Cor inédita fere estatuto da CBF; camisa 2 da seleção será azul
'Os uniformes obedecerão às cores existentes na bandeira', diz documento da entidade

A ideia de fazer o a seleção brasileira jogar a próxima Copa do Mundo com o uniforme 2 diferente das cores tradicionais surgiu na última quinta-feira, 24, e causou alvoroço entre os torcedores nas redes sociais. Mas, de cara, a proposta contraria o próprio estatuto da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Uma fonte consultada por PLACAR que viu os protótipos apresentados pela fornecedora de material esportivo Nike para as camisas 1 e 2 da Copa 2026 garantiu que as cores são amarela e azul respectivamente. Nada além do tradicional. Ainda assim, os tons variam como acontece praticamente todos os anos.
O site especializado Footy Headlines foi quem primeiro publicou a informação de que o conhecido uniforme azul seria substituído por uma cor diferente das que estão na bandeira. Em uma arte produzida pela própria publicação, tons de laranja ao rosa foram apresentados.
Ainda assim, por mais que a proposta passe por uma nova aprovação, não significaria que as cores, em tese mais atrativas aos jovens, seriam essas. A apuração apenas garante que a cor, ainda a ser divulgada, sairá da usual paleta de azul, branco e verde. O uniforme 1, amarelo, segue intocável. Contatada via assessoria de imprensa, a Nike não respondeu até o fim da reportagem.
Mudança na cor da camisa fere estatuto
De acordo com o estatuto da CBF, o capítulo “Dos Símbolos” prevê que a alteração só pode ser realizada em jogos festivos e não para a próxima Copa do Mundo por exemplo. Em junho de 2023, no auge das atitudes racistas contra Vini Jr., o Brasil fez um amistoso na Espanha em que utilizou uma camisa preta. O uniforme foi utilizado apenas no primeiro tempo contra Guiné.
“Os uniformes obedecerão às cores existentes na bandeira da CBF e conterão o emblema […] podendo variar de acordo com exigências do clima, em modelos aprovados pela Diretoria, não sendo obrigatório que cada tipo de uniforme contenha todas as cores existentes na bandeira e sendo permitida a elaboração de modelos comemorativos em cores diversas, sempre mediante aprovação da Diretoria”, diz o estatuto.

As camisas oficiais para a Copa que acontece no México, Estados Unidos e Canadá deve ser divulgada só em março do ano que vem, três antes do Mundial.
História da camisa azul na seleção
A camisa azul da seleção brasileira foi usada pela primeira vez em Copas do Mundo, na Suécia, em 1958. E deu muito certo. Como os anfitriões também jogavam de amarelo, a Fifa obrigou que o Brasil entrasse em campo com outra cor. A partir daí, como conta a história, foi uma correria contra o tempo.
A delegação saiu às ruas de Estocolmo, onde a seleção estava hospedada, e comprou em uma loja especializada um kit com 22 camisas azuis. Na noite anterior à final, o massagista Mário Américo e o médico Francisco Alves foram os encarregados a costurar e bordar o escudo da CDB (atual CBF) e os números no novo fardamento.
Zagallo, Vavá (duas vezes) e de Pelé (duas vezes) fizeram os gols do primeiro dos cinco títulos mundiais da seleção brasileira por 5 a 2.
Outras seleções
Nos últimos anos, a seleção brasileira foi uma das poucas que resistiu aos uniformes monocromáticos, com meiões, shorts e camisas de uma única cor, com uma equipe de uniforme claro e outra de escuro. A ideia da Uefa da Eurocopa e da Fifa em suas competições vai além da estética, atendendo a um pedido que facilitaria a identificação dos times por pessoas daltônicas. Dessa forma, por exemplo, o Brasil jogaria como mandante com camisa amarela, calcão amarelo (que anteriormente chegou a ser pensado pela Nike) e meiões amarelos.
Para fugir de tons que podem não agradar, as marcas experimentaram modelos mais extravagantes. Entre as seleções que usam Adidas, a Alemanha jogou de rosa e a Bélgica de azul claro. Já os que vestem Nike, o exemplo mais concreto foi o de Portugal, com a camisa 2 representando os azulejos do país.