Kairat e Pafos se enfrentam nesta terça-feira, 21, às 13h45 (de Brasília), no Central Stadium, em Almaty, pela terceira rodada da fase de liga da Champions League. O duelo entre o time cazaque, atualmente no último lugar, e a equipe cipriota, que ocupa o 32º lugar, tem o ingrediente especial de ser um encontro entre dois estreantes desta edição.
Jogando em casa, os cazaques buscam o primeiro ponto somado no estágio principal da competição. Nesta temporada, foi goleado duas vezes, sofrendo 4 a 1 do Sporting e, mais recentemente, 5 a 0 do Real Madrid.
Como visitante, o Pafos conquistou seu primeiro ponto na estreia, quando empatou com o Olympiacos, em 0 a 0. Já na segunda rodada, foi atropelado por 5 a 1 diante do Bayern de Munique.
Kairat, estreante com peso da história
Fundado em 1954 como Lokomotiv Alma-Ata, o clube surgiu em um contexto de União Soviética. No ano seguinte, passou a se chamar Urozhay Sports Society, como uma equipe dos trabalhadores rurais da região.
Em 1956, um decreto do governo local uniu o clube à Sociedade Esportiva Voluntária Republicana. Essa medida precedeu a escolha de um novo nome e, após votação em um conselho público, o nome atual foi escolhido após sugestão de Dinmukhamed Kunaev, líder do Cazaquistão Soviético.
Kairat, em português, significa “coragem” ou “força”. E, assim, em 1959, passou a disputar as ligas de futebol da União Soviética, tornando-se por muito tempo o representante do país nas principais divisões da grande URSS, o que até hoje confere o apelido de “Time da Nação”.

Na porção oriental do Cazaquistão, a cidade do Kairat tem belas construções e paisagens naturais – Wikimedia Commons
Durante todo o período soviético, teve sua melhor campanha na primeira prateleira realizada em 1986, quando foi sétimo colocado. Porém, na Soviet First League, a segunda divisão da época, ficou com o título em duas ocasiões: 1976 e 1983.
A equipe de Almaty, com a independência do Cazaquistão da URSS, em 1991, passou a disputar a elite do campeonato da nova nação. Em 1997, no entanto, após rebaixamento, uma crise foi instaurada, culminando na divisão do time em dois: Kairath SHPFC e Kairat-CSKA, que aceitou se tornar um braço apoiado pelo estado militar.
Contudo, a separação foi curta e durou apenas até 2001. Assim, somando a história das duas frentes, o Kairat atualmente tem 10 títulos da Copa do Cazaquistão (torneio no qual é o maior campeão) e quatro troféus do Campeonato do Cazaquistão.

Goleiro do Kairat foi essencial na classificação – Divulgação / Kairat
Casa do Kairat e destino do exílio de Leon Trotsky após expulsão determinada por Joseph Stalin, Almaty é uma cidade na região oriental do Cazaquistão, a apenas 250 quilômetros da China. Com mais de 2.200.000 de habitantes, é o maior munícipio do país e foi a capital entre 1867 e 1997, até o ex-presidente Nursultan Nazarbayev transferir o centro político para Astana.
Os grandes destaques da equipe são o zagueiro Egor Sorokin, o meia português Jorginho e os atacantes Dastan Satpaev e Edmilson. O técnico Rafael Urazbakhtin está no clube desde 2o23 e assumiu o cargo de técnico principal em setembro de 2024.
O jovem Pafos
Fundado recentemente, em 2014, o Pafos FC é um clube jovem no cenário europeu. Surgiu da fusão de dois times tradicionais da região de Pafos, o AEP Paphos e o AEK Kouklia, visando criar uma equipe mais forte e competitiva que representasse o distrito na primeira divisão do Chipre.
Essa união conseguiu a um desejo antigo da cidade: ter um clube capaz de se manter estável na elite do futebol cipriota, algo que as anteriores não haviam conseguido de forma mais extensa.
No seu escudo, traz a figura de Evagoras Pallikarides, um herói local, poeta e combatente da independência cipriota, nascido na região. Essa homenagem simboliza a conexão do time com a história e o orgulho de Pafos, reforçando o apelo emocional junto à comunidade.

Pafos elimina o Maccabi Tel Aviv nas Eliminatórias da Champions – Divulgação / PAFOS
Em sua temporada de estreia o clube disputou a segunda divisão, conquistou o acesso imediato como vice-campeão e estreou na primeira divisão já no ano seguinte. Se manter na elite, contudo, foi mais difícil. Em 2015/16, o Pafos terminou nas últimas colocações e foi rebaixado.
Mas tudo mudou em 2017, o Pafos FC entrou em uma era de investimento e crescimento acelerado. A chegada de investidores internacionais, o empresário Roman Dubov, nascido na Hungria e de origem russa, e seu parceiro Sergey Lomakin, marcou um ponto de virada para o clube.
Em 2017, a equipe conquistou o acesso e desde então, não caiu mais, deixando de lado o rótulo de “time ioiô”. Poucos anos depois, os resultados começaram a aparecer, o clube quebrou a hegemonia tradicional de gigantes do Chipre como APOEL, Omonia e Anorthosis.
Os resultados apareceram quando, em maio de 2024, o Pafos levantou a Copa do Chipre, seu primeiro título de grande porte. Na temporada seguinte (2024/25), sagrou-se campeão cipriota pela primeira vez em sua história.

Olympiacos e Pafos fizeram jogo pela Champions – EFE/EPA/GEORGIA PANAGOPOULOU
A equipe está sediada na cidade de Pafos, situada na costa sudoeste do Chipre. Com aproximadamente 35 mil habitantes na cidade e cerca de 90 mil em todo o distrito, Pafos é a quarta maior cidade do país, atrás da capital Nicósia e dos polos de Limassol e Larnaca.
Apesar de pequena, a cidade possui grande importância histórica e cultural. Pafos é conhecida como a lendária terra natal de Afrodite, a deusa grega do amor e da beleza, cujo culto na antiguidade estava centrado na região.
Comandado pelo espanhol Juan Carlos Carcedo, a equipe tem em seu elenco o brasileiro David Luiz, que tem sido reserva. Além dele, há também Pedrão (ex-Cruzeiro), Bruno (ex-Olympiacos), Jajá (ex-Cruzeiro) e Anderson Silva (ex-Guarani) no plantel.