Museu do Índio será transformado em Museu Olímpico
Esporte
Museu do Índio será transformado em Museu Olímpico
Prédio que cederia lugar a um estacionamento do novo Maracanã não será mais demolido. Mas os índios serão obrigados a deixar o local de qualquer maneira
1/29 Indígenas discutem com policiais durante a desocupação da aldeia Maracanã, no RJ (Vanderlei Almeida/AFP/VEJA)
2/29 Indígenas discutem com policiais durante a desocupação da aldeia Maracanã, no RJ (Vanderlei Almeida/AFP/VEJA)
3/29 Indígenas discutem com policiais durante a desocupação da aldeia Maracanã, no RJ (Vanderlei Almeida/AFP/VEJA)
4/29 Manifestantes e policiais entram em confronto após saída de índios de museu (Vanderlei Almeida/AFP/VEJA)
5/29 Manifestantes e policiais entram em confronto após saída de índios de museu (Vanderlei Almeida/AFP/VEJA)
6/29 Reintegração de posse da aldeia Maracanã, no RJ (Antonio Lacerda/EFE/VEJA)
7/29 Reintegração de posse da aldeia Maracanã, no RJ (Alexandre Vieira / Agência O Dia/VEJA)
8/29 Reintegração de posse da aldeia Maracanã, no RJ (Vanderlei Almeida/AFP/VEJA)
9/29 Reintegração de posse da aldeia Maracanã, no RJ (Pilar Olivares/Reuters/VEJA)
10/29 Índios gritam dentro do Museu do Índio durante a chegada da polícia para a desepropriação do local, no Rio de Janeiro (Pilar Olivares/Reuters/VEJA)
11/29 Reintegração de posse da aldeia Maracanã, no RJ (Tânia Rêgo/ABr/VEJA)
12/29 Policiais do Batalhão do Choque reprimem manifestação durante a madrugada (Antonio Lacerda/EFE/VEJA)
13/29 Policiais do Batalhão do Choque reprimem manifestação durante a madrugada (Felipe Dana/AP/VEJA)
14/29 Indígenas ocupam antigo Museu do Índio (Vanderlei Almeida/AFP/VEJA)
15/29 Antigo Museu do Índio tem paredes descascadas e teto com pedaços de madeira soltos (Reginaldo Pimenta / Agência O Globo./VEJA)
16/29 Munido de um arco e flecha, um indígena guarda a entrada do antigo Museu do Índio, no Maracanã (Vanderlei Almeida/AFP/VEJA)
17/29 Índio sopra fumaça do interior do Museu do Índio (Vanderlei Almeida/AFP/VEJA)
18/29 Salas do antigo Museu do Índio, na Avenida Maracanã, não têm portas (VEJA/VEJA)
19/29 Desativado há 30 anos, local onde funcionava Museu do Índio manteve apenas a moldura das janelas (VEJA/VEJA)
27/29 Maracanã: reforma aproximará torcedores do campo (Lucas Landau/VEJA)
28/29 Obras do Maracanã, no Rio de Janeiro, em setembro de 2012 (Daniel Basil/Ministério do Esporte/Divulgação/VEJA)
29/29 Reforma do Estádio do Maracanã durante preparativos para a Copa 2014 (08/11/2012) (Sergio Moraes/Reuters/VEJA)
Centro de uma disputa entre o governo do estado e a Defensoria Pública da União, o Museu do Índio passará por uma reforma. A possibilidade de demolir o prédio para abrir espaço a um estacionamento do novo Maracanã está totalmente descartada. Mas isso está longe de representar uma vitória para os indígenas que tomaram o prédio localizado ao lado do estádio. De qualquer forma, eles serão obrigados a deixar o lugar, que será transformado em Museu Olímpico do Rio de Janeiro.
