Em VEJA desta semana, o técnico tricampeão olímpico fala sobre seu relacionamento com as atletas e as promessas que paga após ouro em Londres
Quais promessas o senhor já pagou?
Fiz o Caminho de Santiago de Compostela, que já tinha feito em 2003. Desta vez fui com minha mulher e percorremos 150 quilômetros na semana passada. Agora só falta visitar o Nosso Senhor do Bonfim, na Bahia.
Isso tudo é religião ou superstição?
Sou religioso, rezo todos os dias. Mas um pouco de superstição não faz mal. Na Olimpíada de Barcelona, em 1992, saí para jantar e o garçom era corcunda. Um amigo me avisou que meu pedido se realizaria caso eu tocasse na corcunda dele. Neste ano, em Londres, vi um corcunda assim que desembarquei. Não perdi tempo e dei um jeito de tocar nele. O ouro veio nas duas vezes.
Qual o seu segredo para ser campeão com homens e mulheres?
Até farei algumas palestras, de tanto que me perguntam isso. É tudo uma questão de tratamento. Com os homens, sou mais direto, resolvo com pouca conversa. Já com as meninas, é preciso ter mais cuidado. Elas ficam com os hormônios em ebulição, são mais emotivas. Então converso mais, sento-me para ouvi-las. Como é durante os treinos? Os caras são calados. Quando muito, zoam sobre o time de futebol do outro. Já elas falam sete mil palavras por dia. Então preciso chamar mais a atenção, pedir foco. Além disso, na TPM as mulheres ficam mais sensíveis à luz e à voz alta, por isso é preciso ser mais delicado.
O relacionamento dentro do time também muda?
Doze homens podem ser amigos entre si. Entre elas, é difícil que isso aconteça. É que elas reparam mais nas coisas, ficam atentas a detalhes de roupa, cabelo, bolsa, unha, sapato. Tudo é motivo para pequenos conflitos. Existem alguns homens que são ligados nesses assuntos também, mas a maioria não é.