E eu continuo aqui na Granja Comary, aviário-sede da CBF, Confederação Brasileira de Frango. Como todos os meus dezessete leitores e meio (não esqueçam do anão!) estão cansados de saber, fui contratado a peso de ouro por VEJA para cobrir a Copa mesmo sem entender nada de futebol. Esse glorioso órgão da imprensa golpista sabe […]
E eu continuo aqui na Granja Comary, aviário-sede da CBF, Confederação Brasileira de Frango. Como todos os meus dezessete leitores e meio (não esqueçam do anão!) estão cansados de saber, fui contratado a peso de ouro por VEJA para cobrir a Copa mesmo sem entender nada de futebol. Esse glorioso órgão da imprensa golpista sabe que eu, Agamenon Mendes Pedreira, sou o jornalista que mais cobriu Copas do Brasil, desde a primeira delas, a Copa da Grécia, ainda no tempo de Aristóteles, Sócrates e Raí.
A Fifa (Federação Internacional de Falcatruas Arrojadas) generosamente me hospedou no galinheiro da granja onde vivem as penosas que são a base da alimentação de nossos craques aqui em Teresópolis. O galinheiro é patrocinado pela Sadia e, às vezes, quem aparece por aqui são o Felipão e o Murtosa pra gravar mais um comercial. Na verdade, a presença de galinhas e outros animais em Copas do Mundo é bastante comum. Veados, burros, toupeiras e antas costumam frequentar Mundiais em diferentes funções, como jogador, técnico, jornalista, cartola e cronista especializado.
Agora que Felipão liberou o sexo na concentração, ninguém mais dorme na pacata e bucólica Granja Comary. As frias noites da serra agora são palco de tórridos treinamentos coletivos e individuais, com e sem bola! Perto das safadezas que estão rolando na concentração, a construção dos estádios no Brasil é pinto. E, por falar em pinto, um famoso jogador botou na rede uma selfie em que exibe orgulhoso as dimensões avantajadas do seu futebol.
Meus colegas de jornalismo achavam que eu tinha morrido e que não estaria presente nesta Copa do Brasil. Vocês precisavam ver a cara de espanto e decepção dos jornalistas desportivos quando me viram adentrando o gramado, exibindo orgulhoso o meu lustroso crachá falsificado. A cada Copa do Mundo aumenta a quantidade de ex-jogadores de futebol que se tornaram comentaristas e jornalistas de imprensa. A vida é injusta: o jogador de futebol, quando fica velho, vira jornalista, mas o jornalista, quando envelhece, coitado, não pode virar jogador de futebol.
Agamenon Mendes Pedreira é ponta esquerda da direita golpista
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