2023, um ano em busca de respostas
Futebol brasileiro passa por um momento decisivo, e os próximos meses serão fundamentais para ditar o futuro do esporte no país
O ano começou pegando fogo no Brasil. Impossível não se indignar com o que ocorreu no último domingo em Brasília. 2023 será um ano fundamental para que o país busque sua estabilidade política a fim de conseguirmos finalmente pensar nas pautas relevantes para o crescimento do país. Nunca foi tão urgente a necessidade de uma pacificação nacional. Mas se engana quem pensa que apenas a política está em ebulição neste início de 2023. O futebol brasileiro passa por um momento decisivo também e este ano irá ditar o futuro do esporte mais amado pelos brasileiros.
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Começamos pela eliminação na Copa do Mundo. A expectativa era monstruosa. Confesso não ter visto, em uma Copa do Mundo, um grupo mais coeso, engajado, apaixonado. Nossos atletas e comissão técnica estavam em sintonia e nossas principais estrelas se entregaram de corpo e alma para alcançar o maior dos objetivos. Infelizmente, a Copa do Mundo se decide em detalhes, ou melhor, em um contra-ataque faltando quatro minutos para o término da partida. Uma pena.
Tínhamos a melhor equipe. Passado o Mundial, fica a pergunta sobre quem será o novo técnico da Seleção Brasileira. Mas esse não é o único desafio. Os contratos de transmissão nacional, internacional e operacional de amistosos e eliminatórias findou em 2022 e as mudanças que ocorreram no último ciclo serão grandes entraves para a preparação da nossa Seleção para as Copas do Mundo que virão. A consolidação da Nations League na Europa, a criação no novo mundial de clubes, a Copa com 48 seleções a partir de 2026 e o calendário internacional cada vez mais limitado terão consequências diretas na valorização dos dois produtos: amistosos e eliminatórias. Conseguir adversários de alto nível e valores comerciais relevantes para amistosos serão enormes desafios. Quando se trata de eliminatórias, a ampliação das vagas destinadas para a América do Sul, para seis no total, fará com que o torneio perca muita atratividade, especialmente para mercados como Brasil e Argentina. Serão quatro anos sem precedentes na história da nossa Seleção. Se reinventar é preciso.
Quando o assunto é o mercado interno de clubes, 2023 será o ano mais decisivo da história do nosso futebol. A consolidação da SAFs constituídas em 2022 e o surgimento de novas serão movimentos relevantes a se observar. No entanto, o ano será da criação da Liga. Importante lembrar que os atuais contratos de TV dos clubes terminam ao final de 2024. Se a Liga quiser começar com o pé direito deverá ser constituída e iniciar sua formatação, estruturação e incursões ao mercado de mídia ainda em 2023. Ou seja, tudo deveria se resolver ainda no primeiro trimestre. Acontece que hoje temos dois projetos de liga em curso, a LFF e a Libra. Ambas possuem propostas relevantes e divergem quando o assunto é a distribuição do recursos.
A união não é impossível mas exigirá uma visão estratégica e um cuidado com o produto que não é comum no mercado nacional. Está em jogo o equilíbrio técnico, a competividade e a atratividade a médio e longo prazo do futebol brasileiro. Temos tudo pra competir no cenário internacional, mas para isso precisamos consolidar um modelo justo para todos e não faltam benchmarks pelo mundo para termos como referência. Os dirigentes que hoje comandam nossos clubes têm uma responsabilidade histórica em mãos. Qualquer deslize pode ser fatal.
Isso é o que 2023 nos reserva. Um ano que começa em busca de respostas, estabilidade, planejamento e muitos desafios. É um ano que ditará o rumo do nosso país, seja no âmbito político ou calçando chuteiras. Otimismo, boa vontade e muito trabalho serão ingredientes fundamentais para este que será o primeiro ano do resto das nossas vidas. VIVA 2023!