Mapi León diz que não jogará Mundial e reacende polêmica na Espanha
Zagueira do Barcelona e outras atletas desde 2022 pressionam federação espanhola por 'projeto profissional' e demissão do técnico Jorge Vilda
Cotada como uma das favoritas à conquista inédita da Copa do Mundo de futebol feminino, que será disputada na Austrália e Nova Zelândia, entre 20 de julho a 20 de agosto deste ano, a seleção espanhola acumula problemas. O episódio mais recente ocorreu na última quinta-feira, 25. Em entrevista à rádio espanhola Esports Rac1, a zagueira Mapi León, do Barcelona e da seleção, revelou que não jogará competição. Ela insinuou que mudanças internas na federação não estão sendo efetivas.
“A partir de hoje não estarei na Copa do Mundo e me entristece, ganhei e merecia estar lá. Não é uma decisão tomada levianamente, mas Mapi León tem uma forma de vida e valores… Não posso voltar se não vir mudanças, e o que houve hoje é insuficiente, não as vejo”, disse a defensora espanhola.
#TuDiràs | 📢 Mapi León: "A dia d'avui no seré al Mundial, i m'entristeix: m'he guanyat ser-hi"
"No és una decisió a la lleugera, però Mapi León té una manera de viure i uns valors… jo no puc tornar si no veig canvis, i el que hi ha hagut és insuficient" pic.twitter.com/89ln3CIE16
— Esports RAC1 (@EsportsRAC1) May 25, 2023
O posicionamento evidencia ainda mais problemas no elenco que conta com grandes estrelas do futebol como Aíntana Bonmatí, Cláudia Pina, Jeniffer Hermoso e Alexia Putellas, eleita por duas vezes a melhor jogadora do mundo pela Fifa e a Bola de Ouro. Atritos entre as jogadoras e a comissão técnica tem reverberado nos bastidores,
Em setembro passado, um grupo de 15 atletas da seleção principal enviaram um e-mail para a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) contestando os resultados ruins e pressionando pela demissão do técnico Jorge Vilda, que está há oito anos no cargo. As atletas também teriam alegado lesões para não serem convocadas para os amistosos que aconteceram em outubro.
Segundo o jornal espanhol As, assinaram o documento: Ainhoa Vicente, Patri Guijarro, Lucía Garcia, Leila Ouahabi, María León, Claudia Pina, Laia Aleixandre, Ona Batlle, Andrea Pereira, Aitana Bonmatí, Sandra Paños, Amaiur Sarriegi, Lola Gallardo, Nerea Izaguirre, e Mariona Caldentey.
A informação, inicialmente privada, veio à público dias depois, com o comunicado oficial da federação. No texto, a entidade manifestou apoio ao treinador, que não foi demitido do cargo, e devido aos rumores do não desejo das atletas de serem convocadas, expressou que “contará unicamente com jogadoras comprometidas, ainda que tenha de jogar com juvenis”.
“A RFEF não vai permitir que as jogadoras questionem a continuidade do treinador e de sua comissão técnica, pois tomar essas decisões não está dentro de suas responsabilidades. A Federação não vai permitir nenhum tipo de pressão por parte de nenhuma jogadora na hora de tomar medidas no âmbito esportivo”, disse a RFEF em um dos trechos da nota.
Depois da repercussão negativa do caso, as jogadoras, incluindo a melhor jogadora do mundo na temporada, Alexia Putellas, que à época se recuperava de uma lesão e não poderia ser convocada, emitiram comunicado em conjunto nas redes sociais.
As atletas criticaram a federação por tornar pública “de forma parcial e interessada, uma comunicação privada” com informações que, segundo elas, afetavam a saúde mental. O comunicado seguiu, e as jogadoras afirmaram que não renunciaram à seleção, mas admitiram pedir para não serem convocadas naquela ocasião.
“Queremos uma aposta firme num projeto profissional em que todos os aspectos para obter o melhor desempenho de um grupo de jogadores com quem acreditamos que mais e melhores objetivos podem ser alcançados. Desejamos o melhor para a RFEF, para a Seleção Nacional Feminino e para nós em particular, sem entrar em guerras públicas.Nunca pedimos a demissão do treinador como foi referido”, escreveram em trecho da nota.
Nenhuma das atletas que participaram do boicote foram chamadas pelo técnico Jorge Vilda para os amistosos contra Suécia e Estados Unidos, em outubro passado. Em 2023, a seleção espanhola fez cinco jogos e as jogadoras seguem de fora da lista.
Campeã mundial das categorias de base (sub-17 em 2018 e sub-20 em 2022), a seleção espanhola nunca levantou o título na equipe principal. Na Copa do Mundo de 2019, acabou eliminada pelos Estados Unidos nas oitavas. Já na Euro de 2017 e 2022 parou nas quartas de final.
Com ou sem as jogadoras, fato é que a Copa do Mundo se aproxima. A Espanha integra o grupo C ao lado de Costa Rica, Japão e Zâmbia e fará sua estreia contra as costarriquenhas no dia 21 de julho.