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O Comentarista do Futuro ícone blog O Comentarista do Futuro Ele volta no tempo para dar aos torcedores (alerta de!) spoilers do que ainda vai acontecer

Bate-volta – dia 21: o que nos faz torcer pelos mais fracos

Cronista vai a 1970 ver estreia de Marrocos em Copas e dá ‘spoilers’ sobre trajetória do país africano até semifinal de hoje com a França, no Catar

O namorado da minha filha tem nome de craque, Edu, acompanha com fervor e ama futebol, mas não tem nenhum, digamos, ‘time do coração’. E justifica assim: “Torço pelo melhor, pela equipe que está jogando bonito e ganhando!” Lembrei dele ontem, enquanto assistia ao emocionante (talvez ‘comovente’) jogo em que, pela rodada de abertura da Copa do Mundo aqui no México, a poderosa Alemanha Ocidental derrotou (2 x 1) Marrocos, primeira seleção africana a disputar um Mundial desde 1934. Em geral – acredito que vocês, queridos leitores e queridas leitoras de 1970, hão de concordar – temos todos uma irresistível tendência a torcer pelo mais ‘fraco’, seja qual for a disputa de força, numa guerra que acompanhamos na TV ou em partidas de Futebol. Não sou especialista no assunto, mas deve ser algum tipo de condicionamento social e psicológico que adotamos pelo volume de mitos e relatos sobre ‘Davids’ que derrotaram ‘Golias’ nos mais diferentes campos da existência – gramados também. Ou (também) uma forma de reafirmar em nós a fé de que somos capazes de superar qualquer coisa que surja e pareça ser mais forte do que a gente. Papo cabeça… Adicionem à aparente ‘piração’ do cronista a informação de que sou um ‘Viajante do Tempo’, que vim do próximo século, 2022, para ver esta partida aparentemente sem grandes atrativos históricos. Enganam-se vocês. Deixei o futuro poucas horas antes de uma das semifinais da 22ª Copa, que terá como sede o Catar, sim, o Catar, país do Oriente Médio, uma das muitas regiões que a parte mais poderosa do Mundo ainda insiste em deixar de lado, excluída – inclusive no Futebol. Quando terminar esta resenha e retornar ao Meu Tempo, me refestelarei ao sofá como testemunha de um confronto entre o mesmo Marrocos derrotado ontem e aquela que será, daqui a 52 anos, a maior potência no esporte: a França. E imaginem pra quem vou torcer?

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Se Marrocos vier a ser campeão do mundo nessa Copa de 2022, adianto a todos que vou festejar muito, ficar – como se diz – ‘pra lá de Marrakesh’! Saibam vocês que o Mundial no Catar, em 2022, pode vir a ser um marco no entendimento universal de que existem, sim, questões inegociáveis. E que entre elas está a ‘INCLUSÃO’, plena, 360° graus. O Mundo, ou grande parte dele, já estará cansado de que, em pleno Século 21, inda persistam, digamos, ‘pecados capitais’. Daí virmos a assistir, nessa Copa do futuro, uma série de manifestações, posicionamentos e atitudes políticas, inclusivas, pelo bom senso, para o bem de todos. A própria seleção do Marrocos chegará à semifinal depois de já ter erguido a bandeira de outra nação, a Palestina, em seus jogos. Por que? Por que farão questões de declarar suas convicções ao Planeta. ‘Cabeçóide de mais, né?” ‘Péra’! Não abandona este texto não! Trago boas novas do Amanhã! A principal delas: seremos TRI aqui no México! Sim, vamos ganhar o ‘Caneco’! É nosso! E o povo mexicano vai embarcar em peso na torcida pelo Brasil. Mesmo a gente sendo os mais ‘fortes’ no Futebol. Vai entender…

As seleções africanas chegarão a 2022 com um pouco mais de respeito e espaço no Futebol. Não foi à toa que, há quatro anos, na Copa da Inglaterra, a Confederação do continente se recusou a participar, num boicote contra a manutenção de uma única vaga no Mundial para selecionados da África. E que, por determinação da FIFA, deveria ainda ser disputada com um país asiático. No Catar, o selecionado de Marrocos estará competindo sua sexta Copa do Mundo e, após derrotar equipes do ‘Olimpo’ do esporte, como Bélgica, Espanha e Portugal, se tornará o primeiro escrete da África a chegar à uma semifinal da disputa mor do Futebol. Mais ‘David’ impossível!

