Diretor do Palmeiras feminino é acusado de assédio moral e abuso de poder
Fontes ouvidas pelo site 'Dibradoras' apontaram diversos comportamentos inadequados do dirigente Alberto Simão; clube nega
Uma nova polêmica envolvendo os bastidores do departamento de futebol feminino do Palmeiras veio à tona na última quinta-feira, 5. Fontes ouvidas pelo site “Dibradoras” denunciaram abuso de autoridade e assédio moral e psicológico por parte de Alberto Simão, diretor executivo da equipe, que recentemente conquistou o inédito título da Libertadores feminina. Em nota oficial, emitida na manhã desta sexta-feira, o clube negou as acusações.
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A longa reportagem do site escancara relatos e acusações de fontes ligadas ao Palmeiras do comportamento abusivo de Alberto Simão dentro do clube. O diretor de futebol feminino está no clube desde 2019, quando foi contratado por Alexandre Matos, então diretor de futebol.
“O tempo que eu fiquei lá eu não desejo para ninguém”, “é um cara que não gosta de democracia”, “eu não renovaria, não tinha mentalidade para continuar”, “é um clube com nome muito forte, mas quem trabalha ali são pessoas sujas”, “ele simplesmente manipula tudo”, “estando ali dentro você aceita situações de manipulação, ele tem sempre resposta para tudo, mas tem um momento que você para de aceitar”, são algumas das denúncias feitas pelas fontes.
Segundo a matéria, as confusões envolvendo Alberto com profissionais do clube são antigas – para ser mais específica, desde 2019 quando o clube iniciou o projeto na modalidade. À época, o diretor executivo teve desentendimentos operacionais, de locação e locomoção do time, que treinava em Vinhedo, cidade no interior de São Paulo, com a então técnica Ana Lúcia Gonçalves e com a supervisora Renata Pelegatti.
Meses depois elas foram demitidas de forma surpreendente, mesmo com bons resultados em campo. As profissionais ficaram espantadas com o comportamento do diretor que se mostrava distante e autoritário nos assuntos de futebol feminino do clube.
“Ele é um cara que não gosta de democracia, ao contrário de mim. Do nada disse que não teria mais categoria de base. Eu questionei a razão, e ele me disse: ‘Porque não, porque eu não quero e nós não somos obrigados a nada”, relatou Ana Lúcia ao Dibradoras.
As fontes ouvidas pela matéria apontam ainda para festas constantes e com bebida alcoólica entre membros da diretoria e atletas, com regalias para determinadas jogadoras, e uma grave denúncia de negligência médica por parte do clube, em casos em que atletas lesionadas teriam pago do próprio bolso por atendimento adequado. Entre elas, estaria a zagueira Thais, que deixou o clube no fim do ano passado, e teria pago por conta própria tratamento para uma alergia. O Palmeiras não teria disponibilizado nem mesmo roupa específica para a atleta treinar. “Eles são bem desumanos, não pensam na pessoa, só no desempenho”, cita uma fonte cuja identidade foi preservada.
Uma das polêmicas recentes envolvendo o clube alviverde aconteceu na semifinal do Brasileirão A1, em novembro, diante do Corinthians. Atual campeão continental e do Campeonato Paulista, o Palmeiras foi à campo sem a dupla de zaga titular (Agustina Barroso e Thais Ferreira), por uma suposta briga envolvendo a braçadeira de capitão. O time acabou goleada em casa pelo maior rival. Ambas as jogadoras deixaram a equipe para a temporada de 2023.
Uma fonte relatou para a reportagem que Alberto Simão chegou a falar que Agustina teria “problemas psicológicos” e precisava procurar um psiquiatra. Outras fontes relatam que o treinador da equipe principal, Ricardo Beli, teria práticas xenofóbicas com a zagueira argentina por conta de seu sotaque.
Outro lado
Em nota, Beli rebateu as acusações e disse que “respeita absurdamente todas as minhas atletas e jamais cometeria um crime tão grave como xenofobia bem como qualquer tipo de preconceito ou desrespeito.” e completa: “os comportamentos e palavras usadas no texto são expressões que nunca saíram na minha boca e não condizem com meu perfil como profissional”, escreveu o treinador.
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Também em comunicado oficial, o Palmeiras repudiou as acusações que considerou “levianas, feitas em sua maioria por fontes anônimas, contra os profissionais do nosso time feminino de futebol, em especial o diretor Alberto Simão.”
Disse ainda que o clube “desenvolve um trabalho competente e sério com essa modalidade, como atestam as recentes conquistas da Conmebol Libertadores e do Campeonato Paulista, além da chegada de cinco novos patrocinadores ao longo da temporada de 2022”.