Por que Acerbi, da Inter, negou convocação da seleção italiana

O zagueiro Francesco Acerbi, da Inter de Milão, pediu dispensa da seleção italiana, confirmou nesta segunda-feira, 2, o técnico da Azzurra, Luciano Spalletti.

O jogador de 37 anos, que no sábado participou da goleada por 5 a 0 sofrida pela Inter na final da Champions League diante do PSG, se negou a integrar o grupo da Itália para as partidas contra Noruega e Moldávia, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026.

“Acerbi não respondeu à convocação. Ele repensou o que aconteceu em torno dele. Eu tinha o chamado pelo que ele tinha mostrado nesse período, mas recebi nesta manhã uma mensagem que explicava essa decisão. Respondi e telefonei para ele. O que dizer? Vamos em frente, há muitos jogadores que merecem”, argumentou Spaletti.

“Ele já tinha manifestado algumas dúvidas, e é verdade que chegamos ao fim da temporada sem fôlego. Não é fácil fazer estas convocações”, completou o treinador, que disse que não pode “se dar ao luxo” de ficar lamentando a decisão de Acerbi.

Mas por que Acerbi pediu dispensa?

Os motivos que levaram o veterano a dizer não ao chamado de Spaletti tem a ver com o próprio treinador. Em março de 2024, o jogador da Inter de Milão foi cortado de uma convocação em virtude de uma acusação de racismo feita pelo brasileiro Juan Jesus, do Napoli.

“Acerbi disse-me ‘vai embora negro, você é apenas um negro’. “, afirmou Juan Jesus na ocasião. Em nota, a federação italiana de futebol (FIGC) disse que ouviu de Acerbi que “não houve intenção difamatória”, mas que a comissão optou por desconvocá-lo em nome da “serenidade necessária à seleção nacional e ao próprio jogador”.

Juan Jesus e Acerbi: italiano pediu desculpas em campo ao brasileiro do Napoli / Reprodução

O motivo maior da mágoa com Spaletti, no entanto, tem a ver com uma declaração do treinador em março deste ano, quando ele se irritou ao ser questionado sobre a a ausência do defensor interista.  “Você sabe quantos anos Acerbi tem?”, esbravejou Spaletti.

Acerbi, que foi um dos destaques da Inter na campanha da Champions League, e já superou câncer e alcoolismo, usou as redes sociais para justificar sua dispensa: “Não busco álibis ou favores, exijo respeito. E se falta esse respeito por parte de quem deveria liderar um grupo, então prefiro me afastar”, escreveu.

“Esta é a minha decisão, e como disse hoje de manhã, não é definitiva nem ditada pela raiva, nem muito menos pela “depressão” por uma final da Champions perdida, mas apenas pela necessidade de dar um passo atrás”, completou.

Buffon critica Acerbi

Um ídolo do futebol italiano, o ex-goleiro Gianluigu Buffon, atua chefe da delegação da Azzzurra, fez duras críticas à decisão de Acerbi. “Um jogador de futebol não diz apenas ‘não’ a Spalletti. Ele diz não a algo ainda maior, que é a Itália”, afirmou Buffon.

“Temos a honra de poder representar a Itália por um certo período de nossas vidas. No fim das contas, figuras como eu e Spalletti, como todo treinador e dirigente antes, são transitórias”, complementou o ex-goleiro, campeão mundial em 2006.

A Itália ocupa o grupo I das Eliminatórias da Uefa e estreia nesta sexta-feira, 6, contra a Noruega, fora de casa, a partir das 15h45 (horário de Brasília). Três dias depois, na segunda-feira, 9, recebe a Moldávia, em Régio da Emília.

Confira a nota de Acerbi na íntegra

“Depois de profunda consideração, informei hoje o CT (corpo técnico) que não vou aceitar a convocação para a seleção nacional. Não é uma escolha que tomei leve porque vestir a camisa azul sempre foi uma honra e orgulho para mim. No entanto, senti que, à luz dos acontecimentos recentes, as condições para continuar este caminho pacificamente não existem hoje. Não busco álibis ou favores, exijo respeito. E se falta esse respeito por parte de quem deveria liderar um grupo, então prefiro me afastar.

Não sou de segurar convocação, sempre dei tudo, mas não fico onde não sou mais desejado e claro que não faço parte do projeto do CT. Esta é a minha decisão, e como disse hoje de manhã, não é definitiva nem ditada pela raiva, nem muito menos pela “depressão” por uma final da Champions perdida, mas apenas pela necessidade de dar um passo atrás.

Desejo o melhor para a Seleção Nacional e como os meus companheiros: continuarei a torcer por eles com o mesmo apego que sempre mostrei em campo”.

 

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