágoas, pois as duas primeiras vezes em que jogaram deram-se logo após o fim da Guerra Espanhola, com dois amistosos em que a Alemanha de Hitler tentou ‘dar uma força’ ao governo linha dura espanhol. Informo a vocês, queridos leitores e queridas leitoras de 1966, que sou um Viajante do Tempo, vindo do futuro, e que deixei 2022 às vésperas de uma nova disputa entre os dois países num Mundial no Catar. E posso garantir a todos que nós, brasileiros, estaremos torcendo em peso pela Espanha. Por 1 motivo simples: até lá, daqui a 56 anos, nenhuma outra seleção terá machucado tanto nossos corações de torcedores como a Alemanha. Aliás, teremos mais do que apenas 1 motivo. Serão 7!
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Sim, é isso mesmo que vocês estão presumindo: sofreremos uma derrota por 7 gols em algum momento da História das Copas, mas não darei coordenadas precisas no Tempo e no Espaço para não estragar a ‘beleza do inesperado’, ok? Mas, como ‘colher-de-chá’, revelo também a todos que, depois da goleada e antes do futuro confronto de 2022, no Oriente Médio, já teremos sido ‘vingados’ pelo espanhóis, num 6 x 0 que infringirão aos alemães em 2020, em jogo pela Liga das Nações (UEFA). Mas o equilíbrio sempre foi e será uma marca deste embate, desde os tais dois primeiros amistosos: em 1935, em Colônia (ALE), diante de 74 mil pessoas, Espanha 2 x 1; e no ano seguinte, quando a situação se inverteu, com vitória dos alemães em terras do adversário. Depois vieram dois empates e mais um triunfo da Alemanha (todos amistosos), a Grande Guerra… Até chegarmos a este primeiro jogo em Copas, ontem, em nova vitória apertada. A Alemanha, como se sabe, com novo comandante, Helmut Schön, após a saída de Sepp Herberger, à ‘Raposa’, que após quase 30 anos deu o lugar de treinador ao seu auxiliar. A Espanha, que precisava vencer para não se despedir da festa, com meio time trocado após os resultados nas primeiras rodadas: derrota (1 x 2) para a Argentina e vitória (2 x 1) sobre a Suíça. Jogadores do quilate de Paco Gento, ponta-esquerda do Real Madrid, ou o meia Luis Suárez (Inter de Milão), foram, barrados para a entrada dos jovens da geração que, há duas temporadas, conquistou a Eurocopa, como Adelardo e Carlos Lapetra. Eram “os moleques pedindo passagem!” – boa, essa! Pode0m se apropriar!
Mas não deu. Acirrando as animosidades entre os dois países nos gramados. Até 2022, já serão 25 enfrentamentos, com placar de vitórias em 9 x 8 para os alemães. Em Mundiais, já teremos assistido a mais três encontros: em 1982 (Alemanha 1 x 0), 1994 (1 x 1) e 2010, na semifinal, com novo 1 x 0, mas para os espanhóis. No Catar, portanto, terão seu quinto tira-teima. Apesar dos números equilibrados, em títulos mundiais a Alemanha chegará a 2022 com mais triunfos: quatro, contra apenas um dos rivais. Mas no Catar entrarão em campo com situações bem distintas. Os espanhóis vindo de uma goleada de 7 x 0 sobre a Costa Rica (a maior da História das Copas até lá será um Hungria 10 x 1 El Salvador, em 1982); os alemães de uma surpreendente derrota (1 x 2) para o Japão. Ou seja: novo tropeço levará a Alemanha de volta pra casa – daí o interesse especial que nós, brasileiros, teremos. Aliás, ontem também tinha ao menos um ‘brazuca’ com atenção redobrada à disputa: o árbitro Armando Marques. De olho nas faltas! Avante, ‘Fúria’!
PRA VER OS MELHORES MOMENTOS DO JOGO
https://www.ogol.com.br/video.php?id=202379
FICHA TÉCNICA
ALEMANHA 2 x 1 ESPANHA
Competição: Copa do Mundo de 1966 (Inglaterra), Primeira Fase – Grupo 2
Data: 20 de julho de 1966
Horário: 19h30 (horário local)
Local: Estádio Villa Park, em Birmingham (ING)
Público: 42.187 presentes
Árbitro: Armando Marques (BRA)
ALEMANHA: Hans Tilkowski; Horst Höttges, Karl-Heinz Schnellinger, Franz Beckenbauer e Willi Schulz; Wolfgang Weber, Wolfgang Overath, Uwe Seeler, Siggi Held; Lothar Emmerich e Werner Kraemer
Técnico: Helmut Schön
ESPANHA: José Iribar; Sanchís; Severino Reija, Ignacio Zoco e Jesús Glaría; Gallego; Josep Maria Fusté, Amancio e Marcelino Martínez; Adelardo e Carlos Lapetra
Técnico: José Villalonga
Gols: Primeiro Tempo: Josep Maria Fusté (ESP), aos 23’; Lothar Emmerich (ALE), aos 39’; Segundo Tempo: Uwe Seeler (ALE), aos 39’
Cartões Amarelos: Wolfgang Overath (ALE) e Jesús Glaría (ESP)