Rafaelson e a primavera do futebol no Vietnã

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Có hy vong. Assim se escreve ter esperança em vietnamita. Mas, se o assunto é futebol, o nome da esperança é Rafaelson Bezera Fernandes, brasileiro de Pirapemas, cidade de 18 000 habitantes, a 190 quilômetros de São Luís. Um cidadão do mundo, que fez base no Vitória, foi para o Bahia, depois para Vegalta Sandai, no Japão, em seguida o Naestved BK da Dinamarca, até chegar ao Nam Dinh, do Vietnã, onde sua carreira atingiu o auge.

Nguyen Xuan Son é seu novo nome. Foi escolhido pelo presidente do Nan Dinh quando Rafaelson se naturalizou vietnamita. “Ele me trata como um filho. Tenho o sobrenome da família dele”, diz Rafaelson, de 28 anos, a grande esperança do Vietnam para crescer no futebol.

Todos esperam pela sua volta ao futebol, depois de fraturar a tíbia na final da Copa do Sudeste da Ásia, em 3 de janeiro, contra a Tailândia. Saiu aos 34 minutos, mas os dois gols que fez no primeiro temo garantiram o título para o Vietnã. Agora, a seleção se prepara para enfrentar o Nepal dia 13 de outubro pelas Eliminatórias da Copa da Ásia, que se realizará em 2027. “Estou me sentindo muito bem, na fase de recuperação muscular, logo vou treinar com bola e voltarei 100%”.

Rafaelson, ídolo brasileiro do futebol vietnamita – DIVULGAÇÃO NAMDING

Os números de Rafaelson são impressionantes. Antes de se contundir, ele havia feito sete gols pelo Nan Dinh no campeonato do Vietnã. E anotado sete gols. Mesmo fora por bom tempo, foi o artilheiro do time na competição. E o prêmio veio logo: teve seu contrato renovado até 2031. “Me sinto em casa no Vietnam, meus dois filhos nasceram aqui e quero ajudar muito o meu time e a seleção”.

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Desde o início na seleção, mostrou sua importância. Estreou fazendo dois gols contra Mianmar. Terminou a Copa do Sudeste da Ásia como artilheiro, com sete gols em quatro jogos. Foi escolhido como MVP da competição. Em março, foi eleito o Esportista do Ano no Vietnã.

Ele foi escolhido pelos governantes do Vietnam para fazer parte da comitiva que recepcionou o presidente Lula, que visitou o país de 25 a 27 de abril. “Poucas pessoas na vida têm a oportunidade de conhecer o presidente do seu país. É uma oportunidade única, estive com ele e também com o presidente do Vietnã. Foi uma honra muito grande.”

Desde 2020 no país, Rafaelson não teve problemas com adaptação. Não é do tipo que fica com saudades da comida da terrinha. “Aqui tem todo tipo de comida nos restaurantes, coisa do mundo todo. Da comida local, a que eu mais gosto se chama bun cha”. O bun cha é uma carne de porco gordurosa e grelhada, servida sobre um prato de macarrão de arroz branco. É temperada com ervas.

No hospital, artilheiro do Nam Dinh recebeu o apoio de colegas de seleção vietnamita – Divulgação

Rafaelson e a esposa são evangélicos e se dão muito bem em um país predominantemente budista. “Existe o maior respeito pelas diferenças. Sempre demonstramos nossa fé em Jesus Cristo e somos respeitados, assim como respeitamos a fé deles.

Xuan em vietnamita significa primavera, o que deixa Rafaelson mais contente ainda. “Além de significar primavera, eles dizem que é um nome que dá sorte. Fico muito feliz porque escolheram um nome desses para mim. Espero sempre retribuir.”

A verdadeira primavera do Vietnam seria chegar à Copa do Mundo de 1930. É muito difícil, mas com um centroavante que tem um nome que dá sorte….”