Entidade que rege o futebol mundial usou o Mundial de Clubes para estreitar ainda mais os laços com o presidente americano — que, no entanto, não compareceu à cerimônia em Nova York
As relações entre o presidente da Fifa, Gianni Infantino, e o presidente americano Donald Trump estão cada vez mais estreitas. Na última segunda-feira, 7, a entidade que rege o futebol mundial inaugurou um escritório de representação na Trump Tower, na Quinta Avenida, em Nova York.
Donald Trump não apareceu no evento, mas foi representado por seu filho, Eric Trump. O ex-atacante brasileiro Ronaldo foi outra atração do encontro que exibiu o troféu do Mundial de Clubes, a menos de uma semana da decisão no Metlife Stadium, em Nova Jersey.
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O jornal New York Times destacou a aproximação de Infantino e Trump nos últimos meses. “O chefe da FIFA, Gianni Infantino, passou o último ano forjando laços cada vez mais fortes com Trump, visitando a Casa Branca e a base do presidente na Flórida, Mar-a-Lago, em diversas ocasiões, além de acompanhá-lo em uma recente excursão ao Golfo, uma viagem que Infantino priorizou em vez do congresso anual da Fifa no Paraguai, em maio”, lembrou o principal diário dos EUA.
Antes de abrir um escritório de representação na Trump Tower, a Fifa também montou uma sede em Miami, visando a operação do Mundial de Clubes e da Copa do Mundo de 2026.
“A Fifa é uma organização global e, para ser global, é preciso ser local, é preciso estar em todos os lugares, então precisamos estar em Nova York, não apenas para o Mundial e para a Copa do Mundo do ano que vem. Precisamos estar em Nova York também no que diz respeito à localização dos nossos escritórios”, justificou Infantino. A Trump Tower, um arranha-céu de 58 andares, foi inaugurado em 1983 e ajudou o empresário e atual presidente americano a se tornar uma celebridade.
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“É fato que recebemos um grande apoio do governo e do presidente, por meio da força-tarefa da Casa Branca, para o Mundial de Clubes e para a Copa do Mundo no ano que vem”, discursou Infantino, ao lado de Eric Trump, que disse estar “honrado e entusiasmados com tudo o que a Fifa vem fazendo.”
A amizade com Trump tem feito Infantino contrariar, de certa forma, o mantra da Fifa de desassociar ao máximo a política do esporte. Durante o Mundial, o dirigente suíço-italiano chegou a levar a comitiva da Juventus à Casa Branca, em evento marcado por situações constrangedoras para os atletas da equipe italiana.
🇺🇸Ahora, Trump habla a la televisión sobre el conflicto entre Iran e Israel con el plantel de la Juventus de fondo. pic.twitter.com/qJRJRxspGo
— Fútbol y Política (@FutboliPolitica) June 18, 2025
Apesar do constante envolvimento dos EUA nos conflitos no Oriente Médio e no Leste Europeu, Infantino manteve discurso conciliador. “É muito importante mostrarmos que as pessoas podem se unir em uma atmosfera pacífica e celebrar juntas a beleza do jogo.”
O New York Times lembrou “memórias institucionais infelizes da Trump Tower”, em relação à Fifa, pois era lá que residia o falecido Chuck Blazer, chefão do futebol nos EUA que se tornou o maior delator do caso Fifagate, que abalou o futebol mundial e derrubou uma série de dirigentes em 2015.
“Blazer, aliás, tinha dois apartamentos no arranha-céu de 58 andares, um para ele e outro para seus gatos. E ele não era o único membro desonrado do antigo regime a residir lá, já que o presidente da CBF, José Maria Marin, estava mantido em prisão domiciliar por sua participação no escândalo de corrupção da Fifa”, lembrou o NYT.