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Bola & Gestão ícone blog Bola & Gestão Por Manoel Flores O olhar do especialista sobre negócios e tendências do mercado do futebol. Afinal, é uma paixão que movimenta bilhões!

Um ‘barato’ promissor no futebol brasileiro

O ano de 2023 será importante para responder se as SAFs podem mesmo entregar um êxtase permanente a duas das maiores torcidas do país

Futebol é coisa de maluco! Pense bem. Você torce pra uma equipe, paga ingresso e vai aos jogos na esperança de uma vitória. Quando a vitória vem, fica tudo lindo, você volta pra casa feliz e no dia seguinte, o que mudou na sua vida? Nada! O que mudou na vida do seu clube? Quase sempre nada! E tanto você quanto seu clube aguardam a próxima rodada ou confronto pra renovar essa esperança, para buscar o próximo triunfo. É uma constante espera por algo maior, mas que na maioria das vezes é preenchida por pequenos êxitos, por poucos momentos de euforia. E tudo volta a ser como era antes. É uma espécie de droga, das mais viciantes, com picos de êxtase e muita “bad trip” intercalada. O torcedor sofre na busca por esse “barato” momentâneo, de algumas horas. Acontece que tem no mercado algo que promete ser mais forte, mais duradouro. Uma “onda” que promete durar mais e levar a torcida ao delírio, com efeito, quiçá, permanente. É a onda das SAFs!

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No dia 6 de agosto de 2021 foi aprovada a Lei da SAF, que para sempre mudará a estrutura do futebol brasileiro. É muito cedo pra avaliar se a esperança dos torcedores por dias melhores e felicidade mais duradoura será realmente entregue. O que se observa de fato são modelos distintos, estratégias diversas, investimentos robustos (quase sempre) e resultados desportivos ainda em início de evolução. Tomaremos como exemplo os dois clubes que estão na Série B do Campeonato Brasileiro, Vasco e Cruzeiro. A equipe de Minas Gerais já garantiu seu lugar na Série A do ano que vem e o time cruzmaltino está muito próximo de conquistar o seu acesso.

Ambas as torcidas, apaixonadas, sofreram como nunca nos últimos anos. Mesmo assim, o processo de transformar esses clubes em SAF não foi dos mais tranquilos. A resistência de alguns setores desses clubes foram entraves no início dessas operações. De todo modo, hoje essas equipes conseguiram investidores dispostos a resgatar o orgulho dessas imensas torcidas e o resultado desportivo, até esse momento, é de sucesso. Curioso, no entanto, observar as diferenças entre esses dois projetos. O Cruzeiro conta com o investimento de um ídolo do clube, identificado com a torcida, que possui outro projeto semelhante na Espanha. O Vasco, por sua vez, foi adquirido por um fundo com vasta experiência internacional, com uma carteira de investimento em outros três clubes mundo afora, e que faz um trabalho de imersão para entender e abraçar a torcida vascaína. São dois projetos que começaram bem, mas o que o futuro reserva? O que podemos esperar dessas equipes na Série A? 

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Sabemos que a Série A é uma competição muito difícil, onde um orçamento robusto para montagem de elenco é peça chave para o sucesso. Ambas as equipes, segundo sites especializados, trabalharam com orçamentos semelhantes na Série B – Cruzeiro com R$ 3 milhões e Vasco, R$ 3.5 milhões por mês de folha. Atestam que para ser competitivo um clube de Série A deva possuir folha que gira em torno dos R$ 10 milhões por mês. Abaixo disso passaria a ser um risco. Quanto maior, melhor. Saber contratar é uma ciência e o trabalho de garimpo deverá ser muito bem feito pelos profissionais que ali estão. De qualquer forma, a pergunta reside no fôlego financeiro desses investidores. O tempo pra novas receitas até o início do campeonato de 2023 é muito curto, os recursos apesar de chamarem atenção em um primeiro momento, são limitados e devem ser distribuídos ao longo de muitos anos. Além disso, ambos possuem a mesma deficiência com relação ao seu estádio, uma fonte importante de receita. São questões a resolver.

As respostas não virão agora e não existe uma receita de bolo. Ano que vem promete ser o ano de consolidação de muitas SAFs que iniciaram suas operações em 2022. Importante, no entanto, é observar o entusiasmo do torcedor. Se as SAFs vieram pra garantir o bem-estar da torcida no médio pra longo prazo, só saberemos nos anos por vir. O fato é que esse “barato” já encantou duas das maiores torcidas do Brasil e o efeito foi imediato.

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