Bate-volta — dia 23: quem vai cair ‘de quatro’ hoje?
1930: cronista vai ver primeiro Argentina x França, finalistas hoje no Catar, e dá ‘spoilers’ sobre algarismo que acaba de entrar para a história
Quatro minutos. Será este o tempo que vocês, queridos leitores e queridas leitoras de 1930, precisarão dispor para ler esta resenha, que escrevo do Uruguai, onde se realiza a primeira Copa do Mundo de Futebol, logo após a vitória da Seleção da Argentina, ontem, sobre a França: 1 x 0. E minha precisão cronométrica não é aleatória. Quatro são os cantos de um campo de se jogar bola; quatro sempre serão os anos de intervalo entre os Mundiais; quatro será o algarismo onipresente nas muitas estratégicas de jogo que serão desenvolvidas ao longo do século, como ‘ 4-4-2’, ‘4-3-3’, ‘4-2-4’, e etc.; e quatro serão as voltas do ponteiro de minutos no relógio que, daqui a 92 anos, vão separar o Brasil de conquistar seu título de número 6 – quatro + dois, pra não perder o raciocínio. Como assim? De onde estou tirando tudo isso? Explicarei com quatro informações importantes:
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- Sou um Viajante do Tempo, que vive em 2022 e usa uma traquitana mágica para retornar ao passado, sempre a jogos memoráveis da história do Futebol;
- Em 2022 estará sendo realizada mais uma Copa do Mundo, a 22ª (2 + 2 = 4, novamente);
- A competição – que pela primeira vez se dará em dezembro, o mês 12, múltiplo de 4 – vai reunir, também de forma inédita, países dos quatro cantos do mundo na fase de oitavas-de-final (16 times jogando entre si, para se classificarem 8, tudo múltiplo de 4). E na partida final, que assistirei ao retornar ao Meu Tempo, vai pôr frente à frente os mesmos selecionados do confronto de ontem;
- E o Brasil não estará na decisão do título porque, dias antes, deixará escapar a classificação às semifinais por levar um gol quando estarão faltando apenas 4 minutos para o término da peleja. Inocência infantil, como se fosse uma criança no Futebol. De quatro anos.
Acreditem ou não, assim será. Sei que ainda são poucos entre vocês, queridos brasileiros e queridas brasileiras de 1930, que já adotaram o Futebol como seu esporte preferido, mas saibam que ainda nesta década ele se consolidará como ‘paixão nacional’. Daí não ter sido grande a repercussão da derrota brasileira (1 x 2 Iugoslávia) na estreia no certame em curso nas terras uruguaias. Assim como não vai ser após a nossa, sinto informar, eliminação que se avizinha. No futuro, revelo a todos, ergueremos cinco vezes a taça como campeões, mas não haverá derrota que não venha a deixar, além da tristeza, ‘estigmas’ no selecionado nacional. E em 2022, como adiantei, serão os tais ‘quatro minutos’.
Eram 36’ (4 x 9) do segundo tempo quando o argentino Monti assinalou o tento da vitória de ontem, em jogo válido pelo Grupo 1, o único, aliás, a ter quatro times. Ainda faltavam outros 6’ para o fim quando o árbitro brasileiro Gilberto de Almeida Rêgo, para surpresa geral, trinou seu apito e encerrou a disputa, levando os franceses à loucura. Adianto que o erro foi do ‘cronometrista’, figura à beira do campo que será abolida do esporte, mas quando se deram conta da trapalhada os torcedores argentinos já tomavam o gramado e alguns atletas, banho gelado no vestiário. Com muito esforço, retomou-se o espetáculo, mas sem que os franceses conseguissem o empate. Pouco valor terá pois, confidencio, o triunfo no Mundial caberá aos bicampeões olímpicos e donos da casa.
Revelo ainda que a final de 2022 será o quarto embate entre franceses e argentinos em Copas do Mundo, e até lá teremos mais uma vitória da Albiceleste (2 x 1, em 1978) e uma da França (4 x 3, em 2018). Curiosamente, nos dois jogos os vencedores acabarão depois sagrando-se campeões do mundo no torneio. No confronto geral – anotem –, já serão 12 jogos, com vantagem argentina (6 triunfos) e o mesmo número de empates e sucessos da França, 3. O algarismo quatro, ensina a Numerologia, está relacionado à ‘organização’ e ‘disciplina’ constantes, exatamente o que faltará ao Brasil na fatídica partida de daqui a 92 anos. Queria desenvolver o tema, mas não poderei, pois o relógio já se aproxima do marco de 4 minutos de leitura que previ e prometi. E como Viajante do futuro, sei que com o Tempo não se brinca. Que fique a lição!
FICHA TÉCNICA
ARGENTINA 1 x 0 FRANÇA
Competição: Copa do Mundo de 1930, no Uruguai – Fase de Grupos – Grupo 1
Data: 15 de julho de 1930
Horário: 16h (local)
Local: Gran Parque Central, em Montevidéu (Uruguai)
Público: 23.409
Árbitro: Gilberto de Almeida Rêgo (BRA)
Assistentes: Ulises Saucedo (BOL) e Costel Radulescu (ROM)
ARGENTINA: Bossio; Della Torre, Muttis; Juan Evaristo, Monti, Suarez; Perinetti, Varallo, Ferreira, Cherro e Mario Evaristo. Técnico: Francisco Olazar e Juan José Tramutola
FRANÇA: Thépot; Capelle, Mattler; Chantrel, Pinel, Villaplane; Liberati, Delfour, Maschinot, Laurent e Langiller. Técnico: Raoul Caudron
Gols: Segundo Tempo: Monti, aos 36’
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