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O anúncio foi feito na tarde desta quarta-feira pelo governador Sérgio Cabral, no encerramento da quarta visita oficial da Comissão de Coordenação do Comitê Olímpico Internacional (COI) para os Jogos de 2016. De acordo com Cabral, a reforma do edifício ficará a cargo da concessionária que vencer a disputa para administrar o Maracanã. O edital de licitação, adiantou ele, será publicado até segunda-feira – quando o governo já deve identificar uma nova área no entorno para receber a área do estacionamento.
O trabalho não será fácil. Em visita ao local em janeiro passado, a reportagem do site de VEJA constatou a degradação. Nas paredes, há infiltrações, rachaduras, manchas de mofo. No teto de madeira, há buracos. As janelas têm apenas a moldura. Os vidros já se foram faz tempo. As portas não existem mais, apenas grandes retângulos para a passagem de uma sala a outra. Em um dos espaços do casarão, há barracas de camping, onde ficam, principalmente, os não-índios – sobretudo jovens.
Ainda segundo o governador, o conteúdo e toda a gestão do espaço reservado para a memória olímpica ficará sob responsabilidade do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). “É um sonho antigo ter um Museu Olímpico no Rio”, declarou Cabral, acrescentando que a decisão partiu de uma sugestão do presidente COB, Carlos Arthur Nuzman. Os índios terão de se contentar com o museu dedicado a eles e efetivamente em atividade, situado em Botafogo, Zona Sul da cidade.
Defensoria – Em nota, a Defensoria Pública da União, que representa os indígenas, afirmou não ter sido comunicada oficialmente sobre a reforma do Museu do Índio e disse que a proposta vai de encontro ao que vem sendo pleiteado desde o início. “O governo do Rio sempre se mostrou contraditório no trato da questão. A princípio, queria demolir; depois, tombar o prédio pela importância histórica indígena; e agora quer transformá-lo em um museu com finalidade totalmente destoante da memória indígena”, criticou o defensor público federal Daniel Macedo, titular do 2º Ofício de Direitos Humanos e Tutela Coletiva da DPU/RJ e responsável pelas ações relacionadas ao caso que tramitam na Justiça Federal.
Ainda de acordo com o defensor, o tombamento é necessário para preservar “os fatos indígenas memoráveis” que ocorreram naquele imóvel. “A construção de um Museu Olímpico vai na contramão da destinação natural que surgiria com o tombamento. Esse projeto repentino deixa claro o posicionamento do governo de fulminar com tudo que aquele prédio representa.” Macedo enfatiza também que qualquer tentativa de descaracterizar esse patrimônio será objeto de Ação Civil Pública.
Atrasos – Questionado sobre outro tema delicado – os prazos das obras – Cabral enfatizou que o Comitê demostrou-se satisfeito. “Mas é claro que, no detalhe, há cobranças de um ou outro equipamento, de um ou outro cronograma”, declarou Cabral. O prefeito Eduardo Paes não amenizou tanto, e chegou a dizer que “todos os prazos” são problemáticos. “A gente tem uma tarefa difícil, cobrança permanente, muita responsabilidade. Têm um monte de questões ainda pendentes. É sempre uma tarefa árdua. Não tem vida tranquila”, declarou.
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Justiça – Pouco antes da reunião de encerramento do COI, um oficial de Justiça entregou à presidente da Comissão de Coordenação do Comitê, a marroquina Nawal El Moutawakel, uma notificação informando que a área prevista para abrigar o campo de golfe está sendo disputada judicialmente. A queda de braço é entre a Elmway Participações e o empresário Pasquale Mauro, proprietário de outras regiões na Barra da Tijuca – e com quem a prefeitura do Rio iniciou as negociações.
Para Paes, a notificação não prejudica a construção do campo de golfe. “Qualquer pessoa pode fazer uma notificação judicial dizendo: ‘Estou brigando’. Eu mandaria uma matéria do jornal, seria mais fácil. Não tem uma decisão concreta tomada. Você tem um proprietário, e outro que diz que é o dono e quer brigar por isso. O que ele fez foi só trazer a notificação judicial para dizer que está brigando pela área.”