60 anos do bicampeonato do Santos na Libertadores
Cronista faz ‘pacote’ de viagens a 1963 e vê os dois jogos contra o Boca Juniors: o primeiro no Maraca, com apoio dos cariocas, e a vitória consagradora na Bombonera
Copa Libertadores da América! Imagino que todos vocês, queridos leitores e queridas leitoras de 1963, que estão a gastar alguns minutos do dia lendo este cronista, já ouviram falar no torneio e sabem, alguns por lerem no jornal, que o poderoso Santos do Rei Pelé está prestes a conquistar a taça pelo segundo ano consecutivo – o primeiro passo foi a vitória na noite de ontem, 3 x 2 sobre o Boca Juniors, no Maracanã. Nada demais, visto que o alvinegro santista há anos vem colecionando triunfos no Brasil e por todo o mundo. Pois saibam que daqui a 60 anos, em 2023, a Libertadores será o mais desejado e mítico troféu do futebol brasileiro, ofuscando, em importância e interesse dos clubes e torcidas, todos os campeonatos regionais e também os nacionais. E posso garantir isso por ser um comentarista do futuro, que viaja ao passado para testemunhar os principais momentos da história do Futebol. E vou provar isso até o final desta resenha, me aguardem! Deixei o Meu Tempo em meio à reta final de mais uma edição da competição continental, a poucos dias da definição das duas semifinais. Até lá, apenas outros seis times alcançarão a glória de serem bicampeões em anos seguidos na disputa. Dois deles brasileiros, e paulistanos: o São Paulo (1992 e 1993) e o Palmeiras (2020 e 2021). E vocês devem estar se perguntando: por que estou tratando o ‘Peixe’ de Pelé já como se tivesse igualado o feito do Peñarol, do Uruguai, bi em 1960 em 1961 (derrotado em 1962 pelos santistas), se ainda faltam seis dias para a segunda partida da final, em Buenos Aires? Simples: em meu ‘tour’ ao passado pelos dois jogos, assisti primeiro ao próximo embate (será 2 x 1 para o Santos, podem anotar!), recuando uma semana para então publicar este texto. Fiz como o ‘Rei’: me antecipei!
No futuro, a história registrará que no próximo dia 11, quarta-feira da semana que vem, Pelé fará uma das mais belas exibições de sua carreira, mesmo sendo caçado impiedosamente em campo, a ponto de, ao final, adianto a todos, fará um desabafo sobre a violência de seus marcadores: “Nunca, em parte alguma, me cuspiram tanto. Jogou-se duro. Golpearam-me por todos os lados. O gol da vitória foi o mais emocionante de toda a minha vida”, serão suas palavras, asseguro. O charme de ontem foi ver, mais uma vez (tem sido comum), a torcida carioca ocupar o Maracanã gritando em apoio ao Santos, e dando nova prova de que: futebol espetáculo todo mundo gosta e quer ver e aplaudir. Que bacana que foi… O protagonismo do Rei nesta conquista já ficara claro na semifinal (para a qual o clube santista foi classificado de forma direta, como manda o regulamento atual). Foram três os gols de Pelé nos 4 x 0 sobre o Botafogo, lembram, né? Pois será dele, anotem, o tento decisivo no embate em ‘La Bombonera’, o estádio do Boca, que receberá público recorde na tarde derradeira. E a vitória se dará de virada, pois os argentinos abrirão o placar no primeiro minuto do Segundo Tempo. Mas teremos Pelé. E Coutinho – autor do empate.
O jogo de ontem foi bem mais fácil. Com menos de meia hora de bola rolando, já estava 3 x 0 para o Santos, dois de Coutinho. O Boca, que este ano fez sua estreia no torneio, ainda conseguiu marcar duas vezes, mas não chegou a assustar. Vivemos mesmo uma época de ouro do ‘Peixe’! Da Libertadores do ano passado (primeira conquista de um time brasileiro na competição) até aqui, faturou o Mundial Interclubes em cima do Benfica, sua segunda Taça Brasil e o Paulistão, este com 105 gols em 30 partidas. Uma notícia, digamos, não tão boa que trago do futuro é que até 2023 os clubes do Continente que mais terão títulos na Libertadores serão argentinos (Independiente, com 7; e Boca Juniores, com 6), seguidos pelo uruguaio Peñarol (com 5) e os também argentinos River Plate e Estudiantes (com 4).
Mas os brasileiros estarão dominando as edições mais recentes da disputa, e se aproximando mais e mais das 25 conquistas argentinas (distribuídas entre 8 times), e somando já 22 triunfos nacionais, alcançados por 11 clubes do nosso Futebol, cinco deles com 3 campeonatos: São Paulo, Grêmio, Palmeiras, Flamengo e … Santos!
Sim, o Onze da Vila Belmiro voltará a sentir o gosto “da eternidade” (assim será tratada a ‘Liberta’ pela mídia esportiva no próximo Século) em 2011. Legal, não? Porém, sinto informar que toda moeda tem dois lados e daqui a 40 anos, em 2003, o mesmo Santos vencedor de ontem chegará a mais uma final da Libertadores e será derrotado – duas vezes: 2 x 0 lá; 3 x 1 em São Paulo) – adivinhem por quem? O mesmo Boca Juniors. Não é só o Futebol, mas a vida da gente é assim: uma notícia boa, uma ruim… Um momento feliz, um triste… Por isso, faça como o Rei Pelé: jogue de cabeça em pé. E antecipe-se!
Clique para ver lances e gols no jogo no Maracanã.
Clique para ver lances e gols do 2ª jogo, na Argentina.
Para saber mais sobre a Libertadores de 1963.
FICHA TÉCNICA (JOGO 1)
SANTOS 3 X 2 BOCA JUNIORS
Competição: Final da Libertadores da América de 1963
Data: 04 de setembro de 1963 (quarta-feira)
Estádio: Maracanã
Local: Rio de Janeiro (RJ), Brasil
Público: 63.376 pagantes
Renda: Cr$ 41.770.718,00
Árbitro: Marcel Albert Bois (França)
SANTOS: Gylmar; Dalmo, Mauro, Calvet e Geraldino; Zito e Lima; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe
Técnico: Lula
BOCA JUNIORS: Errea; Magdalena, Marzolini e Orlando (Silveira); Simeone e Rattin; Grillo, Rojas, Menéndez, Sanfillippo e González
Técnico: Aristóbulo Deambrosi
Gols: Primeiro Tempo: Coutinho, aos 2’ e aos 21’; Lima, aos 28’; e Sanfillippo, aos 43’; Segundo Tempo: Sanfillippo, aos 44’
FICHA TÉCNICA (JOGO 2)
BOCA JUNIORS 1 X 2 SANTOS
Competição: Final da Libertadores da América de 1963
Data: 11 de setembro de 1963 (quarta-feira)
Estádio: La Bombonera
Local: Buenos Aires, Argentina
Público: 69.482 pagantes
Renda: 16.917.300 pesos (Cr$ 135.000.000,00)
Árbitro: Marcel Albert Bois (França)
BOCA JUNIORS: Errea; Magdalena, Orlando e Simeone; Silveira e Rattin; Grillo, Rojas, Menéndez, Sanfilippo e González
Técnico: Aristóbulo Deambrosi
SANTOS: Gylmar; Mauro, Calvet e Dalmo; Zito e Geraldino; Dorval, Lima, Coutinho, Pelé e Pepe
Técnico: Lula
Gols: Segundo Tempo: Sanfillippo, a 01’; Coutinho, aos 05’; e Pelé, aos 37’