Como joga o Al Ahly, rival do Fluminense na semifinal do Mundial
Sem grandes nomes, time egípcio é organizado, aguerrido e com algumas referências técnicas, mas não tem futebol para bater de frente com o Flu
Passeou a primeira zebra no Mundial de Clubes… ou não. Será mesmo que a derrota por 3 a 1 do badalado Al-Ittihad para o egípcio Al Ahly pode ser classificada assim? Para quem viu a partida, claramente venceu a equipe mais organizada, mais trabalhadora e com melhor jogo coletivo. O time saudita de Benzema, Kanté e companhia tinha os nomes mais conhecidos, mas foi o campeão africano quem mereceu a classificação para enfrentar o Fluminense na semifinal, na segunda-feira, 18, às 15h (de Brasília).
Sem dúvida o maior clube da África, o Al Ahly está em sua nona participação no Mundial. É um time formado principalmente por jogadores experientes, entrosados e acostumados a vencer em âmbito regional. Há pouco mais de um ano sob o comando do técnico suíço Marcel Koller, a equipe sabe o que fazer em campo nas diferentes fases do jogo e, apesar de não ter nenhum atleta tecnicamente destoante, pode dificultar para adversários mais qualificados.
O jogo contra o Al-Ittihad mostrou bem isso. Os sauditas dominaram a posse de bola, mas pararam em uma marcação ajustada e inteligente dos egípcios e mal criaram chances. A estrutura básica do Al Ahly é um 4-3-3, que varia para um 4-4-2 na hora de pressionar a saída adversária, quando o meia-direita Ashour se adianta para apertar os zagueiros ao lado do centroavante Kahraba. Os pontas Tau e El Shahat também ajudam bastante no trabalho defensivo pelos lados, e o time, no geral, é aguerrido sem a bola.
Ashour, aliás, é o jogador que mais chama atenção. O meia de 25 anos é o motor do time, constantemente procurando atacar o espaço nas costas da defesa, entre o zagueiro e o lateral-esquerdo do adversário, com chegada na área e potência física. Sem bola, cobre bastante campo e volta para ajudar os outros dois meio-campistas, que têm características mais defensivas: o volante Attia trata bem a bola e ajuda os zagueiros na saída, enquanto o jovem Koka, que atua mais à esquerda, é um “cão de guarda” na marcação.
O trio de ataque é formado por três velocistas. O sul-africano Percy Tau, que joga na ponta direita, é tecnicamente o melhor do time: camisa 10 habilidoso, com boa visão e drible. Mas peca pelo uso quase exclusivo do pé esquerdo e depende demais da ultrapassagem do lateral Hany para funcionar. Do outro lado, El Shahat faz um perfil mais limitado e esforçado. O centroavante Kahraba, ponta de origem, é rápido e potente, também buscando sempre receber nas costas da zaga, mas tem pouco recurso técnico. Sempre que possível, o Al Ahly acelera o jogo para esses três, jogando de forma bastante direta, tentando chegar à área com poucos toques e contando com Ashour chegando de trás.
A linha defensiva tem bom posicionamento para defender a área, mas, à exceção de Hany, é composta de jogadores mais pesados, que sofrem no enfrentamento contra atacantes com mais espaço. O que é um problema quando o Al Ahly sobe a marcação, já que o meio-campo se adianta, mas a defesa não sobe para acompanhar. O resultado é um grande espaço entre as linhas no qual o adversário pode jogar se conseguir superar a primeira pressão. O lateral-esquerdo Maâloul, referência da seleção da Tunísia, bate bem na bola em chutes e cruzamentos, mas, aos 33 anos, escolhe bem os momentos de apoiar o ataque. Já o veterano goleiro El Shenawy, titular da seleção do Egito, é ótimo em situações de um contra um e pegou um pênalti de Benzema.
Nos poucos momentos em que teve mais a bola, o Al Ahly tentou sair jogando pelo chão, com a aproximação do volante Attia da linha defensiva. Mesmo com a pressão mal organizada do Al-Ittihad, porém, o time muitas vezes perdeu a bola ou foi forçado a lançar para frente – o que não é bom negócio, já que nenhum dos atacantes tem o perfil físico para ganhar duelos aéreos e segurar a bola. O francês Modeste, centroavante típico que poderia fazer esse papel, foi expulso nos minutos finais do jogo e não estará disponível na semifinal.
O Fluminense precisa ficar de olho? Sim, porque o Al Ahly já mostrou que sabe jogar esse tipo de duelo eliminatório contra um time tecnicamente mais refinado, defendendo-se com organização e atacando com velocidade. Mas a equipe de Fernando Diniz é bem superior ao Al-Ittihad coletivamente e deve apresentar um desafio muito maior do que os campeões africanos encararam diante do time saudita. Com uma saída de bola bem mais qualificada e uma pressão mais bem-feita na frente, o Flu é favoritíssimo para anular os pontos fortes dos egípcios e alcançar a sonhada final do Mundial.
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