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O time de botão do Marrocos de 1970
O time de botão do Marrocos de 1970

Ontem também deu gosto ver os marroquinos abrirem o Placar, jogarem de igual pra igual com os altivos alemães, e perderem de virada no segundo tempo. Daqui a 16 anos, adianto a todos, Marrocos já assumirá seu papel de vanguarda, abrindo caminhos e mentes ao se classificar em primeiro lugar em seu grupo (que terá Inglaterra, Polônia e Portugal). Nas oitavas, porém, cairão novamente diante do escrete alemão, por mísero 1 x 0, gol ‘deles’ aos 42 minutos do segundo tempo. Perderão, mas cumprindo seu papel (ou sua sina). Um degrau de cada vez, certo? O patamar mais alto que alcançarão em 2022 me fará vasculhar na bagunça do meu passado pessoal uma camisa da seleção marroquina que comprarei 24 anos antes, em 1998. Por empatia, sei lá… E assim Marrocos seguirá sua jornada de quebrar – para usar uma palavra chata do futuro – ‘paradigmas’. Outra prova: com sua participação aqui no Mundial do México (ninguém percebeu, mas) Marrocos acaba se tornar o primeiro país africano a constar no álbum de figurinhas da Copa! E vocês sabem que isso tem valor!

Escretes da África passaram 36 anos fora da festa maior do Futebol por um motivo simples: a maioria era ainda dominada por algum país ‘colonizador’ do Primeiro Mundo. A propósito, o tal jogo, valendo pela semifinal na Copa de 2022, vai pôr os ‘Leões do Atlas’ (como os marroquinos são chamados) diante de um de seus colonizadores, os franceses, domínio do qual de libertaram há apenas 14 anos. Os outros países que também exploraram as riquezas de Marrocos foram a Espanha, que terá sido derrotada nas oitavas-de-final, e Portugal, que eles vencerão nas ‘quartas’. Como se vê, não se passará na Grécia, mas será uma saga de ‘herói’. Dá pra torcer pra outro time?

PARA VER OS MELHORES MOMENTOS DO JOGO 

https://www.youtube.com/watch?v=MnmjRoRpUp8

FICHA TÉCNICA
ALEMANHA 2 x 1 MARROCOS

Competição:  Copa do Mundo de 1970, no México – Fase de Grupos (Grupo 4)
Data: 3 de junho de 1970
Horário: 19h (local)
Local: Estádio León (Nou Camp), em León (MEX)
Público: 12.942
Árbitro: Laurens Van Ravens (HOL)

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ALEMANHA: Sepp Maier; Berti Vogts, Willi Schulz, Franz Beckenbauer e Horst Höttges (Hannes Löhr); Klaus Fichtel, Helmut Haller (Jürgen Grabowski) e Siggi Held; Wolfgang Overath, Uwe Seeler e Gerd Müller. Técnico:  Helmut Schön 

MARROCOS: Allal Ben Kassou; Abdallah Lamrani, Boujemaa Benkhrif, Khanoussi Moulay Idriss e Kacem Slimani; Said Ghandi, Mohamed Maaroufi, Driss Bamous (Ahmed Faras)  e Mohamed El Filali; Maouhoub Ghazouani (Abdelkader El Khiati) e Houmane Jarir. Técnico: Blagoje Vidinic

Gols: Primeiro Tempo: Houmane Jarir, aos 21’; Segundo Tempo: Uwe Seeler, aos 11’; e Gerd Müller, aos 33’

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