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O Comentarista do Futuro ícone blog O Comentarista do Futuro Ele volta no tempo para dar aos torcedores (alerta de!) spoilers do que ainda vai acontecer

Bate-volta — dia 22: o valor de um ‘3º lugar’

Cronista vai a 1978 ver Brasil 2 x 1 Itália e adianta aos leitores da época grandes momentos dessa disputa ‘menor’ das Copas, que acontece hoje no Catar

Compreendo perfeitamente o desdém com que vocês, queridos torcedores e queridas torcedoras de 1978, tratam a vitória da Seleção Brasileira ontem, batendo a Itália (2 x 1) e conquistando o terceiro lugar do Mundial aqui na Argentina. Mas gostaria de evocar aquela ‘procuração do Diabo’ e advogar pela seguinte causa: NÃO EXISTE JOGO DE COPA DO MUNDO QUE NÃO SEJA IMPORTANTE. E afirmo isso do alto de minha peculiar visão ‘helicóptera’, por ser um Viajante do Tempo, que veio de 2022 para assistir a essa disputa pela terceira colocação e que retornará ao Século 21 para, na futura Copa do Catar – sim, no Catar, não encham meu saco! Será lá! –, repetir a dose vendo o confronto entre Croácia (país ainda a nascer na Europa) e Marrocos (jogam bola lá!). E mesmo sabendo que daqui a 44 anos ainda teremos esta falsa ideia e muitas reservas quanto ao jogo entre os derrotados nas semifinais da competição-mor do esporte. Devo estar ‘chovendo no molhado’, mas ainda é tempo de aprendermos que a ‘preliminar’ da finalíssima da Copa tem, sim, muito valor. E faz história. Por exemplo: vocês ainda não sabem mas ontem testemunhamos nada mais nada menos do que a 120ª e última atuação de Rivellino vestindo a ‘Amarelinha’. Nos embates pelo ‘bronze’ acontecerão o gol mais rápido dos Mundiais – em 2002, de um atacante da Croácia, aos 11 segundos de jogo – e lances memoráveis e singulares, entre eles os dois golaços assinalados ontem por Nelinho, nosso lateral com senóides nos pés, e Dirceu, este ‘cracaço’, infelizmente pouco reconhecido – exatamente como a conquista de ser a terceira melhor Seleção do Mundo. Injustiças do Mundo da Bola.

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A má vontade com esta partida – que é disputada desde a segunda Copa, em 1934 – será tamanha que em 2014, anotem, às vésperas do confronto, um futuro técnico da Holanda (‘Nota da Redação da Placar em 2022: Louis van Gaal) vai detonar: “Acho que esse jogo nunca deveria ser jogado. O pior de tudo é que você tem a possibilidade de perder duas vezes seguidas. Num torneio em que você jogou tão bem, acaba voltando para casa como um perdedor.” Mas quando seu time entrar em campo vai meter um 3 x 0 justamente do Brasil. E perguntem se não vai ser chato pra nós… Perder em Copa do Mundo, realizem, nunca é bom.

Há quatro anos, todos lembram, foi amargo ver o escrete tricampeão ser derrotado (1 x 0) pela Polônia na dita disputa ‘menor’ da fase final. Parece que aprendemos a lição. Ontem vimos um ‘jogaço’ – que talvez venha a ser o melhor de todos os tempos em se tratando de ‘terceiro ou quarto’ –, esse ‘Brasil x Itália’, reedição da finalíssima de 70, um dos maiores (senão o maior) clássicos do futebol mundial. Era mister vencer! Até para conseguirmos deixar a Argentina invictos e podermos eternamente nos declarar como o ‘Campeão Moral’ da Copa, expressão que nosso treinador, Coutinho, vai ressuscitar em breve, pois já foi usada pelos argentinos ao perderem para o Uruguai na final de 1930. O ‘escrete canarinho’, de fato, foi o único invicto do Mundial deste ano. Mas se não formos o primeiro, todo o resto é ‘último lugar’? Francamente… Ser campeão é tudo! Mas perder em Copa do Mundo… Jamais!

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É o tipo de argumento salvador que a gente precisa ter no bolso naquela discussão sobre futebol nos botequins do planeta, sabe? Por exemplo: em 2022, a Alemanha, mesmo atravessando fase tenebrosa, após duas eliminações precoces em Copas, poderá se vangloriar de ser o maior vencedor em partidas pela terceira colocação: quatro vitórias. Já o Uruguai, será o maior derrotado, com três fracassos no certame apontado como ‘secundário’. Toma esta, Celeste!

Saibam ainda que a vitória de ontem será a última vez que, ao menos até 2022, o Brasil sairá vencedor neste, digamos, “prêmio de consolação”. A primeira, alguns devem saber, deu-se em 1938, diante da Suécia. Adianto que outro marco é que foi essa a última partida de Copa em que a Seleção utilizou o escudo da CBD (Confederação Brasileira de Desportos). Ano que vem, podem me cobrar, será criada a CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Não é nada, não é nada… Mas história aí tem.

Saibam ainda que, pelas estatísticas do Século 21, a média de gols nesses jogos é e sempre será alta, um motivador extra aos que disputam a artilharia do Mundial. O atacante francês Just Fontaine, por exemplo, fez quatro dos seus trezes gols na Copa de 1958 neste dia, disputando o ‘terceirão’ com a Alemanha, num 6 x 3 memorável. Assim, creiam-me, a disputa pelo terceiro lugar não tem e nunca terá a mesma relevância do que um ‘Jogo das Estrelas’, um caça-níquel bacana que ainda vai se consolidar entre nós. Voltarei ao futuro ansioso por esta futura partida entre Marrocos e Croácia. E pensando: pena que o Brasil não vai estar lá…

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FICHA TÉCNICA
Copa de 1978 – Disputa pelo 3º lugar

BRASIL 2 x 1 ITÁLIA
Competição:  Copa do Mundo de 1978, na Argentina
Data: 24 de junho de 1978
Horário: 15h (local)
Local: Monumental Antonio Vespucio Liberti (Monumental
de Núñez), em Buenos Aires (Argentina)
Público: 69.659 espectadores
Árbitro: Abraham Klein (Israel)

BRASIL: Leão (Capitão); Nelinho, Oscar, Amaral e Rodrigues Neto; Batista, Toninho Cerezzo (Rivellino) e Jorge Mendonça; Gil (Reinaldo), Roberto Dinamite e Dirceu. Técnico: Cláudio Coutinho

ITÁLIA: Dino Zoff  (Capitão); Claudio Gentile, Gaetano Scirea, Antonello Cuccureddu e Antonio Cabrini; Aldo Maldera, Giancarlo Antognoni (Claudio Sala) e Patrizio Sala; Franco Causio, Paolo Rossi e Roberto Bettega. Técnico: Enzo Bearzot

Gols: Primeiro Tempo: Franco Causio, aos 38’; Segundo Tempo: Nelinho, aos 19’; e Dirceu, aos 26’

Cartões Amarelos: Nelinho (BRA), Batista (BRA) e Claudio Gentile (ITA)

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