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A mesma essência: os primeiros títulos de Fernando Diniz, em 2009

Campeão carioca pelo Fluminense, treinador de 49 anos conquistou com o modesto Votoraty os primeiros troféus da carreira, já com seu estilo inconfundível

Coragem, persistência e uma boa dose de convicção são adjetivos que descrevem bem a trajetória de Fernando Diniz. Aos 49 anos, 14 como treinador, o comandante do Fluminense conquistou no último domingo, 9, o principal título de sua carreira, o Campeonato Carioca; mas se engana quem pensa que este foi o primeiro. Em 2009, no modesto Votoraty, do interior de São Paulo, Diniz levantou duas taças e já era conhecido exatamente pelos mesmos motivos de hoje.

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Expulso no primeiro jogo da final do estadual, ele não acompanhou à beira do gramado a atuação maiúscula do Fluminense na goleada por 4 a 1 sobre o Flamengo, desfazendo a vantagem do rival e selando o 33ª título do Tricolor, em pleno Maracanã. 

Ao apito final do árbitro, porém, apareceu em campo para comemorar com os jogadores, visivelmente eufórico e emocionado. “Sou uma pessoa mais contida, mas como treinador sou espontâneo para caramba, por isso que viraliza. Fiz o que meu coração mandou, não tinha jeito de me parar”, explicou sorridente em entrevista coletiva já nesta segunda-feira, 10.

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Diniz é treinador há 14 anos e há pelo menos seis comanda equipes da elite do futebol nacional. Antes de surpreender no Audax, em 2016, quando levou a equipe à final do Campeonato Paulista, já chamava atenção pelo espírito competitivo e paternalista nos clubes no início da carreira. 

O primeiro trabalho como técnico foi pelo clube da cidade de Votorantim, de pouco mais de 120.000 habitantes no interior de São Paulo. Um ano após se aposentar dos gramados, aos 34 anos, estudioso, mas ainda inexperiente, Diniz foi campeão da Série A3 do Campeonato Paulista e da Copa Paulista de 2009. 

“Muita gente falava: olha o time de louco. Não tinha zagueiro, uma hora o lateral estava no ataque. Não tinha posição. A gente atacava e recompunha para não tomar gol. Às vezes ganhavamos de 5 e perdíamos de 5. E isso acontece até hoje, quando não dá certo. Éramos o time de loucos”, relembra a PLACAR o ex-lateral Marcos Aurélio, que trabalhou com Diniz também no Atlético Sorocaba.

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“Teve um jogo que tomamos o gol e achei que a culpa não foi minha. Ele fez uma reunião no outro dia me esculachando e nessa época não tinha vídeo. Ele arrumou no dia seguinte um DVD e mostrou para o grupo: ‘quem é esse cara aqui marcando?’. Todos riram, era eu mesmo”, completa o ex-jogador. 

Diniz comemora ao lado da família
Diniz comemora ao lado da família

Na final da Copa Paulista a equipe precisava reverter a desvantagem de 2 a 1 construída pelo Paulista no primeiro jogo. “A partida era no domingo e na quinta fomos jogar um futevôlei escondido. Ele (Diniz) queria matar a gente. ‘Se vocês não ganharem o jogo vocês estão f….’, diz o ex-lateral. Sem decepcionar o treinador, a equipe conseguiu a surpreende virada: 5 a 1 no placar. 

Para o ex-jogador, se tem uma coisa que não mudou em Diniz em mais de uma década desde a primeira conquista como técnico é a vontade de ajudar os atletas dentro e fora de campo: “Diniz era um psicólogo, está preocupado em formar caráter. Ele queria saber por que um jogador estava para baixo. Ele não se conformava enquanto não ajudasse a pessoa, enquanto não fosse na casa para levar uma cesta básica”. 

“Ele concentrava com a gente, ficava no meio dos jogadores. Não ficava só de palavras. Nosso time amava pagode, sempre tocava no nosso vestiário. E ele adora porque escutava com a gente, vivia isso também. Ele acha que a música interfere muito na nossa vida, naquilo que somos. Só vivendo para entender realmente quem é o Diniz”, completa.

Conhecido pela sensatez nas entrevistas à imprensa e por combater veemente o vício do “imediatismo” de resultados no futebol brasileiro, Fernando Diniz ganhou espaço, mais projeção, e se antes faltava título expressivo, agora não falta mais.

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