Ministro não quis dizer se votaria em Nuzman, mas defendeu a renovação entre os dirigentes. Para ele, o presidente do COB deveria falar sobre furto de dados
“Acho que é necessário que os pontos obscuros sejam esclarecidos”, pediu o ministro do Esporte, ressaltando que “a sociedade precisa saber o que aconteceu em Londres”
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, deu pistas de que o governo federal está insatisfeito com Carlos Arthur Nuzman, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e também do comitê organizador da Rio-2016. Em um evento realizado na noite de quarta-feira, no hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, Aldo se negou a dizer se votaria na reeleição de Nuzman caso participasse do pleito no COB. Nuzman concorre à reeleição (sem oponentes) no mês que vem. Além de defender abertamente a alternância de poder entre os cartolas do país, o ministro também disse esperar explicações de Carlos Arthur Nuzman sobre o escândalo do furto de dados dos computadores de Londres-2012 pelos representantes da Rio-2016. Na avaliação dele, os comunicados oficiais divulgados pelo comitê organizador da Olimpíada do Rio não esclarecam todas as dúvidas que cercam o caso, revelado na semana passada.
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Em entrevista publicada na edição de VEJA da semana passada, o ministro já tinha pedido o fim dos mandatos quase intermináveis dos cartolas. De acordo com ele, “é preciso limitar o tempo de mandato dos dirigentes a três ou quatro anos, com direito a apenas uma reeleição”. “Democratização e profissionalismo são as palavras-chave”, afirmou na ocasião. Na noite de quarta, ele voltou a sustentar essa posição. “Defendo, por princípio, que as entidades ligadas ao esporte fariam um bem ao próprio esporte se estabelecessem limites de tempo e de mandatos. Espero construir com todas as entidades essa ideia, pois acho que seria bom para o país. Isso aumentaria sua credibilidade, seu prestígio e seu valor diante dos promotores e patrocinadores dos eventos.” Nuzman preside o COB desde 1995, sem interrupções. Ao contrário do que ocorreu nas últimas Olimpíadas e Copas (confira no quadro abaixo), o Brasil tem cartolas que ocupam ao mesmo tempo o comitê organizador e o comitê olímpico ou confederação.
Ano | Evento | COMITê organizador | COMITÊ ou Federação Local |
---|---|---|---|
2012 | Olimpíada de Londres | Sebastian Coe | Colin Moynihan |
2010 | Copa da África do Sul | Danny Jordaan | Kirsten Nematandani |
2010 | Olimpíada de Vancouver | John Furlong | Marcel Aubut |
2008 | Olimpíada de Pequim | Liu Qi | Liu Peng |
2006 | Copa da Alemanha | Franz Beckenbauer | Theo Zwanziger |
2006 | Olimpíada de Turim | Valentino Castellani | Giovanni Petrucci |
2004 | Olimpíada de Atenas | Gianna Angelopoulos-Daskalaki | Minos Kyriakou |
2002 | Copa da Coreia e Japão | Yun-Taek Lee e Yasuhiko Endo | Chung Mong-joon e Shuni Okano |
2002 | Olimpíada de Salt Lake City | Mitt Romney | Marty Mankamyer |
2000 | Olimpíada de Sydney | Sandy Hollway | John Coates |
1998 | Copa da França | Michel Platini | Claude Simonet |
1998 | Olimpíada de Nagano | Eishiro Saito | Hironoshin Furuhashi |
1996 | Olimpíada de Atlanta | William Porter Payne | LeRoy T. Walker |
Leia no Radar on-line, por Lauro Jardim:
Um dos argumentos que a cúpula da Rio-2016 usa para afastar qualquer pedido de explicações do governo sobre o furto de informações confidenciais do comitê Londres 2012 por dez funcionários do comitê brasileiro é o de que como não há verba pública na Rio 2016, não há explicações a dar para Brasília. Independentemente de ser um argumento que despreza a opinião pública, não chega a ser 100% verdadeiro: todo o eventual déficit da Rio 2016 será coberto pelo governo federal. E o comitê já avisou que em meados de 2013, o primeiro déficit quase que certamente aparecerá.
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