‘Se apanhou, foi por algum motivo’, diz advogado de vândalo preso no Rio
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‘Se apanhou, foi por algum motivo’, diz advogado de vândalo preso no Rio
Escalado para defender torcedor da Força Jovem do Vasco, Eduardo Piragibe usa a lógica das organizadas e tenta justificar a selvageria na Arena Joinville
Thyago Almeida Rosa da Silva de Oliveira, de camiseta vermelha, foi preso na favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro
A prisão dos vândalos que participaram da pancadaria na Arena Joinville deveria servir de exemplo para os envolvidos com as torcidas organizadas no Brasil. Infelizmente, não é o que parece acontecer com uma parte dos torcedores no Rio de Janeiro. Escalado para defender um dos vândalos que estava na torcida do Vasco na partida com o Atlético-PR, no último dia do Campeonato Brasileiro de 2013, o advogado Eduardo Piragibe saiu-se com a seguinte tese, na última quinta-feira: “Se o torcedor (do Atlético-PR) apanhou, foi por algum motivo”.
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Piragibe deu sua declaração – e sua visão sobre o que aconteceu no trágico domingo em que quatro pessoas ficaram feridas – na Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deat), para onde foi levado o torcedor Thyago Almeida Rosa da Silva de Oliveira, preso na manhã de quinta-feira na favela do Jacarezinho. Oliveira foi acusado pela promotoria junto à 1ª Vara Criminal de Joinville pelos crimes de incitação à violência, associação criminosa e dano ao patrimônio público. Ele teve prisão preventiva decretada pela Justiça.
“A posição dele foi se defender. Não praticou excessos”, disse Piragibe, tentando justificar a atitude de seu cliente, flagrado trocando agressões nas arquibancadas da Arena Joinville. Vinte torcedores foram presos até o momento, dos 28 mandados de prisão expedidos. O advogado disse, no entanto, que não teve acesso aos documentos de acusação e que ainda pretende usar a alegação de “legítima defesa” para tentar a liberdade provisória do cliente.
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1/17 Briga de torcedores durante partida entre Atletico PR x Vasco, válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro, realizada no Arena Joinville (Carlos Moraes/Agencia O Dia/Reuters/VEJA)
2/17 Torcedor ferido após briga entre torcidas na partida entre Atlético-PR e Vasco, válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro 2013, na Arena Joinville (Heuler Andrey/Agif/Folhapress/VEJA)
3/17 Briga de torcedores durante partida entre Atletico PR x Vasco, válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro, realizada no Arena Joinville (Joka Madruga/Futura Press/VEJA)
4/17 Torcedor do Atlético PR, espancando por vascaínos, é atendido pelo helicóptero da Polícia Militar, após briga entre torcidas durante a partida entre Atlético PR e Vasco válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro 2013 no Estádio Arena Joinville (Joka Madruga/Futura Press/VEJA)
5/17 Briga de torcedores durante partida entre Atletico PR x Vasco, válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro, realizada no Arena Joinville (Geraldo Bubniak/Fotoarena/VEJA)
6/17 Torcedor ferido após briga entre torcidas na partida entre Atlético-PR e Vasco, válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro 2013, na Arena Joinville (Cleber Yamaguchi/Eleven /Folhapress/VEJA)
7/17 Briga de torcedores durante partida entre Atletico PR x Vasco, válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro, realizada no Arena Joinville (Giuliano Gomes/Folhapress/VEJA)
8/17 Briga de torcedores durante partida entre Atletico PR x Vasco, válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro, realizada no Arena Joinville (Joka Madruga/Futurapress/Estadão Conteúdo/VEJA)
9/17 Briga de torcedores durante partida entre Atletico PR x Vasco, válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro, realizada no Arena Joinville (Carlos Moraes/Agencia O Dia/Reuters/VEJA)
10/17 Torcedor do Atlético PR é espancando por vascaínos durante briga entre as torcidas em partida válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro 2013 no Estádio Arena Joinville (Heuler Andrey/AFP/VEJA)
11/17 Briga de torcedores durante partida entre Atletico PR x Vasco, válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro, realizada no Arena Joinville (Geraldo Bubniak /Fotoarena/Folhapress/VEJA)
12/17 Torcedor do Atlético PR é espancando por vascaínos durante briga entre as torcidas em partida válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro 2013 no Estádio Arena Joinville (Heuler Andrey/AFP/VEJA)
13/17 Briga de torcedores durante partida entre Atletico PR x Vasco, válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro, realizada no Arena Joinville (Geraldo Bubniak/Fotoarena/VEJA)
14/17 Briga de torcedores durante partida entre Atletico PR x Vasco, válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro, realizada no Arena Joinville (Geraldo Bubniak/Fotoarena/VEJA)
15/17 Briga de torcedores durante partida entre Atletico PR x Vasco, válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro, realizada no Arena Joinville (Carlos Moraes/Agencia O Dia/Reuters/VEJA)
16/17 Briga de torcedores durante partida entre Atletico PR x Vasco, válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro, realizada no Arena Joinville (Albari Rosa/Gazeta do Povo/Futura Press/VEJA)
17/17 Briga de torcedores durante partida entre Atletico PR x Vasco, válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro, realizada no Arena Joinville (Geraldo Bubniak/Fotoarena/VEJA)
Pela lógica do defensor, “só não houve mortes” graças à atuação dos torcedores do Vasco da Gama. “Se parte de integrantes de torcida organizada não tivesse atuado junto à torcida do Atlético-PR, hoje poderiam estar indo a velório de pessoas. Infelizmente, aconteceu o que aconteceu. Houve excesso, como a questão da barra de ferro. Mas no caso dele (Thyago), não”, afirmou Piragibe.
O advogado diz que Oliveira atuou para se defender e que aplicou apenas um soco no rosto de um rapaz. “A torcida do Atlético Paranaense está sempre indo para frente (nas imagens), tentando a invasão. Não houve a segurança, que era responsabilidade do Atlético-PR. A pessoa que teve de cuidar da própria segurança é responsabilizada por isso. Os verdadeiros culpados devem estar nesta hora assistindo à televisão”, declarou ainda o advogado.
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Para evitar alegações de que uma torcida organizada foi mais punida do que outra, os delegados envolvidos na operação evitaram discriminar quais detidos pertenciam a cada agremiação. E também ressaltaram que a alegação de legítima defesa não servirá para atenuar o caso de quem aparece cometendo excessos. “Se a conduta não era necessária para se defender, o acusado responderá pelo crime que praticou. Dependendo do excesso, os torcedores podem até ser enquadrados em tentativa de homicídio”, disse o delegado Alexandre Braga, da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que coordenou as prisões na capital fluminense.